segunda-feira, 18 de abril de 2011

Sem contribuição militante, haverá um PCdoB real e outro virtual

Em intervenção especial para o 7º Encontro Nacional de Questões do Partido, o secretário de Finanças do PCdoB, Vital Nolasco, declarou neste sábado (16) que os comunistas ainda não desenvolveram a cultura de contribuir regularmente para a estruturação partidária. Segundo Vital, a adesão dos filiados e mesmo dos dirigentes aos canais de financiamento do PCdoB “é baixa demais”.



O partido tem, basicamente, três fontes de recursos: o Fundo Partidário, a colaboração de amigos e a contribuição militante. É nesta última que uma limitação do PCdoB vem à tona. Na prática, o artigo 9 do Estatuto — que estabelece a obrigatoriedade das contribuições de seus filiados — é ignorado.

A criação do Sincom (Sistema Nacional de Contribuição Militante) e da Carteira Nacional do Militante ajudou a organizar uma política de finanças partidária. “Foi, sem dúvida, uma vitória”, diz Vital. Há cerca de 1.600 contribuintes — “ou quase 2 mil, em época de conferências”. Esse número, no entanto, representa apenas 14% dos mais de 11 mil dirigentes do PCdoB em todos os níveis — nacional, intermediário e de base.



“É necessário e urgente mudarmos este quadro, sob pena de termos um partido real e outro virtual. A contribuição financeira estreita os laços da militância com o partido e cria outra cultura política”, frisa Vital. Segundo ele, as carências ficaram ainda mais em evidência em 2012 — ano em que o PCdoB pretende fazer uma grande festa para comemorar seus 90 anos e disputar eleições majoritárias em diversas capitais e cidades médias nas eleições municipais.
“Para garantir sua atuação, o partido necessita de recursos materiais. O militante não se deu conta de que dele depende, em boa medida, a estruturação material e financeira do partido”, afirma o secretário. É preciso ter condições não só para sustentar campanhas eleitorais mais ousadas — mas também para garantir a atuação do partido no conjunto dos movimentos — na luta social. O risco é pôr a perder todo o protagonismo alcançado pelos comunistas nos últimos anos.

De São Paulo,
André Cintra

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