sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Lula em Paris: imprensa sabuja dá vexame

Por Ricardo Kotscho


Por que Lula e não Fernando Henrique Cardoso, seu antecessor, para receber uma homenagem da instituição?


lula paris Lula em Paris: imprensa sabuja dá vexame

Começa assim, acreditem, com esta pergunta indecorosa, a entrevista de Deborah Berlinck, correspondente de "O Globo" em Paris, com Richard Descoings, diretor do Instituto de Estudos Políticos de Paris, o Sciences- Po, que entregou o título de Doutor Honoris Causa ao ex-presidente Lula, na tarde desta terça-feira.
Resposta de Descoings:
"O antigo presidente merecia e, como universitário, era considerado um grande acadêmico (...) O presidente Lula fez uma carreira política de alto nível, que mudou muito o país e, radicalmente, mudou a imagem do Brasil no mundo. O Brasil se tornou uma potência emergente sob Lula, e ele não tem estudo superior. Isso nos pareceu totalmente em linha com a nossa política atual no Sciences- Po, a de que o mérito pessoal não deve vir somente do diploma universitário. Na França, temos uma sociedade de castas. E o que distingue a casta é o diploma. O presidente Lula demonstrou que é possível ser um bom presidente, sem passar pela universidade".

A entrevista completa de Berlinck com Descoings foi publicada no portal de "O Globo" às 22h56 do dia 22/9. Mas a história completa do vexame que a imprensa nativa sabuja deu estes dias, inconformada por Lula ter sido o primeiro latino-americano a receber este título, que só foi outorgado a 16 personalidades mundiais em 140 anos de história da instituição, foi contada por um jornalista argentino, Martin Granovsky, no jornal Página 12.


Tomei emprestada de Mino Carta a expressão imprensa sabuja porque é a que melhor qualifica o que aconteceu na cobertura do sétimo e mais importante título de Doutor Honoris Causa que Lula recebeu este ano. Sabujo, segundo as definições encontradas no Dicionário Informal, significa servil, bajulador, adulador, baba-ovo, lambe-cu, lambe-botas, capacho.

Sob o título "Escravocratas contra Lula", Granovsky relata o que aconteceu durante uma exposição feita na véspera pelo diretor Richard Descoings para explicar as razões da iniciativa do Science- Po de entregar o título ao ex-presidente brasileiro.

"Naturalmente, para escutar Descoings, foram chamados vários colegas brasileiros. O professor Descoings quis ser amável e didático (...). Um dos colegas perguntou se era o caso de se premiar a quem se orgulhava de nunca ter lido um livro. O professor manteve sua calma e deu um olhar de assombrado(...).


"Por que premiam a um presidente que tolerou a corrupção", foi a pergunta seguinte. O professor sorriu e disse: "Veja, Sciences Po não é a Igreja Católica. Não entra em análises morais, nem tira conclusões apressadas. Deixa para o julgamento da História este assunto e outros muito importantes, como a eletrificação das favelas em todo o Brasil e as políticas sociais" (...). Não desculpamos, nem julgamos. Simplesmente, não damos lições de moral a outros países.

"Outro colega brasileiro perguntou, com ironia, se o Honoris Causa de Lula era parte da ação afirmativa do Sciences Po. Descoings o observou com atenção, antes de responder. "As elites não são apenas escolares ou sociais, disse. "Os que avaliam quem são os melhores, também. Caso contrário, estaríamos diante de um caso de elitismo social. Lula é um torneiro-mecânico que chegou à presidência, mas pelo que entendi foi votado por milhões de brasileiros em eleições democráticas".
No final do artigo, o jornalista argentino Martin Granovsky escreve para vergonha dos jornalistas brasileiros:


"Em meio a esta discussão, Lula chegará à França. Convém que saiba que, antes de receber o doutorado Honoris Causa da Sciences Po, deve pedir desculpas aos elitistas de seu país. Um trabalhador metalúrgico não pode ser presidente. Se por alguma casualidade chegou ao Planalto, agora deveria exercer o recato. No Brasil, a Casa Grande das fazendas estava reservada aos proprietários de terra e escravos. Assim, Lula, silêncio por favor. Os da Casa Grande estão irritados".


Desde que Lula passou o cargo de presidente da República para Dilma Rousseff há nove meses, a nossa grande imprensa tenta jogar um contra o outro e procura detonar a imagem do seu governo, que chegou ao final dos oito anos com índices de aprovação acima de 80%.


Como até agora não conseguiram uma coisa nem outra, tentam apagar Lula do mapa. O melhor exemplo foi dado hoje pelo maior jornal do país, a "Folha de S. Paulo", que não encontrou espaço na sua edição de 74 páginas para publicar uma mísera linha sobre o importante título outorgado a Lula pelo Instituto de Estudos Políticos de Paris.
Em compensação, encontrou espaço para publicar uma simpática foto de Marina Silva ao lado de Fernando Henrique Cardoso, em importante evento do instituto do mesmo nome, com este texto-legenda:


"AFAGOS - FHC e Marina em debate sobre Código Florestal no instituto do ex-presidente; o tucano creditou ao fascínio que Marina gera o fato de o auditório estar lotado".


Assim como decisões da Justiça, criterios editoriais não se discute, claro.

Enquanto isso, em Paris, segundo relato publicado no portal de "O Globo" pela correspondente Deborah Berlinck, às 16h37, ficamos sabendo que:


"O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi recebido com festa no Instituto de Estudos Políticos de Paris - o Sciences- Po _, na França, para receber mais um título de doutor honoris causa, nesta terça-feira. Tratado como uma estrela desde sua entrada na instituição, ele foi cercado por estudantes e, aos gritos, foi saudado. Antes de chegar à sala de homenagem, em um corredor, Lula ouviu, dos franceses, a música de Geraldo Vandré, "para não dizer que eu não falei das flores.


"A sala do instituto onde ocorreu a cerimônia tinha capacidade para 500 pessoas, mas muitos estudantes ficaram do lado de fora. O diretor da universidade, Richard Descoings, abriu a cerimônia explicando que a escolha do ex-presidente tinha sido feita por unanimidade".

Em seu discurso de agradecimento, Lula disse:


"Embora eu tenha sido o único governante do Brasil que não tinha diploma universitário, já sou o presidente que mais fez universidades na história do Brasil, e isso possivelmente porque eu quisesse que parte dos filhos dos brasileiros tivesse a oportunidade que eu não tive".


Para certos brasileiros, certamente deve ser duro ouvir estas coisas. É melhor nem ficar sabendo

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Pés na cozinha

Por Walter Hupsel

O ex-presidente Lula recebeu o titulo de Doutor Honoris Causa pelo Instituto de Ciência Política de Paris, a Sciences Po. Um titulo honorífico que é concedido por instituições de ensino respeitadas àqueles que, de certa maneira, fizeram algo que as instituições acreditem ser relevante.

E a Sciences Po julgou que Lula fez algo de relevante e mereceu o título. Muita gente e instituições pelo mundo têm o mesmo julgamento. "O cara", como já foi chamado, foi homenageado em dezenas de lugares ao redor do mundo. Mas uma parte da imprensa brasileira não vê motivo. Eles enxergam vários problemas do governo Lula e nenhum mérito.
Valorizar é, por definição, uma ação subjetiva e, como tal, pessoal e intransferível. Se ela, esta parte da imprensa, não vê valores positivos no governo Lula, mais do que normal. Entretanto, como bem retratou o jornal argentino Página 12, a imprensa daqui se portou como escravocrata.

As perguntas que questionavam a escolha do ex-presidente do Brasil para o título de Honoris Causa foram, no mínimo, rudes. Como alguém que se orgulha da falta de educação formal pode ser Doutor Honoris Causa? Como pode laurear alguém que chamou Kaddafi de "irmão"?

Além de mostrar total desconhecimento da homenagem (Honoris Causa é honraria, oras, e não um título de mérito acadêmico), mostraram também ignorância sobre política. Afagos, fotos, sorrisos para a câmera e gentilezas, além é claro dos interesses, fazem parte da política interna e externa. Chamamos isso de realpolitik (procurem por fotos do mesmo Kaddafi com Clinton, Condoleeza Rice, Sarkozy e perceberão o tamanho da ignorância da pergunta)

Eu vou além. Não foram apenas ignorantes e rudes. Foram também um misto de arrogância e daquilo conhecido como "complexo de vira-lata". Uma repórter do Globo questionou do por quê escolherem Lula e não FHC. Se os dados econômicos e sociais não falassem por si, e se a pergunta não demonstrasse a escancarada preferência política da repórter, a indagação do jornal ansiava por um endosso da Sciences Po ao príncipe da sociologia e poliglota FHC, como se dissesse: este merece ser homenageado por vocês, ter seu trabalho reconhecido, um grande presidente, cultíssimo e que, como brasileiro, tem um pé na cozinha.

Questionava, portanto, aquilo que é subjetivo e, ao mesmo tempo, pediam um carimbo parisiense de "aprovado" ao ex-presidente-sociólogo, afinal o que é gringo é sempre melhor que o que é nacional, tupiniquim.

Um pé na cozinha não foi suficiente para a laurear FHC. Não foi a honraria concedida a Lula pelo seu governo que incomodou tanto, foram seus dois pés de Lula no cômodo dos fundos.



http://br.noticias.yahoo.com/blogs/on-the-rocks/p%C3%A9s-na-cozinha-163315470.html#more-id

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Aposentados do Brasil

O aposentado não pode receber um aumento adequado por falta de verbas, é a resposta do Governo Federal para que os  milhões de pessoas que já deram o melhor de si recebam proventos decentes. Sem entrar nos detalhes do argumento do Governo, alguma coisa tem de ser feita, até em caráter emergencial. Uma delas é uma sugestão aprovada numa recente reunião do MAP- Movimento de Aposentados e Pensionistas da Baixada e que repete uma situação que está beneficiando os clubes de futebol inadimplentes com a Previdência. Para ajudar os clubes caloteiros foi criada a LOTOMANIA. Ora, para os aposentados poderia ser criada a PREVIMANIA, um jogo lotérico que nem precisa durar eternamente. E sem essa de desviar verbas para outras finalidades. E não vai onerar senão aqueles que gostam de fazer o seu joguinho. É uma proposta criativa, enquanto não se encontra os mecanismos adequados para o controle das verbas previdenciárias. A proposta está lançada e vai ser encaminhada aos setores governamentais para uma avaliação. O quanto antes.


Uriel Villas Boas - Secretário de Previdância - FITMETAL - CTB

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Esquerda impulsiona Reforma Política

Por Adalberto Monteiro
A reforma política tantas vez anunciada e até aqui não realizada chega novamente em um momento decisivo. Ou se realiza, ou será engavetada mais uma vez. Para que isso não ocorra, os partidos de esquerda (PDT, PT, PSB e PCdoB), com apoio de suas respectivas fundações, procuraram construir posições convergentes para que se efetive a reforma que interessa ao povo. Isto é: a que amplia a democracia, fortaleça os partidos, combata a corrupção, e aumente a participação popular nos destinos do país.
Nesse sentido, no último dia 16, com as presenças do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva e do relator da matéria, deputado Henrique Fontana (PT-RS), realizou-se um encontro, na cidade de São Paulo, do qual também participaram os presidentes dos partidos de esquerda e das suas fundações . Esse evento foi precedido de um conjunto de debates que remontam ao ano passado.

As discussões possibilitaram, ante tema tão controverso, pontos comuns que, se aprovados, asseguram o avanço da democracia brasileira. São eles: manutenção e aperfeiçoamento do sistema proporcional, financiamento público exclusivo das campanhas e maior participação popular na vida política brasileira. Como é natural, permanecem algumas divergências, mas o decisivo é que estas importantes forças políticas se coesionaram em torno dessas diretrizes. Os partidos de esquerda estão agora dialogando com outras forças políticas da base do governo. Exemplo disso foi a reunião realizada recentemente em Brasília entre eles o PMDB. Outras legendas serão procuradas, vez que sem maioria política e respaldo social a dita reforma novamente será sepultada.

Fortalecimento dos partidos 

A esquerda está convicta de que a adoção do sistema proporcional misto, como está grafado no relatório do deputado Fontana, mesmo considerando que seja distinto da proposta original, a lista pré-ordenada clássica, pode resultar no fortalecimento das legendas. Pela proposta do relator, os eleitores poderão dar dois votos, na votação proporcional: um ele escolhe uma lista de candidatos que foi ordenada de modo democrático pelos partidos, equivale dizer, vota na legenda, nas suas lideranças e no seu programa; outro ele escolhe um candidato de qualquer legenda, como faz atualmente.

Admitimos esta proposta, na atitude de construir o consenso entre as forças de esquerda sobre a matéria. Mas, de qualquer modo, mantemos nossa crítica sobre o “segundo voto”, ou seja, ao fato de o eleitor poder escolher uma candidatura de qualquer legenda. Essa “janela” vai na contramão do objetivo da lista pré-ordenada, que é exatamente, como já dito, reforçar as legendas.

Cortar o “mal" pela raiz 

O financiamento público exclusivo de campanha é, digamos, o “núcleo duro” dessa convergência. Essa grande novidade democratiza as campanhas eleitorais, assegurando os recursos necessários para cada partido e candidato realizarem a propaganda eleitoral. E diminui a grande desigualdade de condições entre os concorrentes, ao mesmo tempo que combate pela raiz a corrupção que hoje contamina o processo e causa tanta e justa indignação popular. Essa raiz que precisa ser cortada é o financiamento privado das campanhas. Diga-se de “privado” só tem o nome, pois passado as eleições, muitas das vezes, os grandes financiadores das campanhas cobram a “ contrapartida” via recursos públicos obtidos de forma ilícita. Julgamos que a proposta do relator deve ser melhorada, visando a assegurar uma melhor distribuição dos recursos.

Outro ponto positivo refere-se à redução de um milhão para 500 mil assinaturas nos projetos de lei de iniciativa popular, além do aprimoramento do rito constitucional para que o parlamento priorize as iniciativas políticas do povo.

Merecem menção também o consenso em torno das propostas de redução da idade mínima para candidatos ao Senado de 35 para 30 anos; para a Câmara dos Deputados de 21 para 18 anos; a redução do mandato senatorial para quatro anos, mesmo que seja para 2018.

Divergência sobre coligação proporcional

Uma divergência do PCdoB e da Fundação Maurício Grabois em relação ao relatório do deputado Fontana persiste. O relator acaba com o histórico dispositivo que assegura a coligação proporcional. Consideramos um sério equívoco. A coligação proporcional, em nosso entendimento, é um instituto democrático que precisa ser preservado. Ele se insere no preceito constitucional da livre associação e proporciona a liberdade para que partidos com propostas convergentes se aliem.

Ninguém é obrigado a se coligar. Então, por que, arbitrariamente, vedar a coligação proporcional? Além do que, estudos demonstram que pequenos e mesmo médios partidos deixariam de ter representantes em várias unidades da Federação e mesmo no Congresso Nacional. A medida é, portanto, restritiva. Em última instância, beneficia os grandes partidos e golpeia as minorias.

Consideramos que as propostas de constituição de federações estaduais e a possibilidade dos partidos elegerem parlamentares mesmo que não tenham feito o quociente eleitoral por meio das chamadas “sobras” atenuam as perdas democráticas com um eventual fim da coligação proporcional, mas reafirmamos que não há motivo para extingui-la.

Ato no Congresso Nacional

Entendemos que já demos passos consistentes para a aprovação de uma Reforma Política de conteúdo democrático, que responda às exigências da sociedade de maior transparência e eficiência do sistema político e eleitoral brasileiro. Para a Fundação Maurício Grabois, a Reforma Política é intrínseca ao Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento que propugnamos. Em nossa compreensão, o aprimoramento desse sistema é que vai garantir as mudanças por meio de uma construção democrática, com ampla participação popular e de suas instâncias de representação.

Em torno dos pontos consensuais acima citados, e com o intuito de fazer a Reforma Política vingar, é que se impõe a necessidade da mobilização dos partidos e dos movimentos sociais. Com esse objetivo, as fundações devem fazer, em conjunto com os movimentos sociais e com a presença das lideranças partidárias, um ato no Congresso Nacional, no início de outubro, pela Reforma Política democrática já. 

domingo, 25 de setembro de 2011

PCdoB debate PNE e Pronatec à luz da Reforma da Educação

Debater o Plano Nacional de Educação (PNE 2011-2020) e o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) à luz da necessidade de Reforma da Educação apresentada pelo Programa Socialista. Este é o objetivo do Encontro Nacional de Educação do PCdoB que teve início nessa sexta-feira (23) e continua neste sábado (24) em São Paulo com a participação de cerca de 130 quadros de todo o país que atuam na área.
Luana Bonone

Encontro de Educação do PCdoB

Encontro de Educação do PCdoB
Como define a coordenadora geral da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (Contee) e também coordenadora da área de educação do Comitê Central, Madalena Guasco, a intenção é saber se esses instrumentos dão conta da Reforma proposta pelos comunistas ou, ao menos, até que ponto eles contribuem para a Reforma da Educação que o país precisa.
Ao abrir o debate, a diretora da Escola Nacional de Formação do PCdoB e uma das organizadoras do encontro pelo Comitê Central, Nereide Saviani, pautou a importância da bandeira de 10% do PIB para a educação, defendida por todo o movimento educacional brasileiro. A regulamentação do ensino privado também foi destacada como ponto fundamental ao avanço da educação no país. Nereide apresentou, ainda, uma concepção que historicamente rege as políticas educacionais brasileiras e que precisa ser superada: a de que existe um modelo de escola para os filhos dos trabalhadores e outro para os filhos da classe média. “Uma efetiva democratização da educação só é possível com efetiva democratização da sociedade em última instância”, concluiu Nereide.
Contradições
Madalena Guasco apresentou o desenvolvimento das políticas educacionais no país ao longo da história, observando que os principais momentos de avanço dessas coincidiram com os poucos e curtos períodos de democracia no Brasil. Como o maior período de democracia contínua marca os últimos 26 anos da história nacional, a coordenadora da Contee apresentou como desafio da atual geração a conquista de políticas estratégicas para o avanço da educação brasileira.
Madalena explicou, ainda, que os principais momentos de expansão da educação privada no país foram durante a Ditadura Militar – subsidiada pelo Estado – e a partir da década de 1990, como parte das políticas neoliberais implementadas no período. Após a Assembleia Constituinte de 1988, onde diversas bandeiras avançadas foram aprovadas e incluídas no texto da Lei, a luta democrática ganha força, mas, por conviver com a implementação do neoliberalismo no Brasil, enfrenta constante contradição com a perda de direitos que caracteriza este período, avalia Madalena. Por fim, Madalena alertou que o mote de convocação da Conferência Nacional de Educação (Conae) realizada em 2010, que foi o sistema nacional articulado de educação, sequer entrou no texto do PNE 2011-2020, documento que foi construído a partir dos debates da conferência.
Baixe, ao fim desta matéria, a íntegra das apresentações elaboradas por cada um dos debatedores da mesa.

Murilo apresentou uma análise do impacto das metas do PL do PNE 2011-2020.

Papel estratégico
“Temos que ser muito arrojados na educação superior pública”. Esta foi a primeira e a principal mensagem da intervenção doprofessor da UnB Murilo Silva de Camargo. O centro na ampliação da educação superior pública se justifica pelo papel que esta joga no desenvolvimento do país, inclusive para desenvolver os outros níveis da educação.
Murilo apresentou a preocupação do Brasil ser o 13º país no ranking mundial de publicações científicas, sendo que possui o 7º maior PIB do mundo – para ele, o grau de produção científica deve acompanhar o PIB. O professor, que é também militante do PCdoB, destacou que as universidades públicas representam 90% da produção de pesquisa no Brasil e apresentou enorme preocupação com a relação de número de matrículas na educação superior pública (25%) versus privada (75%), acentuando que entre 2001 e 2010 o crescimento das matrículas em instituições privadas de ensino superior cresceu 125%, enquanto o crescimento das vagas públicas foi de 73%.
A meta aprovada pela Conferência Nacional de Educação (Conae) é que 40% das matrículas do ensino superior sejam públicas até 2020. Murilo fez questão de ressaltar que tal meta significa uma expansão brutal das universidades públicas (ele dimensionou como algo em torno de 4 ou 6 Reunis, referindo-se ao programa de expansão das universidades federais implementado a partir de 2008). Tal expansão deve se guiar pela interiorização e deve ser acompanhada de políticas de permanência, como assistência estudantil, apoio pedagógico, entre outras, defende o comunista. Temas como maior mobilidade acadêmica e crescimento das titulações de mestres e doutores também foram abordados.

Para Murilo, o fim da Desvinculação de Receitas da união (DRU) para a Educação resolve em boa parte os problemas de recursos para a almejada universalização do Ensino Médio. A estimativa é que 22 milhões de jovens com a idade esperada estejam cursando o Ensino Médio em 2020 (o que representará quase a totalidade dos jovens no período).

Yann apresentou o Pronatec e destacou seus pontos polêmicos.

 Pronatec

O presidente da união Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), Yann Evannovick, apresentou o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec). Para contextualizar o ambiente em que surge tal proposta, Yann recuperou o histórico do ensino técnico no Brasil, desde o surgimento, em 1909. O presidente da Ubes levantou preocupações atuais relevantes em torno do desenvolvimento do Brasil, como um anunciado “apagão” de mão-de-obra – o país não teria mão-de-obra qualificada o suficiente para dar conta da demanda de desenvolvimento em curso –, assim como o grande número de jovens entre 15 e 19 anos: são 19 milhões no país.
Segundo Yann, o ensino Médio possui dois graves problemas: currículo e alto índice de evasão – que chegaria a 50%. Para ele, o Pronatec tem o objetivo de combater tanto o apagão de mão-de-obra quanto a crise do ensino médio brasileiro.
O programa,cuja meta é criar 8 milhões de novas vagas no ensino técnico e profissionalizante nos próximos 10 anos, é composto por conjunto de ações, explicou o debatedor. O Pronatec engloba a expansão dos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia (Ifets), em curso; o programa Brasil profissionalizado, que consiste no estímulo federal à construção de escolas técnicas das redes públicas estaduais e municipais; o Fies Técnico, programa de financiamento estudantil já existente para o ensino superior privado e que passa a ser implementado no ensino técnico; e a ampliação de vagas gratuitas do chamado Sistema S – composto por cursos como os oferecidos pelo Sesi e pelo Sesc – tendo como contrapartida um investimento do BNDES para que este sistema se estruture e cresça em todo o país.
Algumas polêmicas foram apresentadas acerca do programa, como a incerteza sobre o número de vagas públicas e privadas que resultarão das políticas propostas ou o número de horas exigidas por curso (800h para curso técnico e 160h para profissionalizante).
Gênero
Após as intervenções da mesa, as falas do plenário foram iniciadas com uma intervenção especial sobre a questão de gênero na educação brasileira. Diversas intervenções pautaram o problema do financiamento e a centralidade para os comunistas da defesa da democratização do acesso aliada à garantia de qualidade. “O aspecto quantitativo não é dicotômico com o qualitativo, ambos têm que estar juntos”, defendeu um dos inscritos, que pautou, ainda, a concepção do trabalho como princípio educativo.





Da esquerda para a direita: Gabriele Almeida (Ubes), Edson de Paula (Contee), Daniel Iliescu (UNE), Júlio Vellozo (Secr. Nac. Juventude do PCdoB), Fernando Amorim (Pró-Ifes), Odair Neves (CNTE) e Elisangela Lizardo (ANPG).
O encontro continua neste sábado, com intervenção pela manhã dos dirigentes comunistas de entidades que atuam no movimento educacional, como União Nacional dos Estudantes (UNE), União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG), Confederação Nacional dos trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (Contee), Confederação Nacional dos trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino Educação (CNTE) e Pro-Ifes. O debate é coordenado pelo secretário nacional de juventude Júlio Vellozo. À tarde ocorrerão novas intervenções do plenário e sistematização do debate. As falas do plenário foram iniciadas com uma intervenção especial sobre relação entre educação e combate ao racismo feita por Olívia Santana.

De São Paulo, Luana Bonone

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Reajuste salarial




As negociações para definir o reajuste do salário minimo e também dos valores que serão aplicados às aposentadorias estão indefinidas. E isto é uma situação muito delicada. De um lado, a equipe econômica do Governo, ditando as regras gerais. De outro lado, o movimento sindical, mostrando toda a dificuldade na mobilização que se faz necessária. E não apenas fazendo caravanas à Brasilia. Na sessão do Congresso quando das votações, quase sempre o assunto já está liquida. A pressão precisa ser feita nas bases. Este é o grande desafio dos militantes sociais. Sem isto, é chover no molhado.

Uriel Villas Boas - Secretário de Previdência da FITMETAL-CTB/CGTB

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Comissão da Verdade é aprovada na Câmara


A Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (21) o projeto de lei do Poder Executivo que cria a Comissão Nacional da Verdade, no âmbito da Casa Civil da Presidência da República. A comissão tem como objetivo esclarecer os casos de violação de direitos humanos ocorridos entre 1946 e 1998, o que inclui o período da ditadura militar.
O parecer aprovado pelos deputados foi apresentado pelo relator, deputado Edinho Araújo (PMDB-SP). O projeto segue agora à apreciação do Senado Federal.



Inicialmente, o relator havia recomendado a aprovação do texto original do governo, mas, em virtude das negociações, ele acatou emenda para melhorar o texto e também viabilizar sua aprovação. Segundo Edinho Araújo, a criação da comissão é uma reivindicação histórica da sociedade . “A exemplo de comissões criadas em outros países, essa é uma iniciativa para a reconciliação nacional”.
Para viabilizar a votação, compareceram à Câmara os ministros da Justiça, José Eduardo Cardozo, dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, entre outras autoridades do governo envolvidas na questão. O governo teve que ceder em alguns pontos e acatou emendas do DEM e do PSDB. A emenda do DEM trata de critérios sobre a escolha dos membros da comissão.
A emenda estabelece que não poderão participar da comissão: pessoas que exerçam cargos executivos em agremiação partidária, com exceção daqueles de natureza honorária; não tenham condições de atuar com imparcialidade no exercício das competências da comissão e estejam no exercício de cargo em comissão ou função de confiança em quaisquer esferas do Poder Público.
A emenda do PSDB acatada nas negociações estabelece que qualquer pessoa citada pela comissão ou que queira esclarecer algum fato pode solicitar ao colegiado para ir prestar esclarecimentos.
O líder do governo, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), que atuou de forma intensa nas negociações para a aprovação da Comissão da Verdade, disse que o objetivo foi produzir um texto que garantisse o conteúdo da comissão, que “é esclarecer os fatos e, após os esclarecimentos desses fatos, não terá nenhuma perseguição e nenhum desdobramento judicial. O intuito é do esclarecimento”, disse.

A Comissão Nacional da Verdade será composta de sete membros indicados pela presidente da República, Dilma Rousseff, entre brasileiros de reconhecida idoneidade e conduta ética, identificados com a defesa da democracia e institucionalidade constitucional, bem como com o respeito aos direitos humanos. Os membros da comissão serão designados com mandato de duração até o término dos trabalhos da comissão, a qual será considerada extinta após a publicação do relatório final.

Nas votações dos destaques, os deputados aprovaram dispositivo do PPS, que determina o envio de todo o acervo apurado ao Arquivo Nacional. Os deputados rejeitaram destaque apresentado pelo deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ), que proibia a denúncia criminal ou aplicação de sanção punitiva de qualquer tipo aos militares que se recusarem a colaborar com a Comissão da Verdade.


Agência Brasil

terça-feira, 20 de setembro de 2011

"Minha fala na ONU será de esperança", adianta Dilma



A presidente Dilma Rousseff, a titular da ONU Mulher, Michelle Bachelet, e a secretária americana de Estado, Hillary Clinton, se uniram nesta segunda-feira (19) nas Nações Unidas para defender a participação feminina na política e a igualdade de gênero. “Aqui dentro nós estávamos em maioria”, disse a presidente ao sair do encontro feminino desta segunda. Sobre o discurso para a Assembleia Geral da ONU adianta: "minha fala será de esperança".
A presidente será a primeira mulher a abrir uma Assembleia Geral das Nações Unidas. O discurso de abertura será nesta quarta em Nova York. O chefe de governo do Brasil abre, tradicionalmente, o encontro.

Na ONU mulher, disse que "apesar de alguns progressos notáveis, a desigualdade permanece", advertiu a presidente sobre o tema realizada à margem da Assembleia, da qual também participou a Alta Representante de Política Externa da União Europeia (UE), Catherine Ashton.

Dilma Rousseff lembrou que as mulheres são as que "mais sofrem com a pobreza extrema, analfabetismo, sistemas de saúde deficitários, conflitos e violência sexual".

Também recebem "salários menores pela mesma atividade profissional" que os homens e têm "presença reduzida nas principais instâncias de decisão".

"A crise econômica global e suas respostas equivocadas podem agravar este cenário", acentuando a pobreza entre as mulheres", assinalou Dilma em referência a atual conjuntura econômica.

A líder brasileira destacou que na quarta-feira se tornará a "primeira mulher na história das Nações Unidas a abrir o debate da Assembleia Geral" e afirmou querer compartilhar esta honra com Bachelet, primeira mulher eleita presidente de um país da América do Sul.

Rousseff afirmou que a criação da ONU Mulheres no ano passado foi um "passo" na ação comum em prol "daquelas que representam mais da metade da humanidade", e mostra que a "questão de gênero é uma prioridade da agenda internacional".

"Com coragem, tenacidade e integridade é possível conquistar nossos sonhos", disse Dilma, provocando aplausos na enorme sala de conferências onde o encontro foi realizado.

Hillary Clinton afirmou que o mundo vive uma era de "participação" graças à Internet e às redes sociais, e assinalou que a sociedade "precisa abrir espaço para que as mulheres desempenhem papéis no processo político".
"Como alguém que tentou ser presidente, é muito alentador ver que vocês finalmente conseguiram isto", brincou Clinton sobre Dilma e Bachelet.

Michelle Bachelet destacou que existem dados que mostram que "os países com maior igualdade de gênero têm um Produto Interno Bruto per capita mais alto e que a liderança das mulheres no setor empresarial resulta em um melhor desempenho".

"A mensagem é clara: não há volta", disse a ex-presidente chilena, citando como exemplo a Primavera Árabe, que "demonstrou ao mundo que as mulheres de todos os países estão preparadas e determinadas para brigar pela democracia".

Já Catherine Ashton estimou que "há um bom começo, mas ainda nos resta um longo caminho pela frente".

Em uma declaração conjunta apresentada hoje, os integrantes da reunião afirmaram que "a participação política das mulheres é fundamental para a democracia e essencial para se obter a paz e o desenvolvimento sustentável".

"Pedimos a todos os Estados, incluindo os que enfrentam conflitos ou atravessam transições políticas, que eliminem todas as barreiras discriminatórias contra as mulheres, em particular as marginalizadas".


Fonte: da redação, com agências

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

CIA e FBI lucraram com ideia de aproximação entre crime e terror

Embora sempre tenha existido uma ideia de aproximação entre terrorismo e crime organizado transnacional, depois dos ataques terroristas de 11 de setembro, analistas passaram a defender que essa interação tendia a aumentar. Para o pesquisador da PUC-SP, Paulo Pereira, contudo, mais que uma realidade, essa é uma percepção que foi construída pelas agências de inteligência e aplicação da lei norte-americana, com o objetivo de ampliar suas prerrogativas de atuação e angariar mais recursos.
A ideia difundida pelos Estados Unidos era a de que a relação terror-crime transnacional ganharia conotação de uma “ameaça catastrófica” aos Estados. Isso porque, após os ataques às torres gêmeas, existiria um reforço na segurança, e os terroristas ficariam mais coagidos. Pressionados, ele buscariam apoio logístico, material e financeiro em novas fontes, incluindo aí o crime transnacional organizado. 

Para os terroristas, seria uma maneira de conseguir documentos falsos, assistência em viagens clandestinas, armas contrabandeadas, entre outros. Já do lado do crime transnacional, representaria uma alternativa de ampliar os lucros.

“A mínima distinção que existia entre esses dois grupos começa então a se nublar nos últimos anos. E começa a ser vista a possibilidade de haver uma migração de uma esfera para a outra,”, explicou Paulo Pereira, durante o seminário “11 de Setembro – O mundo depois de uma década de guerra contra o terror”, promovido pela PUC-SP, em parceria com o Ipea, nestas quarta (14) e quinta (15).

“A minha avaliação é que essa é uma percepção construída pelas agências de segurança dos EUA (CIA e FBI) para atender aos seus interesses burocráticos”, disse o pesquisador. A partir dessa perspectiva “construída”, aspectos legislativos (USA Patriot Act e Intelligence Reform and Terrorism Prevention) dos Estados Unidos passaram a viabilizar uma atuação das agências de segurança internacionalmente. 

“Em função dos atentados, esses grupos tiveram grandes resultados de alocação de maiores recursos e uma expressão maior dentro do governo estadunidense, com o aumento de suas prerrogativas” , completou.

De acordo com ele, essa ideia de aproximação entre terrorismo e crime organizado reforçou a crítica que já existia à distinção entre segurança doméstica e segurança internacional; inseriu o comércio, as viagens e as finanças internacionais no rol de temas securitizados e aprofundou a internacionalização da criminalização de determinadas práticas.

Com essas novas leis estadunidenses, houve a tipificação de novos crimes, o aumento das penas contra terroristas e a ampliação da autoridade de oficiais para interceptar e monitorar comunicações, focar em crimes de computador e lavagem de dinheiro. Com a legislação, também houve o reforço no controle da fronteira, a ampliação das prerrogativas para detenção e deportação de suspeitos e acelerou-se a convergência entre agências de inteligência.

“O FBI, por exemplo, se tornou muito mais ativo e menos reativo”, citou Paulo Pereira. Ele atesta, no entanto, que essa ampliação de atuação não trouxe, necessariamente, resultados positivos. “Segundo relatório do Congresso estadunidense de 2010, o Departamento de Justiça diz que, desde 11 de setembro de 2001 até 2003, mais de dois terços das condenações por terrorismo internacional foram feitas erroneamente. E, obviamente, essas agências estavam envolvidas nesse processo”.

Paralelamente, houve também uma série de eliminação de restrições a determinadas práticas de interrogatório, como a tortura. Também permitiu-se que a CIA aumentasse as detenções secretas e o movimento desses detidos para países em que os interrogatórios “mais severos” poderiam ser realizados. “O debate público sobre isso e as prerrogativas formais deixados de lado”, encerrou o professor.

Paquistão

O pesquisador Edson José Neves Júnior, da Ufrgs, que também participou do seminário, defendeu a hipótese de que, a partir do Paquistão, se irradiam grupos terroristas para outras regiões. Segundo ele, o próprio governo tem conhecimento e se aproveita da guerra irregular complexa promovida por esses grupos. 

Edson Neves detalhou que, no Paquistão, há duas zonas autônomas - a Caxemira Livre a as áreas tribais. “O Paquistão deixou essas duas áreas livres para poder dizer que os ataques partiram dali e que o governo nacional não tem nada a ver com isso. Lá está a maior parte dos campos de treinamento e é onde o serviço secreto paquistanês mais atua. Essa é uma política deliberada de Islamabad para poder se safar da culpa de usar guerra irregular nas fronteiras com a índia e o Afeganistão”, disse. 

Edson Neves afirmou que, apesar desse contexto, o Paquistão convenceu os Estados Unidos de que era importante seu ingresso na guerra contra o terror ao assumir alguns compromissos, que não chegou a cumprir. Entre eles, estavam: deter a Al-Qaida, encobrir vôos noturnos estadunidenses e condenar os ataques de 11 de setembro.

Com a participação na guerra ao terror, o Paquistão passou a contar com um auxílio militar de US$ 1,5 bilhão e ajuda social de US$1 bilhão, teve sua dívida perdoada parcial ou integralmente junto a 15 países que integravam a coalizão e lhe foram abertas novas linhas de crédito com o FMI. Além disso, segundo o pesquisador, “a ditadura do Pervez Mucharaf foi aceita como benéfica”.

De acordo com ele, contudo, a contrapartida não foi à altura. Edson Neves declarou, em sua fala, que as organizações que foram postas na ilegalidade no Paquistão mudaram de nome e voltaram a funcionar. Segundo ele, mais de 500 líderes de organizações foram presos, mas liberados em seguida, por falta de provas. E os ataques no Wiziristão contra líderes tribais só aconteceram porque não havia mais como “enrolar os Estados Unidos”.

O pesquisador afirmou que, com a morte de Osama bin Laden, a tendência é os Estados Unidos deixarem a região em 2014, como previsto. “Os EUA têm história de intervenção disfarçada de ‘missão’. No Afeganistão, de 79 a 89, eles deram armas para os guerrilheiros, destruíram o país e depois foram embora. Saíram sem deixar o dinheiro para a reconstrução”. 

Segundo ele, a ‘missão’ de capturar Bin Laden foi cumprida. E isso, combinado aos elevados custos da guerra e à perda do apoio interno, faz crer na retirada das tropas. Como resultado, contudo, o Paquistão perderia a ajuda financeira. “Então, o Paquistão, com a utilização de seu serviço secreto, tem atacado cada vez mais as tropas norte-americanas, para tentar obrigá-las a ficar no país. Ou seja, a violência tende a crescer”, disse.

Edson Neves afirmou que a intervenção estrangeira dos EUA no Afeganistão e na fronteira com o Paquistão tem aumentado a atividade radical na região. “Imagino que, com a saída das tropas, o terrorismo continuará a existir na região, mas como antes: focado contra a Índia ou na tentativa de fazer parte ou retomar o governo do Afeganistão”. 


Da Redação,
Joana Rozowykwiat

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

PCdoB de São Paulo honra os comunistas de todo o país

Walter Sorrentino, Secretário Nacional de Organização do PCdoB, analisou a conferência estadual do Partido e saudou os avanços conquistados pelos comunistas de São Paulo no último período.

Partido de ideias, com ação política e de massas
Concluiu-se no fim de semana passado a Conferência do PCdoB-SP. Pujante pela qualidade da intervenção política e força partidária, ela deixa lições na trajetória dos comunistas no maior e mais poderoso Estado da Federação, para todos nós.

Este é um momento extraordinário na vida da nação, em termos de desafios e oportunidades, num mundo em acelerada transição. Momento em que a centralidade dos dilemas recai na magna questão nacional pelo desenvolvimento autônomo do país, como pólo articulador das históricas demandas democráticas e sociais.

Daí a centralidade de São Paulo, ou seja, o centro dessa contenda se decide em São Paulo. Alinhar São Paulo com o Brasil em termos de projeto é não apenas uma possibilidade, mas exigência mesmo para abrir caminho ao novo projeto nacional de desenvolvimento. Aqui se trava o combate central contra a dependência do país. Aqui, em todo o século 20, predominaram no governo forças conservadoras, hoje representadas pelos grandes interesses financeiros que visam frear a soberania e o desenvolvimento em função de interesses antinacionais e antipopulares.

O PCdoB de São Paulo demonstrou essa compreensão. Um partido de ideias, com estratégia definida, com projeto de ação política e de massas, com conformação organizativa militante definida foi a questão assumida como o grande desafio do PCdoB no Estado. Apenas dois anos após a reformulação programática, o partido colhe frutos acelerados em seu desenvolvimento, como em todo o país.

Isso andou unido à visão de que isso se persegue pela política. Em São Paulo se abre caminho para superar a polarização política forçada entre PSDB e PT; como se sabe, há vinte anos venceram os setores conservadores. Abre-se uma grande oportunidade em 2014 e ela começa a se delinear já em 2012. O PCdoB de São Paulo protagoniza isso na primeira linha da cena política. Sempre unindo forças, pelo progresso nacional e direitos do povo, a liberdade, cientes de que um projeto de nação não se faz com esquemas mesquinhos e hegemonistas. A candidatura de Netinho de Paula a prefeito da maior cidade do país, uma das maiores do mundo, tem elevado significado para todo o país.

O PCdoB-SP tem quadros da mais elevada expressão nacional, como Aldo Rebelo e Orlando Silva. Aqui está presente a liderança comunista de massa mais forte e expressiva do povo de todo o país, que é Netinho de Paula, hoje liderando pesquisas à prefeitura junto com outros nomes do primeiro escalão da política paulista. Aqui há a força e exemplo de lideranças como Jamil Murad e Leci Brandão, Pedro Bigardi – futuro prefeito de Jundiaí – e as maiores lideranças sindicais que encabeçam a CTB. A juventude e as mulheres são no PCdoB paulista um bastião de força.

A conferência erigiu um elevado processo partidário como suporte a essa retomada de sua presença política. Superou as metas de mobilização em 15% e alcançou, mais uma vez, o maior contingente militante absoluto de todo o país. Não só: aplicou com maestria as diretivas nacionais da política organizativa, promovendo revisão das fileiras que encabeçam os esforços nacionais. É grande o dinamismo dos comunistas paulistas. Na Conferência desfilaram várias gerações de militantes, os que persistem há décadas em seu compromisso, mais os enormes novos contingentes que se filiaram. Um ato político representativo demonstrou o prestígio do partido e o respeito que inspira a aliados. Os comunistas aprenderam com o passado, para um presente protagonista aberto à oportunidade que se abre para o futuro em termos de governo estadual alinhado com a onda progressista nacional.

Os anos vindouros serão promissores. Há quatro-cinco anos atrás, apenas, o partido no Estado colheu significativo revés político, perdendo acentuadamente posições. Nasceu aí a grande definição de, em prazo concentrado, repor o papel central do PCdoB-SP para um partido nacionalmente forte. Isso foi alcançado nas eleições de 2010 e em 2011 ultrapassou todas as expectativas em termos de relançamento das perspectivas. Por isso, congratulamo-nos com toda a militância, sobretudo com o grande número de quadros partidários maduros e coesos que cumpriram a função. São Paulo tem uma direção coletiva de fato, liderada por Nádia Campeão nesses anos, ombro a ombro com todo esse conjunto de quadros. A eles todos, parabéns efusivos pelo que se alcançou. Seu exemplo estimula todo o país; os comunistas em São Paulo honraram, uma vez mais, o PCdoB.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

O significado das revoltas árabes e a defesa do povo muçulmano: Um olhar antiimperialista


Realização: Fundação Maurício GraboisGabinete do Deputado Federal Protógenes Queiroz – PCdoB/SPApoio: Universidade Santa Cecília
Dia: 15/09/2011 – às 19h
Local: Consistório da Unisanta (Rua Oswaldo Cruz, 277, Boqueirão, Santos - SP).
 
Expositores:
Professor Lejeune Mihan – Escritor e Arabista. Diretor do Sindicato dos Sociólogos do Estado de SP.
Sheikh Jihad Hassan Hammadeh – Vice-Presidente da Assembléia Mundial da Juventude Islâmica (WAMY - América Latina).
Delegado Protógenes – Deputado Federal – PCdoB/SP
 
Mediador:
Professor Milton Teixeira Filho – Diretor Jurídico da Universidade Santa Cecília.
 
               As revoltas árabes – este é o tema de capa da edição de nº 112 da Revista Princípios, que em abril de 2011 completou 30 anos de circulação ininterrupta. Mais de uma centena de edições voltadas à elaboração de ideias para um novo Brasil. Em tempos de predomínio do monopólio midiático, a revista tem buscado fomentar o pensamento crítico e um olhar revolucionário sobre os temas da atualidade, sob perspectiva diversa daquela veiculada pela grande mídia. Ante a guerra imperialista, tem publicado libelos em defesa da paz e dos direitos dos países ao desenvolvimento e à soberania. Dedica-se, com especial interesse, a debater e divulgar a nova luta pelo socialismo que brota dos paradoxos do capitalismo contemporâneo e da consciência e luta dos povos. Este debate é mais que propício à apresentação da edição comemorativa, que tem o Prof. Lejeune Mihan como autor de um dos artigos. Ele falará sobre as revoluções no mundo árabe e a nova conformação geopolítica mundial.
            Sintonizado com a luta internacionalista pela paz e pela autodeteminação dos povos, o Deputado Federal Protógenes Queiroz vem denunciando as intervenções imperialistas no mundo árabe e o preconceito disseminado por setores da grande mídia em relação ao povo muçulmano.   Considerando o contexto de diversidade cultural e religiosa da formação social brasileira, reconhece a significativa participação da comunidade muçulmana na vida política, econÃ?mica e social do nosso país. É de sua iniciativa a proposta de instituir o Dia Nacional do Povo Muçulmano. Esclarecer as bases desse Projeto e ouvir os presentes a respeito de sua importância é um dos objetivos deste evento, que ta mbém debaterá com o Sheikh Jihad Hassan Hammadeh as principais características do islamismo e a integração de seus seguidores à população brasileira.
 

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Campanha pelo Estado da Palestina Já! cai na rede e chega à TV




A campanha pelo Estado da Palestina Já! não está apenas na internet. Depois de inaugurar seu comitê e lançar a sua página na internet, o vídeo promocional da campanha também foi para na TV dos Trabalhadares, a TVT. Na entrevista com o professor de cultura árabe, Leugeune Mirhan, você vai ficar sabendo o porquê da campanha, além de conferir o vídeo produzido pela TV Vermelho para promover esta bandeira abraçada por inúmeras entidades. 




http://www.vermelho.org.br/tvvermelho/noticia.php?id_noticia=163215&id_secao=29

domingo, 11 de setembro de 2011

PCdoB de São Paulo honra os comunistas de todo o país

A nova direção eleita para dirigir o PCdoB em São Paulo



A nova direção eleita para dirigir o PCdoB em São Paulo

Concluiu-se no fim de semana passado a Conferência do PCdoB-SP. Pujante pela qualidade da intervenção política e força partidária, ela deixa lições na trajetória dos comunistas no maior e mais poderoso Estado da Federação, para todos nós.
Este é um momento extraordinário na vida da nação, em termos de desafios e oportunidades, num mundo em acelerada transição. Momento em que a centralidade dos dilemas recai na magna questão nacional pelo desenvolvimento autônomo do país, como pólo articulador das históricas demandas democráticas e sociais.
Daí a centralidade de São Paulo, ou seja, o centro dessa contenda se decide em São Paulo. Alinhar São Paulo com o Brasil em termos de projeto é não apenas uma possibilidade, mas exigência mesmo para abrir caminho ao novo projeto nacional de desenvolvimento. Aqui se trava o combate central contra a dependência do país. Aqui, em todo o século 20, predominaram no governo forças conservadoras, hoje representadas pelos grandes interesses financeiros que visam frear a soberania e o desenvolvimento em função de interesses antinacionais e antipopulares.
O PCdoB de São Paulo demonstrou essa compreensão. Um partido de ideias, com estratégia definida, com projeto de ação política e de massas, com conformação organizativa militante definida foi a questão assumida como o grande desafio do PCdoB no Estado. Apenas dois anos após a reformulação programática, o partido colhe frutos acelerados em seu desenvolvimento, como em todo o país.
Isso andou unido à visão de que isso se persegue pela política. Em São Paulo se abre caminho para superar a polarização política forçada entre PSDB e PT; como se sabe, há vinte anos venceram os setores conservadores. Abre-se uma grande oportunidade em 2014 e ela começa a se delinear já em 2012. O PCdoB de São Paulo protagoniza isso na primeira linha da cena política. Sempre unindo forças, pelo progresso nacional e direitos do povo, a liberdade, cientes de que um projeto de nação não se faz com esquemas mesquinhos e hegemonistas. A candidatura de Netinho de Paula a prefeito da maior cidade do país, uma das maiores do mundo, tem elevado significado para todo o país.
O PCdoB-SP tem quadros da mais elevada expressão nacional, como Aldo Rebelo e Orlando Silva. Aqui está presente a liderança comunista de massa mais forte e expressiva do povo de todo o país, que é Netinho de Paula, hoje liderando pesquisas à prefeitura junto com outros nomes do primeiro escalão da política paulista. Aqui há a força e exemplo de lideranças como Jamil Murad e Leci Brandão, Pedro Bigardi – futuro prefeito de Jundiaí – e as maiores lideranças sindicais que encabeçam a CTB. A juventude e as mulheres são no PCdoB paulista um bastião de força.
A conferência erigiu um elevado processo partidário como suporte a essa retomada de sua presença política. Superou as metas de mobilização em 15% e alcançou, mais uma vez, o maior contingente militante absoluto de todo o país. Não só: aplicou com maestria as diretivas nacionais da política organizativa, promovendo revisão das fileiras que encabeçam os esforços nacionais. É grande o dinamismo dos comunistas paulistas. Na Conferência desfilaram várias gerações de militantes, os que persistem há décadas em seu compromisso, mais os enormes novos contingentes que se filiaram. Um ato político representativo demonstrou o prestígio do partido e o respeito que inspira a aliados. Os comunistas aprenderam com o passado, para um presente protagonista aberto à oportunidade que se abre para o futuro em termos de governo estadual alinhado com a onda progressista nacional.
Os anos vindouros serão promissores. Há quatro-cinco anos atrás, apenas, o partido no Estado colheu significativo revés político, perdendo acentuadamente posições. Nasceu aí a grande definição de, em prazo concentrado, repor o papel central do PCdoB-SP para um partido nacionalmente forte. Isso foi alcançado nas eleições de 2010 e em 2011 ultrapassou todas as expectativas em termos de relançamento das perspectivas. Por isso, congratulamo-nos com toda a militância, sobretudo com o grande número de quadros partidários maduros e coesos que cumpriram a função. São Paulo tem uma direção coletiva de fato, liderada por Nádia Campeão nesses anos, ombro a ombro com todo esse conjunto de quadros. A eles todos, parabéns efusivos pelo que se alcançou. Seu exemplo estimula todo o país; os comunistas em São Paulo honraram, uma vez mais, o PCdoB.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Sete pontos acerca da Líbia

Por Domenico Losurdo
Doravante mesmo os cegos podem ver e compreender o que está a acontecer na Líbia:
1. O que se passa é uma guerra promovida e desencadeada pela NATO. Esta verdade acaba por se revelar até mesmo nos órgãos de "informação" burgueses. No La Stampa de 25 de Agosto, Lucia Annunziata escreve: é uma guerra "inteiramente externa, ou seja, feita pelas forças da NATO"; foi "o sistema ocidental que promoveu a guerra contra Kadafi". Uma peça do International Herald Tribune de 24 de Agosto mostra-nos "rebeldes" que se regozijam, mas eles estão comodamente instalados num avião que traz o emblema da NATO. 

2. Trata-se de uma guerra preparada desde há muito tempo. O Sunday Mirror de 20 de Março revelou que "três semanas" antes da resolução da ONU já estavam em acção na Líbia "centenas" de soldados britânicos, enquadrados num dos corpos militares mais refinados e mais temidos do mundo (SAS). Revelações ou admissões análogas podem ser lidas no International Herald Tribune de 31 de Março, a propósito da presença de "pequenos grupos da CIA" e de uma "ampla força ocidental a actuar na sombra", sempre "antes do desencadeamento das hostilidades a 19 de Março". 

3. Esta guerra nada tem a ver com a protecção dos direitos humanos. No artigo já citado, Lucia Annunziata observa com angústia: "A NATO que alcançou a vitória não é a mesma entidade que lançou a guerra". Nesse intervalo de tempo, o Ocidente enfraqueceu-se gravemente com a crise económica; conseguirá ele manter o controle de um continente que, cada vez mais frequentemente, percebe o apelo das "nações não ocidentais" e em particular da China? Igualmente, este mesmo diário que apresenta o artigo de Annunziata, La Stampa, em 26 de Agosto publica uma manchete a toda a largura da página: "Nova Líbia, desafio Itália-França". Para aqueles que ainda não tivessem compreendido de que tipo de desafio se trata, o editorial de Paolo Paroni (Duelo finalmente de negócios) esclarece: depois do início da operação bélica, caracterizada pelo frenético activismo de Sarkozy, "compreendeu-se subitamente que a guerra contra o coronel ia transformar-se num conflito de outro tipo: guerra económica, com um novo adversário: a Itália obviamente". 

4. Desejada por motivos abjectos, a guerra é conduzida de modo criminoso. Limito-me apenas a alguns pormenores tomados de um diário acima de qualquer suspeita. O International Herald Tribune de 26 de Agosto, num artigo de K. Fahim e R. Gladstone, relata: "Num acampamento no centro de Tripoli foram encontrados os corpos crivados de balas de mais de 30 combatente pró Kadafi. Pelo menos dois deles estavam atados com algemas de plástico e isto permite pensar que sofreram uma execução. Dentre estes mortos, cinco foram encontrados num hospital de campo; um estava numa ambulância, estendido numa maca e amarrado por um cinturão e tendo ainda uma transfusão intravenosa no braço". 

5. Bárbara como todas as guerras coloniais, a guerra actual contra a Líbia demonstra como o imperialismo se torna cada vez mais bárbaro. No passado, foram inumeráveis as tentativas da CIA de assassinar Fidel Castro, mas estas tentativas eram efectuadas em segredo, com um sentimento de que se não é por vergonha é pelo menos de temer possíveis reacções da opinião pública internacional. Hoje, em contrapartida, assassinar Kadafi ou outros chefes de Estado não apreciados no Ocidente é um direito abertamente proclamado. O Corriere della Sera de 26 de Agosto de 2011 titula triunfalmente: "Caça a Kadafi e seus filhos, casa por casa". Enquanto escrevo, os Tornado britânicos, aproveitando também a colaboração e informações fornecidas pela França, são utilizados para bombardear Syrte e exterminar toda a família de Kadafi. 

6. Não menos bárbara que a guerra foi a campanha de desinformação. Sem o menor sentimento de pudor, a NATO martelou sistematicamente a mentira segundo a qual suas operações guerreiras não visavam senão a protecção dos civis! E a imprensa, a "livre" imprensa ocidental? Ela, em certo momento, publicou com ostentação a "notícia" segundo a qual Kadafi enchia seus soldados de viagra de modo a que eles pudessem mais facilmente cometer violações em massa. Como esta "notícia" caiu rapidamente no ridículo, surge então uma outra "nova" segundo a qual os soldados líbios atiram sobre as crianças. Nenhuma prova é fornecida, não se encontra nenhuma referência a datas e lugares determinados, nenhuma remessa a tal ou tal fonte: o importante é criminalizar o inimigo a liquidar. 

7. Mussolini no seu tempo apresentava a agressão fascista contra a Etiópia como uma campanha para libertar este país da chaga da escravidão; hoje a NATO apresenta a sua agressão contra a Líbia como uma campanha para a difusão da democracia. No seu tempo Mussolini não cessava de trovejar contra o imperador etíope Hailé Sélassié chamando-o "Negus dos negreiros"; hoje a NATO exprime seu desprezo por Kadafi chamando-o "ditador". Assim como a natureza belicista do imperialismo não muda, também as suas técnicas de manipulação revelam elementos significativos de continuidade. Para clarificar quem hoje realmente exerce a ditadura a nível planetário, ao invés de citar Marx ou Lénine quero citar Emmanuel Kant. Num texto de 1798 (O conflito das faculdades), ele escreve: "O que é um monarca absoluto? Aquele que, quando comanda: 'a guerra deve fazer-se', a guerra seguia-se efectivamente". Argumentando deste modo, Kant tomava como alvo em particular a Inglaterra do seu tempo, sem se deixar enganar pela forma "liberal" daquele país. É uma lição de que devemos tirar proveito: os "monarcas absolutos" da nossa época, os tiranos e ditadores planetários da nossa época têm assento em Washington, em Bruxelas e nas mais importantes capitais ocidentais.

27/Agosto/2011

domingo, 4 de setembro de 2011

PCdoB: Conferência de São Paulo põe no centro o projeto de nação

 
Neste sábado (3) o presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo, reforçou a estratégia de atuação do partido e valorizou os aliados na construção de um projeto de desenvolvimento para o Brasil. A intervenção foi no ato político da conferência estadual do PCdoB de São Paulo, que ocorre neste sábado e domingo (3 e 4). Na mesa do ato estavam parlamentares, lideranças dos movimentos sociais e dirigentes do partido, além de representantes do PT, do PSB, do PDT e do PMDB.

Luana Bonone
Fazendo algumas vezes referências a Netinho de Paula, Renato defendeu que o PCdoB “tem que estar aberto para as grandes lideranças do nosso povo, para lideranças que expressam o sentimento do nosso povo”.
Em sua intervenção, o ministro Orlando Silva relatou que no ato político do 4º Congresso do PT, ocorrido nesta sexta-feira (2), a presidente Dilma Rousseff fez questão de cumprimentar os dirigentes partidários presentes na figura do presidente do PCdoB, Renato Rabelo, a quem disse respeitar muito. Orlando disse ainda que o PCdoB é “daqueles partidos que vão muito além da disputa eleitoral”, embora tenha discorrido sobre a importância dos processos eleitorais e do crescimento institucional do partido. “É um partido permanente, de ideias, estratégico, que luta por um projeto junto com, outros partidos e junto com organizações de todo o mundo”.
Lideranças como a presidente estadual do partido, Nádia Campeão, o deputado estadual e possível candidato a prefeito de Jundiaí, Pedro Bigardi, e o recém filiado ex-prefeito de Campos do Jordão, João Paulo Ismael, foram homenageados pelas lideranças que falaram durante o ato. O vereador Jamil Murad e o deputado federal Aldo Rebelo também foram citados algumas vezes. Bem humorado, João Paulo Ismael brincou: “acho que terei que aumentar as minhas idéias, porque o partido está crescendo muito mais alto”.
Após a fala de lideranças do partido como o vereador e provável candidato a prefeito de São Paulo Netinho de Paula, o ministro Orlando Silva, o vereador Jamil Murad e os deputados federais Aldo Rebelo e Protógenes de Queiroz, além de lideranças dos movimentos sociais e representantes dos quatro partidos que prestigiaram o ato, Renato Rabelo saudou cada integrante da mesa, comentando a contribuição de cada um ao país e informou que o PCdoB pode alcançar 2 mil conferências municipais neste processo de 2011 e que as notícias são de que elas têm superado as metas de mobilização definidas pelo partido.
Um partido de grandes causas
“Nosso partido é um partido empenhado nas grandes causas, que cresce diante dos grandes desafios”, iniciou Renato. O presidente nacional do PCdoB falou sobre o centro político do PCdoB, que é a construção do projeto de nação que criará as condições um terceiro salto civilizatório na história do país, como propõe o programa aprovado pelo 12º Congresso da organização.
Renato falou sobre a crise que atravessa o sistema capitalista, classificando-a como sistêmica e profunda, dizendo que se trata de uma grande oportunidade. “Como disse a nossa presidenta Dilma ontem no Congresso do PT, é uma oportunidade para que o Brasil possa se tornar em um país mais desenvolvido, em uma grande nação, uma nação respeitada, privilegiada. Este é o nosso desafio, nossa grande causa: tonar o Brasil uma grande nação no contexto mundial”, afirmou Renato. Para ele, o país já tem base material e povo para isso, “precisa ter o caminho justo”, completa, dizendo que o PCdoB deve contribuir Exatamente com a construção desse caminho, ou seja, com o projeto de desenvolvimento do país.

As lideranças do PCdoB, na opinião de Renato Rabelo, devem defender um projeto avançado, não podem ter uma visão imediatista. “Para construir uma grande nação democrática, soberana, com justiça social, solidária, que promova a integração sobretudo com os países da América Latina, é preciso um pensamento avançado, não pode ser um pensamento curto, limitado, de varejo. O PCdoB pode dar uma grande contribuição neste sentido, pois é um partido das idéias, da ciência, dos trabalhadores, da juventude e das mulheres”, defendeu o dirigente.
Terceiro passo civilizacional
Renato falou dos dois passos civilizacionais que o PCdoB identifica na história do país. O primeiro é composto por um conjunto de grandes feitos: a Independência, a Abolição e a constituição da República. O segundo teve início na Revolução de 1930 e contou com papel destacado do ex-presidente Getúlio Vargas. “Cabe dar o terceiro passo civilizacional, que é a transição ao socialismo”, defendeu Renato Rabelo. “É preciso viabilizar o projeto nacional de desenvolvimento como transição para uma sociedade mais avançada”, completou.

O presidente do PCdoB disse ainda que “isso não pode ser feito por um único partido”, e passou a valorizar a aliança como “categoria política essencial” para o partido. Renato relatou, ainda, que a relação com o Partido dos Trabalhadores (PT) é de “respeito mútuo”, lembrando que tal aliança existe desde 1989 e destacando que tem sentido estratégico. Em seguida, disse que a relação com o PMDB também é de respeito mútuo e citou a relação que o PCdoB mantém com o vice-presidente Michel Temer. Falou ainda do bloco que o PCdoB mantém com o PSB há alguns anos na Câmara dos Deputados e citou também o PDT, fazendo referência à sua maior liderança histórica, Leonel Brizola. Por fim, citou ainda o PSC e o PRB, último partido do vice-presidente José Alencar, morto em 29 de março deste ano.
Eleições 2012
Já no fim da sua intervenção, Renato disse que o PCdoB lançará candidatos majoritários em capitais e cidades médias. Segundo Rabelo, duas candidaturas já têm apoio “logo de saída” do ex-presidente Lula: a candidatura da deputada Manuela D’Ávila à prefeitura de Porto Alegre (RS) e a candidatura do também deputado federal Flávio Dino à prefeitura de São Luis (MA). Além disso, Renato incitou o plenário ao dizer que os próximos dois meses devem ser de trabalho e articulação “porque o PT pode ser vice também de Netinho em São Paulo, por que não?”, ao que completou dizendo que Lula disse admirar a liderança de Netinho e o papel que o vereador jogou na eleição da presidente Dilma Rousseff.
Por fim, o presidente do PCdoB fez uma referência aos 90 anos do partido, que serão completados no início de 2012, e repetiu: “O PCdoB cresce diante dos grandes desafios, das grandes responsabilidades, e dará a sua contribuição levando em conta os interesses desse povo e dessa nação”.
Netinho de Paula

Após o ato, Netinho de Paula declarou ao Vermelho que sua candidatura servirá “aos interesses de uma militância aguerrida, que acredita no socialismo como forma de diminuir essa desigualdade social que dura há tantos anos em São Paulo”. Disse ainda que sua candidatura pretende servir ao campo progressista, e que para isso deve construir um arco de aliança representativo, “para representar os trabalhadores no município de São Paulo”, finalizou Netinho.
Além dos parlamentares e os dirigentes partidários Nádia Campeão e Nivaldo Santana, compuseram a mesa do ato também militantes do PCdoB que atuam na UBM, na Unegro, da UEE-SP, da UJS, na Facesp, no movimento LGBT, no Cebrapaz e na CTB.
De São Paulo, Luana Bonone