quinta-feira, 31 de março de 2011

Juventude convoca ato pela cassação de Jair Bolsonaro

A União da Juventude Socialista (UJS), junto a outras entidades dos movimentos sociais, irá promover ato pedindo a cassação do deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ), por conta das declarações dadas ao programa CQC, divulgadas na última segunda-feira (28). A manifestação contra as palavras racistas e homofóbicas de Bolsonaro acontecerá na próxima quarta-feira (6), às 9h30, junto à Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados.

Latuff
 
Charge de Carlos Latuff sobre as decalrações do deputado Jair Bolsonaro (PP-SP)
Na chamada do ato, a UJS convoca "todos os cidadãos brasileiros para o protesto, em especial os militantes dos movimentos negro e LGBT, a fim de engrossar o coro contra o racismo e também chamar a atenção para a necessidade de se criminalizar a homofobia". A intenção da organização é pressionar os congressistas pelo aprofundamento do processo de investigação por quebra de decoro parlamentar que já está em andamento na Câmara.

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 Segundo a deputada Manuela D’Ávila (PCdoB-RS), a representação enviada para a Corregedoria da Casa pediu a destituição de Bolsonaro da Comissão de Direitos Humanos, presidida por ela. Segundo Manuela, “não cabe uma pessoa que não defenda esses direitos atuar em uma comissão voltada para esse fim”.

Além do ato, a UJS divulga um abaixo-assinado pela internet em apoio à manifestação, "para que haja representatividade documentada da iniciativa", escreve a entidade em seu portal.

Serviço:
Ato pela cassação de Jair Bolsonaro
Data: 06 de abril (quarta) – às 9h30
Local: Câmara dos Deputados - Brasília

Fonte: UJS, com informações da Agência Câmara


quarta-feira, 30 de março de 2011

Renato Rabelo rende homenagens a José Alencar, "um patriota"

Em nota de cinco parágrafos divulgada nesta terça-feria (29), data da morte do ex-presidente da República José Alencar, o presidente do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), Renato Rabelo, rende homenagens a esse que era considerado antes de tudo  "um patriota", como define o texto. Confira a íntegra do documento:





A Nação brasileira perdeu um de seus ardorosos defensores com o falecimento de José Alencar. Se tivéssemos de defini-lo numa só palavra, sem relutar, proclamaríamos: um destacado patriota, um eminente brasileiro. Uma personalidade de relevo que ajudou o Brasil a adentrar e a percorrer um tempo novo.


Na campanha de 2002, convicto de que o Brasil precisava de mudanças, aceitou disputar as eleições presidenciais como candidato a vice-presidente da República na chapa encabeçada por Luiz Inácio Lula da Silva. Este fato foi importante para alargar a base de apoio de Lula e viabilizar o engajamento de setores do empresariado na campanha. Desde então, Alencar se torna um grande aliado de Lula, um amigo leal, um coadjuvante valioso, sem o qual é difícil compreender o êxito do protagonista. Por isto, Lula, ao saber da morte de Alencar, assim se referiu sobre o elo que unia os dois: “era uma relação de irmãos e companheiros”.


Quando tomamos conhecimento da notícia de sua morte, fomos tomados pela mesma tristeza que se abateu sobre o povo brasileiro que o respeitava e a quem ele dedicou o melhor de si. José Alencar era um amigo do PCdoB, amizade que tive a honra de cultivar, como presidente do Partido, em variados encontros e contatos e, também, nas solenidades que ele prestigiou a legenda dos comunistas. Em junho último, em Brasília, na Convenção Nacional do PCdoB que oficializou o apoio à então candidata Dilma Rousseff, ele, mesmo adoentado, fez questão de atender ao nosso convite. Naquela oportunidade, mais uma vez disse que às vezes lhe perguntavam: como ele, um grande empresário, tinha um relacionamento político fluente com o Partido Comunista? Alencar, na tribuna de nossa Convenção, disse que essa amizade aparentemente inusitada vinha das afinidades e coincidências entre seus posicionamentos políticos e os do PCdoB. Posicionamentos estes relacionados à defesa da soberania nacional e, sobretudo, acerca da remoção dos obstáculos que travam o desenvolvimento brasileiro.



Tenho na lembrança que, em abril de 2004, escrevi-lhe uma carta acerca do conteúdo de uma entrevista que ele concedera à revista CartaCapital. Alencar desencadeara uma verdadeira cruzada contra o sistemático aumento da taxa básica de juros. Segundo ele, isso “representa, na história do Brasil, a maior transferência de renda de que se tem notícia”, do trabalho, da produção, em benefício do sistema financeiro. Indo além, Alencar, na referida entrevista, colocou o dedo na ferida: “há interesses muito organizados que seguram ao máximo essas taxas em cima”.


Setores da grande mídia pintaram Alencar como uma espécie de Quixote dessa luta contra a política ortodoxa do Banco Central. Na verdade, ele, como patriota, deu importantes contribuições na luta política e de ideias pelo redirecionamento da política macroeconômica. Foi um lúcido e corajoso defensor e empreendedor de um novo projeto nacional de desenvolvimento.


Como cidadão, deu lições de amor à vida e bravura. Filho de família humilde, balconista na juventude, com trabalho e empreendedorismo administrou uma empresa que se tornou a maior complexo têxtil do país. Por treze anos travou uma luta contra o câncer cuja determinação e coragem transmitiram uma pujante mensagem de resistência e paixão pela vida.


Neste momento de dor, transmitimos aos seus familiares nossos sentimentos e as condolências do Partido Comunista do Brasil.


João Guimarães Rosa, outro ilustre mineiro, numa passagem de seu clássico Grande Sertão: Veredas, diz: “E deputado fosse, então reluzia perfeito o Norte, botando pontes, baseando fábricas, remediando a saúde de todos, preenchendo a pobreza, estreando mil escolas”.


Exatamente esta foi a concepção desenvolvimentista de José Alencar: produção e bem-estar do povo. Sua vida e o seu legado irão alimentar a luta pelo desenvolvimento soberano do Brasil que prossegue.


São Paulo, 29 de março de 2011.


Renato Rabelo
Presidente do Partido Comunista do Brasil-PCdoB

terça-feira, 29 de março de 2011

Centrais se reúnem com governo para discutir a situação dos trabalhadores das obras do PAC

28/03/2011


As centrais sindicais vão se reunir, na manhã da terça-feira (29), em Brasília, com o secretário-Geral da República, Gilberto Carvalho, para negociar um pacto na área da construção civil.
O objetivo da reunião é tratar das precárias condições de trabalho encontradas nos canteiros de obras do PAC e resolver os problemas dos trabalhadores no que diz respeito à  terceirização sem critérios, a quarteirização, problemas nos alojamentos, condições de trabalho e salariais, perseguições a sindicalistas, condições de alojamento para os trabalhadores e a fiscalização da segurança.
Nas últimas semanas, ocorreram conflitos em diversas obras, como no canteiro de obras da Usina Jirau, da Petroquímica Suape, da usina termelétrica de Pecém e da Refinaria Abreu e Lima.
De acordo com o próprio ministro, há problemas de relação de trabalho, há problema de alojamento, há problemas de alimentação. “Enfim, o que nós queremos é que as empresas façam um pacto com os sindicatos e com o governo para dar o tratamento adequado aos trabalhadores”, disse ao afirmar que cobrará das empresas melhores condições de trabalho, mas pedirá às centrais sindicais que se comprometam em estabelecer representações unificadas dos trabalhadores em cada canteiro de obra.
Miraldo Vieira, secretário-geral da Contricom (Confederação Nacional dos Trablhadores da Construção), que representará a CTB ao lado de Wagner Gomes, presidente nacional da Central, afirma que a intenção é discutir todas as obras de infraestrutura que estão programadas, como as da Copa do Mundo, do programa Minha Casa, Minha Vida, entre outras. “Queremos que sejam garantidas contrapartidas sociais em obras com financiamento público. As contrapartidas envolvem emprego, renda e diálogo para tratar de condições de trabalho. Outra medida é a fiscalização dos sindicalistas nas obras, principalmente no que diz respeito à saúde e segurança dos trabalhadores”, destacou Miraldo.



Cinthia Ribas - Portal CTB

sábado, 26 de março de 2011

Partido exige novo modo de direção organizativa

À luz dos debates realizados na 6ª reunião plenária do Comitê Central de março e de suas conclusões, completa-se a elaboração coletiva iniciada na Comissão Nacional de Organização, destinada a focar e unificar os esforços dessa frente em todo o país, com base no informe prestado na reunião.

Maior concentração de energia na frente organizativa

No complexo trabalho de organização, faz falta racionalidade, dada a exiguidade de recursos humanos e materiais e a expansão do PCdoB. A generalização da experiência levou à conclusão de reforçar o trabalho de direção política geral e concreta da CPN em todo o país – bem como das Comissões Políticas Estaduais nos Estados – fazendo-a liderar o discurso da estruturação partidária. Se a organização está a serviço da política, vamos também reforçar a recíproca de pôr a direção política também a serviço da estruturação e maior organização do partido.

Portanto, deve-se levar o trabalho de organização a secundar o movimento político com esforços concretos e visão logística adequada. Isso se liga também à convicção de que é preciso maior concentração de energias na frente organizativa em todo o país e nos Estados, para não diluir suas responsabilidades específicas numa direção geral amorfa, não se dispersar em meio a um mundo de exigências, não ficar apenas na orientação política, não perder o foco.

A conclusão nasceu da reflexão sobre a grande expansão partidária, as pressões crescentes que podem comprometer o caráter do PCdoB e como exigência de um papel mais crítico e exigente dos secretários de organização. Isso se dá numa via de mão dupla: maior controle sobre a base quanto à linha de estruturação, maior cobrança sobre as comissões políticas e todas as secretarias, na construção partidária. A organização tem o insubstituível papel de construção e estruturação para dar suporte ao projeto político perseguido em cada lugar. E precisa se concentrar nisso, crítica e autocriticamente.

A pauta proposta para o trabalho das secretarias e comissões de organização foi desenvolvida com base, concretamente, na agenda deste ano e até 2012.

Até março-abril, já deverá estar elaborado um esboço de projeto político, compreendendo não só as eleições de 2012, mas também o posicionamento político geral do partido, a inserção social, a CTB, a UJS, UBM, Unegro e todas as frentes de massa sem exceção. Do entrecruzamento dessas questões sobressairão as prioridades em cada Estado, alguns de forma mais compacta, alguns de forma mais extensiva, dado o grau de acúmulo partidário.

Em abril haverá o 7º Encontro Nacional sobre Questões de Partido, dias 15 a 17 de abril, em São Paulo. Ineditamente, reunirá dirigentes municipais de cerca de 300 cidades, de forma consequente com a premissa de que é preciso consolidar direções intermediárias como caminho para uma extensão da vida militante mais estruturada. O próprio projeto político solicita isso e estará presidindo o esforço.

De julho até o máximo outubro, se realizam as Conferências estaduais, precedidas das municipais. Será o tempo de preparar judiciosamente as direções a serem eleitas, o que envolve mecanismos extensos de consulta e avaliação, inovadores nos termos dos praticados nacionalmente no com a política de quadros do 12º Congresso.

Até o fim do ano será realizada a 2ª. Conferência Nacional sobre a Questão da Mulher no partido.

O foco geral é a questão da política de quadros para assegurar os rumos e caráter do PCdoB, ao lado da extensão da vida militante estruturada. Ao lado disso, a consigna de seguir expandindo o PCdoB com novas lideranças populares, sociais, intelectuais e políticas, pois queremos alcançar 400 mil membros até o fim das eleições de 2012.

Isso exige abordagem concreta neste ano de conferências, onde serão eleitas direções estaduais, milhares de direções municipais e haverá centenas de cidades onde disputaremos eleições com chapas amplas e muitas candidaturas majoritárias.

Quanto à política de quadros, as indicações são concretas.

Instituir de fato os departamentos de quadros estaduais, conferir-lhe estrutura para trabalhar sistematicamente. Recensear os quadros médios e estabelecer mecanismos amplos de consultas e indicações para compor os órgãos dirigentes. Esse censo será o celeiro de quadros para o próximo Congresso partidário. Terminar o censo dos quadros nacionais atuantes em cada Estado com vistas ao cadastro nacional.
As frentes sindical, juvenil, de mulheres e de movimentos sociais estão chamadas a promover amplo levantamento dos quadros das respectivas frentes visando seu cadastramento, formação e acompanhamento, em interação de esforços da esfera nacional e as estaduais.
Nova onda de reforço das direções estaduais, em termos de rigor em sua composição comprometida com o projeto político partidário e capacidade política-executiva para conduzir o projeto partidário em nome de todos.

Fortalecer sem delongas os comitês partidários das capitais, sem exceção, para liberar energias ao trabalho da direção estadual com vistas à maior extensão do partido aos grandes municípios de cada Estado. 
Compreender como absolutamente indispensáveis os fóruns de macro-região em todos os Estados, para racionalizar e compactar o trabalho de controle do projeto político e organizativo no interior, segundo as prioridades, responsabilizando por esse trabalho todos os membros das comissões políticas estaduais, não apenas a organização.
 

Só será possível estender vida militante estruturada com comitês intermediários capacitados, esse é o caminho. Mas não basta ter bons comitês se não houver convicção, clareza e vontade políticas de fortalecer a vida associativa entre os militantes e sua luta na sociedade. Esse é o rumo para o crescimento sadio do PCdoB: o fator partido como suporte de vitórias políticas.

Para isso alcançar parcela mais extensa dos filiados e dar-lhe maior estruturação, novas abordagens são necessárias.

Promover uma revisão organizativa das bases militantes nas grandes cidades na próxima Conferência. A revisão proposta é instrumento da revitalização partidária de base, visa a expandir os círculos militantes e estruturá-los na ação.
Pressupostos para essa revisão são definir lócus de atuação dos militantes de modo mais duradouro e definido na ação política, social e de ideias. Ela será levada a cabo necessariamente em todas as capitais e nas maiores cidades dos Estados ou onde temos projeto político consolidado.
Nas cidades com grandes concentrações de trabalhadores a revisão organizativa considerará, ainda, as relações de trabalho como forma mais necessária da estruturação militante, sempre adequando-se ao projeto político-social perseguido pelo partido.
Recensear os quadros de base nos maiores municípios e designar-lhes papeis definidos de pivôs da revisão organizativa da base militante, para as Assembleias de Base e de forma mais duradoura e definida segundo as exigências do projeto político em cada cidade.
Deve se constituir fórum regular de quadros médios dos comitês municipais ou dos comitês auxiliares, nas grandes cidades, para estabelecer pauta e agenda que derivam das resoluções adotadas pelo partido a cada período.

Do mesmo modo, sob controle desses quadros médios, deverá se constituir fórum de quadros de base que serão os pivôs da estruturação das bases, como modo de estimular, apoiar e controlar o trabalho deles na estruturação das bases, fornecendo debate político, formação, pauta e agenda de atividades. 
 

A combinação de política de quadros com a busca de vida militante mais definida e estruturada configura a exigência de novo modo de direção organizativa, tanto no nível estadual quanto também no âmbito dos comitês municipais nas capitais e maiores cidades. Direção organizativa que assegure pauta e agenda regular da ação partidária e apoio aos quadros médios e de base, com fóruns em níveis sucessivos e regulares, para enriquecer a atividade das instâncias partidárias de direção e de base. A direção geral dessas instâncias é atribuição da direção local, não apenas da organização.

A CNO e sua fração regionalizada farão controle regular da implementação de tais medidas, à base de planos a ser elaborados pelos estaduais e apresentados à Secretaria Nacional de Organização até o fim de abril deste ano. O Portal da Organização e o sistema de Gestão Integrada serão instrumentos de apoio ao esforço, a ser valorizados por todos no trabalho de organização. “Estudos Estratégicos do PCdoB” será produto do Departamento Nacional de Quadros João Amazonas para estimular a formação dos quadros no domínio do Programa Socialista.


A Secretaria Nacional de Organização
Março de 2011

sexta-feira, 25 de março de 2011

Aconteceu em 25 de março

  
  
 Os 9 participantes do Congresso de fundação  
 1922 - Dia do Partido Comunista do Brasil  
 Congresso de fundação do Partido Comunista do Brasil (sigla PCB), no Rio e a seguir em Niterói. Reúne 9 delegados, eleitos por 73 militantes. É o início de uma saga sem paralelo na história dos partidos políticos brasileiros.  
 
1824:
Pedro I outorga sua Constituição.
  
1840:
O último grupo cabano, 980 homens, rende-se em Maués, AM.
  
1884:
Libertados os escravos no CE. "A barbárie recua", avalia Vitor Hugo. O Rio recebe o Dragão do Mar, jangadeiro abolicionista do CE, com passeata e a Marselhesa dos Escravos.
  
1911:
Incêncio na Triangle Shirtwaist Company, fábrica têxtil em Nova York, mata 146 trabalhadores, 125 deles mulheres de 13 a 23 anos. No enterro, 100 mil pessoas. O fato, mitificado, passa a ser apresentado como origem do Dia da Mulher (ver 8 de março).
  
1957:
Tratado de Roma; 6 países criam a Comunidade Econômica Européia.
  
1964:
Revolta dos marinheiros no Rio, com adesão dos fuzileiros navais. O agente infiltrado cabo Anselmo procura criar um pretexto para o golpe de 1964.
Marinheiros
revoltados
  
1977:
Golpe militar na Tailândia.
  
1985:
Sarney revoga a portaria de 1978 que proíbe centrais sindicais.
  
1991:
Descoberta em cemitério de S. Paulo vala clandestina destinada a vítimas da ditadura.
  
1998:
A Comissão de Mortos e Desaparecidos do Min. da Justiça admite que Zuzu Angel morreu (1976) em atentado político e não em acidente de automóvel

Reforma política foi tema das comemorações dos 89 anos do PCdoB

A liberdade de organização partidária foi lembrada por todos os oradores na solenidade de comemoração dos 89 anos do PCdoB, na tarde/noite desta quarta-feira (23), na Câmara dos Deputados. No momento em que o Congresso Nacional discute a reforma política, deputados, senadores e lideranças partidárias destacaram a importância dos partidos políticos para a democracia. Presentes na solenidade o presidente do PCdoB, Renato Rabelo, e a vice-presidente, a deputada federal Luciana Santos (PE).
“No momento que se debate a reforma política, acentua-se o compromisso com a liberdade de organização partidária”, disse o líder do PCdoB na Câmara, deputado Osmar Júnior (PI), o primeiro a falar, apontando o rumo dos discursos dos demais oradores.

O ministro das Relações Institucionais, Luiz Sérgio, presente ao evento, tentou minimizar o problema gerado pelo PT, que é favorável ao fim das coligações. “Esse é o momento em que todos os partidos do campo democrático e popular devem debater essa questão, porque a democracia é valor que devemos preservar, valor que deve ser garantido pelo conjunto da sociedade e não pelas forças econômicas.”

O vice-presidente do PSB, Roberto Amaral, a exemplo do petista, lembrou as lutas conjuntas do seu Partido com o PCdoB “pela democracia, na defesa das liberdades e na construção de um país rico, com distribuição de renda e felicidade.” Ele disse ainda, dirigindo-se ao presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo: “nós nos distinguimos dos demais democratas que abraçamos porque queremos um regime de verdade social, e não devemos abrir mão de nossa luta pela construção de um novo país, sem perder de vista a luta ideológica, que nós somos a esquerda, nós somos o avanço.”

Também como todos os demais oradores, Amaral lembrou “a liderança emocionante de João Amazonas” nessas lutas, principalmente na construção da Frente Brasil Popular. A trajetória de João Amazonas, contado no livro “Perfil Parlamentar de João Amazonas”, lançado no evento, marcou as comemorações de aniversário do Partido.

A obra, organizada pelo jornalista Pedro de Oliveira, publicada pela Câmara dos Deputados, resgata as contribuições de João Amazonas no âmbito do Congresso Nacional e na esfera do movimento social, intelectual e político.

Recomposição da memória
Renato Rabelo, que encerrou a solenidade, destacou em seu discurso a atuação do PCdoB nas lutas de conquistas democráticas e populares. “Por isso foi a instituição mais perseguida pelas ditaduras. Em seus 89 anos de existência, são menos de 28 anos de legalidade”, disse.

Rabelo destacou o esforço que vem sendo feito desde 1980 para recompor a memória do PCdoB nessa longa trajetória. “Muitos dos documentos foram destruídos, dispersos e perdidos”, lembrou.

Ele também falou sobre a ideologia do partido, inspirados nos ensinamentos de Karl Marx e Engels, que após a mais recente crise econômica mundial, se tornaram bem atuais. E lembrou que o PCdoB tem procurado aprender com os erros e que o modelo político de Marx e Engels deve ser adaptado para a realidade brasileira.

Compromisso com os brasileiros
A cada ano, o PCdoB realiza uma solenidade na Câmara para comemorar o seu aniversário. Segundo o líder Osmar Júnior, “todos os anos nós renovamos o nosso compromisso com o Brasil, com a democracia, sobretudo com o povo e trabalhadores brasileiros”.

O senador Inácio Arruda (CE) disse, em meio a críticas das teses do voto majoritário e do fim das coligações na discussão da reforma política, que os 89 anos do Partido, os preparativos para os 90 anos, o livro perfil de João Amazonas são demonstração de nossa trajetória de firmeza em defesa da democracia. E lembrou que “as ideias e programas partidários devem estar à frente e essa é a nossa marca”.

O ministro do Esporte, Orlando Silva, também discursou. E sem fugir do tema presente, disse que “a história do PCdoB se confunde com a luta democrática do nosso País”, acrescentando que “um partido só sobrevive 89 anos tendo muita convicção, firmeza e coerência nessa trajetória”.

Sobre João Amazonas
O livro Perfil Parlamentar de João Amazonas, que foi distribuído entre os convidados ao final do evento, conta a história daquele que foi o principal dirigente do PCdoB após a reorganização do Partido, em 1962. Apontado pelo atual presidente do PCdoB, Renato Rabelo, como o grande ideólogo do Partido, Amazonas só finalizou sua militância com sua morte, em 2002, aos 90 anos, exercendo a presidência de Honra do PCdoB.

O senador Inácio Arruda (PCdoB-CE) que assina um dos depoimentos sobre Amazonas no livro lembra que ele “dedicou sua vida à tarefa de compreender e buscar soluções para os graves problemas nacionais, tarefa para a qual considerava o Partido Comunista do Brasil um importante instrumento”, acrescentando que “nada mais justo que comemorar o início da celebração dos 90 anos do partido com o lançamento do seu perfil político”, afirmou.

De Brasília
Márcia Xavier

quinta-feira, 24 de março de 2011

Identidade comunista, caráter revolucionário, socialismo

Ao completar, em 25 de março de 2011, seu octogésimo nono aniversário, o Partido Comunista do Brasil desencadeia os preparativos para celebrar os 90 anos de sua fundação e de atuação ininterrupta na história do país. O Comitê Central, reunido nos últimos dias 19 e 20 aprovou o documento: Rumo aos 90 anos: História que alimenta os combates do presente. Acompanhe a íntegra.

Filho das lutas dos trabalhadores nasceu empunhando a bandeira do socialismo a qual soube irmanar com as jornadas pelos direitos do povo e pelo desenvolvimento soberano e democrático do Brasil. Este conteúdo de sua trajetória é o que explica sua longevidade e seu contínuo rejuvenescimento. É o que o faz um partido jovem sendo o mais antigo.

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Ao encaminhar-se para seus 90 anos é uma legenda que se expande. Alarga sua presença nas várias esferas da luta política, social e de ideias. Organizado nas 27 unidades federativas do país ele se aproxima da marca dos 300 mil filiados e atua para aumentar suas bases militantes entre os trabalhadores, a juventude e as mulheres. Valoriza suas relações com a intelectualidade progressista, com o mundo da ciência e da cultura. Empenha-se para enriquecer o marxismo-leninismo com o qual busca conhecer cada vez mais a realidade brasileira e mundial. Consciente de que a luta dos trabalhadores e do povo é a força-motriz das mudanças, dedica-se para se vincular crescentemente aos movimentos sociais e às suas mobilizações. Em 2008, com outras forças políticas e correntes do movimento sindical, empenhou-se pela cri ação da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB). Esta entidade plural e classista trava importantes batalhas em prol dos direitos dos trabalhadores e reforça a atuação unitária das centrais sindicais. O Partido tem um vínculo histórico com as aspirações progressistas e revolucionárias dos estudantes e da juventude, cujas lutas e bandeiras da União da Juventude Socialista (UJS) têm sido um canal de expressão. De igual modo, valoriza, com palavras e prática, a luta emancipacionista das mulheres.

Nas últimas eleições aumentou sua representação no Congresso Nacional e nas Assembleias Legislativas. Engajou-se com afinco na campanha que garantiu a terceira vitória consecutiva do povo, com a eleição da presidente Dilma Rousseff. Exerce responsabilidades institucionais no governo da República e, também, em vários governos estaduais e em dezenas de municípios. O objetivo central de sua orientação política, no presente período, é lutar para garantir o êxito do governo Dilma que tem a desafiadora missão de conduzir o país para uma nova etapa de seu projeto nacional de desenvolvimento.

A expansão de sua força se dá com o cultivo de sua identidade comunista cujo traço distintivo é sua missão histórica de luta pelo socialismo. Para levar adiante este grande projeto transformador, movimenta-se para que sua essência revolucionária seja continuadamente reafirmada e avivada. Para tal, dissemina seu Programa Socialista para o povo vinculando suas bandeiras e diretivas às batalhas do presente e apontando o caminho para alcançá-lo. Concentra esforços para aprofundar suas raízes com as lutas dos trabalhadores e do povo, pois tem a convicção de que cabe à classe trabalhadora liderar as jornadas pela conquista e pela construção do socialismo. Sublinha que sua unidade de ação é indispensável para desempenhar suas responsabilidades históricas. Realiza forte atividade internacionalista, de apoio e solidariedade aos povos que lutam pela paz e pelo direito à soberania de seus países.

Longo e difícil foi o caminho que percorreu até aqui. Enfrentou governos retrógrados e ditaduras que infestaram o período republicano. Toda vez que a democracia foi golpeada ele – com ela compromissado – foi o primeiro a ser atingido. Ostentando em sua bandeira os símbolos do trabalho, autêntica representação política dos trabalhadores, carne e unha com suas lutas e organizações, foi severamente perseguido pelas classes dominantes. Num país gigante de riquezas sempre cobiçado e saqueado pelas grandes potências, a defesa que realiza da soberania nacional atraiu o ódio dos entreguistas e do imperialismo. Em decorrência de sua fidelidade à causa do socialismo no contexto da “Guerra Fria” que regeu grande parte do século passado, recebeu contra si um anticomunismo permeado de propaganda caluniosa e violências e perseguições de toda ordem.

Como resultante dessas vicissitudes, nestes 89 anos de existência apenas 28 foram na legalidade. Na República Velha, em meses não contínuos, teve sete meses e doze dias de atuação tolerada. De 1930 a 1985, teve apenas um ano, seis meses e dez dias de legalidade. Legalizado em 1985, completa, agora em 2011, vinte e seis anos de atuação livre. É um Partido que se forjou, portanto, combatendo ditaduras e defendendo a democracia e a liberdade! E apesar dessas duras condições de atuação, ajudou a construir o Brasil em distintas dimensões.

Mas a luta em defesa da democracia prossegue. Em 2006, depois de intensa luta política, o Supremo Tribunal Federal julgou inconstitucional a tentativa do conservadorismo de instituir a cláusula de barreira cujo objetivo era barrar a presença do Partido Comunista do Brasil e de outras legendas democráticas no parlamento brasileiro. Hoje, o PCdoB bate-se por uma reforma política que amplie a democracia, ao mesmo tempo em que luta pela democratização da mídia. Enfrenta a renitência da direita que insiste em tentar criminalizar os movimentos sociais.

São muitos os episódios emblemáticos que se seguem à data magna, ao Congresso fundador – realizado em Niterói, Rio de Janeiro, em 25 de março de 1922 – que deu início a sua saga heroica e construtiva. Ao percorrer seu itinerário, despontam também erros e insuficiências que se apresentaram em diferentes etapas de sua história. Mas um dos fatores de sua longevidade é que soube aprender com os equívocos e enriquecer a conduta política com reflexões autocríticas acerca de suas concepções e prática política.

Entre os episódios marcantes de sua existência destacam-se alguns. A Conferência da Mantiqueira, 1943, que elegeu uma nova direção nacional e reestruturou o Partido que fora severamente golpeado pela truculência do Estado Novo. O aporte das bancadas de parlamentares comunistas às duas últimas Constituintes: a de 1946 e a de 1988. Dispositivos e artigos referentes aos direitos dos trabalhadores, à democracia e à soberania nacional presentes nas duas Cartas tiveram o concurso de seus parlamentares. A Conferência Extraordinária, de fevereiro de 1962, de significado e alcance histórico relevantes, pois garantiu sua continuidade revolucionária entremeada a uma grave crise política e ideológica. A Resistência Armada do Araguaia (1972 a1974), momento alto de sua luta contra a ditadura militar, expressão da radicalidade de compromisso com a democracia. O 8º Congresso de 1992, que enfrentou com êxito o tufão anticomunista advindo do fim da União Soviética e reafirmou o socialismo em novas bases, além de ter traçado as linhas de enfrentamento ao neoliberalismo que assolou o país na década de 1990. A 9ª Conferência, de 2003, que traçou as diretrizes para a participação dos comunistas em governos de coalizão no capitalismo, dando orientações para suas atividades no ciclo novo aberto pela vitória de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2002. E, finalmente, o 12º Congresso, realizado em 2009, que aprovou um novo programa no qual o socialismo renovado e revigorado pelas lições de sua primeira experiência é apresentado, na dinâmica da evolução histórica e política da Nação e no atual estágio do capitalismo, como um marco impulsionador de um terceiro ciclo civilizacional para o Brasil. Proclama, também, que no curso con creto da luta política do país o Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento é o caminho brasileiro para o socialismo.

A agenda de atividades comemorativas dos seus 90 anos tem os preparativos e primeiros lances desde já para ter o coroamento em março do ano próximo. Ela deverá revelar o rico elenco de lutas do Partido Comunista do Brasil, o legado ao acervo de conquistas dos trabalhadores e da Nação. Legado que é fruto da militância revolucionária de várias gerações de comunistas nas quais estão presentes inúmeros heróis do povo brasileiro. Desde os fundadores de 1922 – simbolicamente homenageados no eloquente talento de Astrojildo Pereira – aos que o dirigiram nos tumultuados e enriquecedores anos de meados do século passado cuja expressão é o destacado líder popular, Luiz Carlos Prestes, até a contemporaneidade quando se agiganta o papel de João Amazonas como construtor e ideólogo do Partido Comunista que vicejou e se projetou para o Século XXI.

Escrever a história, resgatar a memória de seu acervo de realizações e lições, de sua galeria de heróis de homens e mulheres que deram sua vida pela causa do Brasil, da democracia e do socialismo, inspiram as gerações contemporâneas a seguir avante. Alimentam-nas de ânimo e entusiasmo para edificarem um partido coeso, forte, influente, massivo com bases militantes, capaz de forjar a aliança necessária e liderar as lutas para o triunfo de seu Programa Socialista.

São Paulo, 20 de março de 2011

O Comitê Central do Partido Comunista do Brasil-PCdoB

quarta-feira, 23 de março de 2011

PCdoB vai ao ar em programa de TV e rádio nesta quinta

Na véspera de completar seus 89 anos, o PCdoB vai ocupar cadeia de rádio e TV em todo o país. Será nesta quinta-feira, dia 24, em um programa em que os milhões de brasileiros verão o vermelho dos comunistas se misturar com o verde e amarelo da bandeira nacional. O programa será veiculado às 20h30 na TV e às 20 horas no rádio. Nos dias seguintes, até 2 de abril, irão ao ar as inserções de 30 segundos.

Inspiradas numa das grandes paixões dos brasileiros, as peças usam o esporte como alegoria, com um tom positivo e vencedor, com os desafios e conquistas que são característicos da vida do PCdoB e dos brasileiros. O programa de TV vai mostrar que o PCdoB, assim como o povo brasileiro, supera suas dificuldades com luta, garra, dedicação, esforço, liderança, trabalho de equipe. Foi assim que o partido enfrentou as dificuldades para completar os seus 89 anos, da clandestinidade até o governo Dilma.

Para o secretário de Comunicação do Comitê Central, José Reinaldo Carvalho, “o partido transmite, através de linguagem plástica e leve, própria do meio, uma mensagem política clara – o socialismo como rumo, através do caminho da luta pela democracia, os direitos do povo, o progresso social, a soberania nacional e o projeto de desenvolvimento”. Segundo ele, as peças publicitárias vão mostrar que o PCdoB é de luta e tocar num tema “sensível e mobilizador” para os movimentos sindicais e populares – as reformas estruturais – “tão necessárias para o Brasil dar um salto em seu desenvolvimento e assegurar a emancipação nacional e social”.  O secretário de Comunicação do PCdoB diz que aguarda com muita expectativa a receptividade da militância e do público, mas adianta que o partido tem dado “passos consistentes” no profissionalismo e na elevação do padrão estético na confecção das peças de rádio e TV.

Neste paralelo com o esporte e a vida cotidiana, o programa vai refletir a atmosfera de otimismo que tomou conta dos brasileiros desde os governos do presidente Lula. Otimismo que se manifesta na esperança e na luta que trouxeram para o país as Olimpíadas e a Copa do Mundo, que apesar dos agouros diários da velha mídia, vão marcar uma nova etapa do Brasil no cenário internacional.

O programa vai falar das reformas necessárias, que são fundamentais para fazer a nação avançar de verdade. Como não poderia deixar de ser, terá destaque a comemoração do 89º aniversário do PCdoB, com uma linguagem que pretende aproximar o partido dos jovens e se apresentar para o grande público com feição moderna. Tudo isso vai estar condensado na mensagem: PCdoB. O partido do socialismo. Há 89 anos, jogando para o Brasil vencer.

Um programa próprio para o rádio foi produzido, utilizando linguagem adequada ao meio radiofônico.

Todas as peças que irão ao ar a partir desta quinta-feira tiveram a direção artística do publicitário Marcelo Brandão e a coordenação política de Kérisson Lopes, da Comissão Nacional de Comunicação do PCdoB.

Da Redação

Protógenes desmente insinuações sobre mudança de partido

O deputado federal Protógenes Queiroz (PCdoB-SP) participou nesta segunda-feira (21), em São Paulo, do ato de pré-lançamento do PSD (Partido Social Democrático), sigla capitaneada pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. Apesar da presença do deputado ser apenas protocolar, sua participação no evento fez surgir na imprensa rumores sobre uma suposta possibilidade dele deixar o PCdoB para ingressar na nova sigla.

Em esclarecimento enviado ao Vermelho e também comunicado à imprensa, Protógenes nega qualquer intenção nesse sentido. Reafirma que seu partido é o PCdoB e nele permanecerá.

Sobre os rumores de que seria pré-candidato à Prefeitura de São Paulo, Protógenes esclarece que se fosse para ser candidato, só o seria pelo PCdoB. "O projeto eleitoral do PCdoB para 2012 em São Paulo deve ter como objetivo aumentar significativamente a representação de vereadores no estado e a eleição de prefeitos e vice-prefeitos e a direção do Partido ainda está discutindo nomes", diz o deputado Protógenes.


terça-feira, 22 de março de 2011

Organização denuncia nova guerra do imperialismo

Em nota do seu secretariado, com sede em Atenas, o Conselho Mundial da Paz condenou a agressão imperialista à Líbia em nota emitida no último domingo (20). Na véspera, a presidente, Socorro Gomes, também lançou um comunicado protestando contra a guerra.

O imperialismo começou uma nova guerra
O Conselho Mundial da Paz (CMP) expressa sua veemente e enérgica condenação à agressão imperialista que foi iniciada contra a Líbia. A total escalada militar de operações da França, do Reino Unido e dos EUA, com o apoio da Liga Árabe e de vários Estados da União Europeia e da OTAN, prova que a agressão havia sido planejada há muitos dias.

Os imperialistas estão usando o pretexto da intervenção humanitária para proteção dos civis, com o objetivo claro de tomar o controle dos recursos energéticos do país e impor um novo regime, de acordo com seus interesses. Mesmo tendo condenado o uso da força militar do Exército líbio contra manifestantes civis, o Conselho Mundial da Paz reitera que é um direito soberano do povo líbio escolher seu governo e que, na verdade, seus recursos naturais são o alvo do poder real das corporações transnacionais e multinacionais imperialistas que estão por trás de tudo isso.

Foram mortos centenas de líbios e esta matança do povo líbio pelos imperialistas continua em seu terceiro dia. Este acontecimento prova claramente que a decisão do Conselho de Segurança das Nações Unidas, mediante a resolução 1973, para impor uma Zona de Exclusão no espaço aéreo líbio simplesmente foi usada para dar início a uma guerra contra a Líbia. A própria ONU está cometendo crimes contra os povos do Afeganistão, do Iraque e muitos outros.

Exigimos o fim imediato da agressão e a retirada das forças militares estrangeiras da área.

Parar a guerra à Líbia agora!

20 de março de 2011
O Secretariado do Conselho Mundial da Paz
Fonte: Cebrapaz

sexta-feira, 18 de março de 2011

PCdoB defende coligações na reforma política: mais democracia

A decisão da Comissão da Reforma Política da Câmara de iniciar as discussões pelo modelo de sistema eleitoral demonstra que o roteiro estabelecido está correto e há compromisso. A opinião é do deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA), membro da comissão, ao avaliar o resultado das primeiras reuniões ocorridas nesta semana. Segundo ele, o PCdoB tem conversado com todos os partidos, inclusive o PT, “e o que prevalece são pontos de identidade no que se refere ao sistema eleitoral.”

O líder comunista admite que existe “uma pequena diferença de opinião a respeito do fim da coligação”. Ele diz que o fim das coligações atende interesse dos grandes partidos, que acreditam que podem dispensar as coligações. Segundo ele, os médios e pequenos partidos acreditam que não há razão para proibir o direito de se coligar. “Suprimir esse direito é anti-democrático”, afirma.

Ele explica que o PCdoB defende as coligações porque considera um processo mais democrático. “Ele é a essência do princípio constitucional do direito de liberdade de organização partidária. Não é impositivo (a coligação), faz quem quer, mas deve existir o direito de coligar. Suprimir esse direito é anti-democrático”, insiste.

Para o deputado do PCdoB, “essa é a diferença que temos (com o PT) e estamos discutindo”, diz, minimizando a questão ao enfatizar que o que prevalece são pontos de identidade no que se refere a sistema eleitoral, além de financiamento público de campanha e lista fechada. “A essência com o PT é de diálogo, parceria e grande identidade”, afirma.

Ele destaca ainda, como decisão importante da comissão, o fato de, apesar de discutir o assunto por temas, não vai se deliberar isoladamente. Ele avalia que “ao decidir um modelo (de sistema eleitoral), você implicitamente - ou explicitamente - manifesta uma opinião sobre outros temas”.

E explica: “É que não dá separar o sistema eleitoral de coligação, financiamento, organização partidária, você pode focar no modelo, mas um assunto está ligado a outro. Lista fechada sem financiamento público é quase impossível. Pensar em coligação com voto distrital é impossível; com voto distrital não pode haver coligação”, diz, acrescentando que “a depender do modelo que se adote, alguns temas correlatos ficam prejudicados”.

Próximos passos
Na próxima terça-feira (22), haverá uma apresentação geral aos deputados sobre os modelos de sistemas eleitorais – sistema proporcional, voto distrital, voto distrital misto, voto majoritário da circunscrição (o chamado ‘distritão’, que corresponde a todos os eleitores de um estado), lista aberta, como é atualmente, e lista fechada de candidatos.

Na quinta-feira (24), haverá a primeira audiência pública para debater o sistema eleitoral brasileiro. De acordo com o sistema de trabalho definido pela comissão, as reuniões de quinta-feira serão destinadas à realização de audiências públicas relacionadas ao tema que estiver sendo discutido no momento, enquanto as votações serão concentradas nas reuniões de terça-feira.

Serão convidados para a audiência o ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Walter Costa Porto; o juiz Marlon Jacinto Reis, integrante do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral; e representantes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

Além dos quatro convidados iniciais, foram aprovados convites a diversas outras pessoas que serão chamadas posteriormente: o diretor do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), Antônio Augusto de Queiroz; os sociólogos Maria Francisca Coelho, Maria Victória Benevides, Francisco de Oliveira, Guacira Cesar de Oliveira; a filósofa Marilena Chauí; e o cientista político Bolívar Lamounier.

Conforme o cronograma anunciado pelo presidente da comissão, deputado Almeida Lima (PMDB-SE), os debates seguintes tratarão de financiamento de campanha, de regras de campanhas e propaganda eleitoral, e de instrumentos de participação popular (como plebiscito, referendo e projetos de iniciativa popular).

Paralelamente, a comissão vai realizar cinco audiências externas, em estados das cinco regiões geográficas brasileiras.

De Brasília
Márcia Xavier
Com Agência Câmara

quinta-feira, 17 de março de 2011

Movimentos sociais definem agenda de protestos contra Obama

A visita do presidente norte-americano ao Brasil faz parte de um conjunto de estratégias de Washington para tentar reverter o cenário de crise vivido pelos Estados Unidos hoje. Muitos dólares estão sendo gastos para tentar resgatar a chamada popularidade de Obama pelo mundo. Nesse sentido, o Nobel da Paz pretende aproveitar muito bem sua estada no Brasil.

Enquanto o governador, Sérgio Cabral, reúne esforços em campanhas para que a população dê boas vindas e seja receptiva com o presidente, movimentos sociais se posicionam contrários à visita do chefe de Estado.
Em contrapartida ao recrutamento de pessoas para dar boas vindas ao presidente, diversos movimentos sociais resolveram para tornar público seu manifesto contra a visita de Obama no documento “Obama é persona non grata no país”.

Plenária
Cerca de 200 representantes do movimento social brasileiro se reuniram na noite desta quarta-feira (16), na sede do Sindicato dos Petroleiros do Estado do Rio (Sindipetro-RJ), para programar protestos contra a visita do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, à capital carioca. Estiveram presentes lideranças do Cebrapaz, CUT, MST, UNE, Ubes, CTB, Conam, Unegro, entidades sindicais,entre outros.

As ações de repúdio contra o imperialismo norte-americano — debatidas durante a plenária — têm como marca a crítica contra a política de duas caras de Obama, que utiliza uma retórica demagógica de defesa da paz e dos direitos humanos, mas que na prática realiza uma política militarista e de intervenção contra países e povos soberanos.

Durante o encontro, foi criticada a escolha do governo da histórica Praça da Cinelândia para o discurso de Obama. Segundo a secretária estadual de Movimentos Sociais e Populares do PCdoB-RJ, Sônia Latge, o local faz parte da história dos movimentos sociais brasileiros na luta pela democracia, pela soberania nacional e em defesa de nossas riquezas e contra as investidas imperialistas.

“A Cinelândia sempre foi utilizada pelo povo brasileiro como palco das manifestações pela democracia e pela soberania nacional. O discurso de Obama representa uma espécie de apropriação indébita” afirmou Latge.

Para ela, o presidente norte-americano deve explicações ao mundo sobre os crimes impostos pelo seu país às nações – como é o caso do bloqueio a Cuba, a ingerência militar em Honduras, Panamá e Colômbia e as articulações para imposição de intervenções na Líbia. “Obama não tem nada a dizer ao povo brasileiro. Ele deve explicar ao mundo a política imperialista dos EUA”, afirmou Latge.

Eixos
A reunião definiu a utilização de três eixos nos protestos contra a presença do líder norte-americano: “Obama: são muitas guerras para quem fala em paz!”, proposta pelo Centro Brasileiro de Solidariedade e Luta pela Paz (Cebrapaz); “Obama go home!” e “Obama tire as mão do nosso pré-sal!”.

Para a presidente do Conselho Mundial da Paz e do Cebrapaz, Socorro Gomes, apesar da campanha midiática pró-Obama, suas reais intenções são a imposição de uma agenda imperialista na região.

“A nossa experiência mostra que os EUA não nos veem como amigos, mas como terra para explorar, dominar e saquear. Querem saquear recursos naturais, controlar os nossos mercados e dominar nossos povos [da América Latina]”, explica.

Protestos

A reunião definiu uma agenda comum dos movimentos contra a presença de Obama. Nesta sexta-feira (18), a partir das 16 horas, será realizada uma passeata que seguirá da Candelária à Cinelândia.

“O povo quer dar a Obama a mensagem de que sua política não é bem-vinda ao Brasil. É uma demonstração de que o povo brasileiro, mesmo sendo hospitaleiro, se opõe às políticas de guerra norte-americanas. É uma manifestação de repúdio contra quem vem à nossa casa falar de paz e provoca agressões em todo o mundo”, explicou o secretário geral do Cebrapaz, Rubens Diniz .

No domingo (20), as entidades também organizam ações diversificadas durante o pronunciamento de Obama. As manifestações acontecerão em diversos pontos da cidade e deverão utilizar do humor e do sarcasmo para expressar seu repúdio e indignação.

Ainda de acordo com Rubens, o dia 20 de março é uma data simbólica na agenda internacional dos movimentos sociais. A data marca os 8 anos da invasão do Iraque pelos Estados Unidos. “Este é um dia em solidariedade aos povos em luta em todo mundo. Os movimentos, reunidos na Assembleia dos Movimentos Sociais, no Fórum Social Mundial [realizado em dezembro de 2010, no Senegal, África], haviam tirado essa data em solidariedade às lutas no norte da áfrica e em oposição às ocupações estrangeiras e às bases militares”.

Os organizadores das manifestações esperam que 20 de março seja lembrado como o “Dia Mundial de Luta contra bases militares dos Estados Unidos” e não como um showmício, protagonizado por Obama.

Política Externa
Além do Brasil, Obama passará por mais dois países da América Latina — Chile e El Salvador— para fortificar o discurso imperialista.

É a primeira vez na história do país que um presidente dos Estados Unidos chega ao Brasil antes que este lhe faça uma visita. Segundo especialistas, o momento é oportuno para a chegada de Obama, já que, de acordo com eles, a nova presidente da República, Dilma Rousseff, tende a não adotar as mesmas ênfases em política externa de seu antecessor Luiz Inácio Lula da Silva.

Embora a chegada de Obama, que virá acompanhado de sua mulher Michelle e das filhas, esteja sendo amplamente comentada pela imprensa, os reais motivos que constituem a agenda da visita ainda não passam de especulações. A primeira refere-se aos assuntos bilaterais que envolvem relações econômicas entre Brasil e Estados Unidos. Como a economia norte-americana está passando por um cenário de crise, o mandatário estadunidense tentará aproveitar a viagem ao Brasil em benefício próprio do ponto de vista econômico e comercial.

Outro tema pretendido pela agenda da visita, segundo assessores de Obama é a construção de uma “nova era” de relações entre os EUA e a América Latina. Há ainda um terceiro item na agenda de Obama que, ao que tudo indica, ficará claro em seu discurso na Cinelândia (RJ): aproveitar o momento de democracia e luta contra a erradicação da miséria no Brasil para dizer que ambos os países possuem uma unidade ideológica em torno de valores democráticos e sociais.

Da redação,
Mariana Viel e Fabíola Perez

quarta-feira, 16 de março de 2011

Quem tem medo da verdade?

Por Cynara Menezes
Temos diante de nós uma oportunidade de ouro: a de colocar em pratos limpos quem é democrata de fato no País e quem usa a democracia como uma bandeira de conveniência. Durante oito anos, a grande imprensa brasileira cobrou do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva fictícios atentados contra a liberdade de expressão. Acusavam Lula de possuir “anseios autoritários”. Nunca antes na história viram-se jornais tão zelosos do sagrado direito do cidadão de se informar. Mas quem agora, dentre estes baluartes da democracia, será capaz de se posicionar ao lado da presidenta Dilma Rousseff em favor da instalação da Comissão da Verdade, que pretende apurar os crimes cometidos durante a ditadura? Ou isto não é direito à informação?
Dilma tem manifestado a auxiliares seu interesse em proporcionar uma satisfação oficial do Estado a familiares e vítimas da ditadura, como fizeram nossos vizinhos na Argentina, Chile e Uruguai. Faz parte da agenda da ex-guerrilheira, presa e torturada, destacar-se na defesa dos Direitos Humanos. A titular da pasta, ministra Maria do Rosário, declarou, de chegada, ser assunto prioritário do governo a instalação da comissão. Mas foi só a presidenta assumir que sumiram das páginas mais “liberais” de nossa imprensa os artigos dos colunistas fixos em defesa da comissão. Foram suplantados por textos em defesa da… Defesa, o poderoso ministério que abriga os militares das três Forças.

No final do governo Lula, um articulista da nobre página 2 da Folha de S.Paulo, por exemplo, chegou a publicar várias colunas cobrando do presidente mais vigor na investigação do período militar, que tirasse a Comissão da Verdade do papel. Depois que Dilma demonstrou estar decidida a encarar o desafio, nunca mais. O que se vê atualmente são matérias, à guisa de furos de reportagem, ecoando a opinião dos militares mais obtusos da ativa, se não simplesmente já em seus pijamas. Em editoriais, mesmo, nenhum dos nossos grandes e democráticos jornais foi capaz de defender a instalação da comissão.

O Globo, aliás, fez justamente o contrário: espinafrou qualquer possibilidade de se mexer num passado que não lhe foi, afinal, o que poderia se chamar de “período de vacas magras”. Em editoriais, o jornal dos Marinho, sempre tão vigilante na hora de apontar tendências antidemocráticas em Lula, chamou a comissão de “orwelliana” e “encharcada de revanchismo”. Uma verdadeira “CPI da Ditadura” – como se isso não fosse algo a celebrar. O diário carioca fez malabarismos ao aliar o suposto “autoritarismo” de Lula a uma comissão “ao gosto dos regimes stalinistas”. É certo que Stalin reescreveu a verdade a seu bel-prazer. O Globo, porém, parece preferir que ela não seja nem sequer contada.

No início deste ano, a Folha bem que tentou disfarçar sua real opinião sobre o período que alcunhou de “ditabranda”, intercalando artigos de convidados contra e a favor da instalação da comissão. E uma ou outra carta apareceu em seu painel do leitor francamente favorável à investigação do passado. Mas a posição oficial do jornal é de editorial publicado em 31 de dezembro de 2009. Os crimes da ditadura, assegurava a Folha, “foram cometidos pelos dois lados em conflito”. Revisar a Lei da Anistia, nem pensar, publicou no editorial: “Não há nenhuma vantagem para a democracia em atiçar ressentimentos”. Para concluir: “O passado não deve ser esquecido – mas que não seja entrave e fonte de perturbação para o presente”.

A mim parece no mínimo curioso que órgãos de imprensa tão ciosos da democracia acatem os argumentos dos generais que impingiram ao país – eles sim, não Lula – uma ditadura. O projeto da Comissão da Verdade inclusive contempla a caserna, ao propor também a investigação de possíveis abusos cometidos pelos que lutaram contra o regime militar. Exigência, como se vê, dos militares, aliados aos jornais, e levada a cabo pelo ministro da Defesa, Nelson Jobim, que por fim conseguiu embuti-la no texto levado ao Congresso. Ainda assim, continuam as restrições à comissão, pelos soldados armados e os de papel.

Um observador atento diria que a atitude reticente dos jornais em relação à Comissão da Verdade deixa transparecer um certo temor das investigações. Mas por que a grande imprensa brasileira teria medo da verdade? Acaso seria uma verdade inconveniente? Tempos estranhos estes em que democratas preferem o obscurantismo à luz.

Uma nota: O Estado de S.Paulo fica de fora desta análise apenas porque não encontrei em seu arquivo online e na internet nenhuma opinião do jornal sobre a Comissão da Verdade. Teria optado pelo silêncio?

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Fonte: CartaCapital

segunda-feira, 14 de março de 2011

Tragédias naturais como do Japão expõem perda da noção de limite

Nas catástrofes atuais, parece que vivemos um paradoxo: se, por um lado, temos um desenvolvimento vertiginoso dos meios de comunicação, por outro, a qualidade da reflexão sobre tais acontecimentos parece ter empobrecido. A humanidade está bordejando todos os limites perigosos do planeta Terra e se aproxima cada vez mais de áreas de risco. A ideia de limite se perdeu e a maioria das pessoas não parece muito preocupada com isso. 


por Marco Aurélio Weissheimer, na Carta Maior

No dia 1° de novembro de 1775, Lisboa foi devastada por um terremoto seguido de um tsunami. A partir de estudos geológicos e arqueológicos, estima-se hoje que o sismo atingiu 9 graus na escala Richter e as ondas do tsunami chegaram a 20 metros de altura. De uma população de 275 mil habitantes, calcula-se que cerca de 20 mil morreram. Além de atingir grande parte do litoral do Algarve, o terremoto e o tsunami também atingiram o norte da África. Apesar da precariedade dos meios de comunicação de então, a tragédia teve um grande impacto na Europa e foi objeto de reflexão por pensadores como Kant, Rousseau, Goethe e Voltaire. A sociedade europeia vivia então o florescimento do Iluminismo, da Revolução Industrial e do Capitalismo. Havia uma atmosfera de grande confiança nas possibilidades da razão e do progresso científico.

No Poème sur le desastre de Lisbonne (“Poema sobre o desastre de Lisboa”), Voltaire satiriza a ideia de Leibniz, segundo a qual este seria “o melhor dos mundos possíveis”. “O terremoto de Lisboa foi suficiente para Voltaire refutar a teodiceia de Leibniz”, ironizou Theodor Adorno. “Filósofos iludidos que gritam, ‘Tudo está bem’, apressados, contemplam estas ruínas tremendas” – escreveu Voltaire, acrescentando: “Que crimes cometeram estas crianças, esmagadas e ensanguentadas no colo de suas mães?”

Rousseau não gostou da leitura de Voltaire e responsabilizou a ação do homem, que estaria “corrompendo a harmonia da criação”. "Há que convir... que a natureza não reuniu em Lisboa 20 mil casas de seis ou sete andares, e que se os habitantes dessa grande cidade se tivessem dispersado mais uniformemente e construído de modo mais ligeiro, os estragos teriam sido muito menores, talvez nulos", escreveu.

Já Kant procurou entender o fenômeno e suas causas no domínio da ordem natural. O terremoto de Lisboa, entre outras coisas, acabará inspirando seus estudos sobre a ideia do sublime. Para Kant, “o Homem, ao tentar compreender a enormidade das grandes catástrofes, confronta-se com a Natureza numa escala de dimensão e força transumanas que, embora tome mais evidente a sua fragilidade física, fortifica a consciência da superioridade do seu espírito face à Natureza, mesmo quando esta o ameaça”.

A tragédia que se abateu sobre Lisboa, portanto, para além das perdas humanas, materiais e econômicas, impactou a imaginação do seu tempo e inspirou reflexões sobre a relação do homem com a natureza e sobre o estado do mundo na época. Uma época, cabe lembrar, onde os meios de comunicação resumiam-se basicamente a algumas poucas, e caras, publicações impressas, e à transmissão oral de informações, versões e opiniões sobre os acontecimentos. Nas catástrofes atuais, parece que vivemos um paradoxo: se, por um lado, temos um desenvolvimento vertiginoso dos meios de comunicação, por outro, a qualidade da reflexão sobre tais acontecimentos parece ter empobrecido, se comparamos com o tipo de debate gerado pelo terremoto de Lisboa.

A espetacularização das tragédias e a perda da noção de limite
Em maio de 2010, em uma entrevista à revista Adverso (da Associação dos Docentes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul), o geólogo Rualdo Menegat, professor do Departamento de Paleontologia e Estratigrafia do Instituto de Geociências da UFRGS, criticou o modo como a mídia cobre, de modo geral, esse tipo de fenômeno.

“Ela espetaculariza essas tragédias de uma maneira que não ajuda às pessoas entenderem que há uma manifestação das forças naturais aí e que nós precisamos saber nos precaver. A maneira como a grande imprensa trata estes acontecimentos (como vulcões, terremotos e enchentes), ao invés de provocar uma reflexão sobre o nosso lugar na natureza, traz apenas as imagens de algo que veio interromper o que não poderia ser interrompido, a saber, a nossa rotina urbana. Essa percepção de que nosso dia a dia não pode ser interrompido pela manifestação das forças naturais está ligada à ideia de que somos sobrenaturais, de que estamos para além da natureza”.

Para Menegat, uma das principais lacunas nestas coberturas é a ausência de uma reflexão sobre a ideia de limite. É bem conhecida a imagem medieval de uma Terra plana, cujos mares acabariam em um abismo. Como ficou provado mais tarde, a imagem estava errada, mas ela trazia uma noção de limite que acabou se perdendo. “Embora a imagem estivesse errada na sua forma, ela estava correta no seu conteúdo. Nós temos limites evidentes de ocupação no planeta Terra. Não podemos ocupar o fundo dos mares, não podemos ocupar arcos vulcânicos, não podemos ocupar de forma intensiva bordas de placas tectônicas ativas, como o Japão, o Chile, a borda andina, a borda do oeste americano, como Anatólia, na Turquia”, observa o geólogo.

Não podemos, mas ocupamos, de maneira cada vez mais destemida. O que está acontecendo agora com as usinas nucleares japonesas atingidas pelo grande terremoto do dia 11 de março é mais um alarmante indicativo do tipo de tragédia que pode atingir o mundo globalmente. O que esses eventos nos mostram, enfatiza Menegat, é a progressiva cegueira da civilização humana contemporânea em relação à natureza. A humanidade está bordejando todos os limites perigosos do planeta Terra e se aproxima cada vez mais de áreas de risco, como bordas de vulcões e regiões altamente sísmicas. “Estamos ocupando locais que, há 50 anos, não ocupávamos. Como as nossas cidades estão ficando gigantes e cegas, elas não enxergam o tamanho do precipício, a proporção do perigo desses locais que elas ocupam”, diz ainda o geólogo, que resume assim a natureza do problema:

"Estamos falando de 6 bilhões e 700 milhões de habitantes, dos quais mais da metade, cerca de 3,7 bilhões, vive em cidades. Isso aumenta a percepção da tragédia como algo assustador. Como as nossas cidades estão ficando muito gigantes e as pessoas estão cegas, elas não se dão conta do tamanho do precipício e do tamanho do perigo desses locais onde estão instaladas. Isso faz também com que tenhamos uma visão dessas catástrofes como algo surpreendente".

A fúria da lógica contra a irracionalidade
Como disse Rousseau, no século XVIII, não foi a natureza que reuniu, em Lisboa, 20 mil casas de seis ou sete andares. Diante de tragédias como a que vemos agora no Japão, não faltam aqueles que falam em “fúria da natureza” ou, pior, “vingança da natureza”. Se há alguma vingança se manifestando neste tipo de evento catastrófico, é a da lógica contra a irracionalidade. Como diz Menegat, a Terra e a natureza não são prioridades para a sociedade contemporânea. Propagandas de bancos, operadoras de cartões de crédito e empresas telefônicas fazem a apologia do mundo sem limites e sem fronteiras, do consumidor que pode tudo.

As reflexões de Kant sobre o terremoto de Lisboa não são, é claro, o carro-chefe de sua obra. A maior contribuição do filósofo alemão ao pensamento humano foi impor uma espécie de regra de finitude ao conhecimento humano: somos seres corporais, cuja possibilidade de conhecimento se dá em limites espaço-temporais. Esses limites estabelecidos por Kant naCrítica da Razão Pura não diminuem em nada a razão humana. Pelo contrário, a engrandecem ao livrá-la de tentações megalomaníacas que sonham em levar o pensamento humano a alturas irrespiráveis. Assim como a razão, o mundo tem limites. Pensar o contrário e conceber um mundo ilimitado, onde podemos tudo, é alimentar uma espécie de metafísica da destruição que parece estar bem assentada no planeta. Feliz ou infelizmente, a natureza está aí sempre pronta a nos despertar deste sono dogmático.


domingo, 13 de março de 2011

Michael Moore: As três mentiras, Madison, Wisconsin

Não queremos ser os Estados dos Business Unidos. Avante, Madison! Força! Estamos com vocês!
Vídeo em http://www.youtube.com/watch?v=wgNuSEZ8CDwAo contrário do que diz o poder, que quer que vocês desistam das pensões e aposentadorias, que aceitem salários de fome, e voltem para casa em nome do futuro dos netos de vocês, os EUA não estão falidos. Longe disso. Os EUA nadam em dinheiro. O problema é que o dinheiro não chega até vocês, porque foi transferido, no maior assalto da história, dos trabalhadores e consumidores, para os bancos e portfólios dos hiper mega super ricos.

Hoje, 400 norte-americanos têm a mesma quantidade de dinheiro que metade da população dos EUA, somando-se o dinheiro de todos.

Vou repetir. 400 norte-americanos obscenamente ricos, a maior parte dos quais foram beneficiados no ‘resgate’ de 2008, pago aos bancos, com muitos trilhões de dólares dos contribuintes, têm hoje a mesma quantidade de dinheiro, ações e propriedades que tudo que 155 milhões de norte-americanos conseguiram juntar ao longo da vida, tudo somado. Se dissermos que fomos vítimas de um golpe de estado financeiro, não estamos apenas certos, mas, além disso, também sabemos, no fundo do coração, que estamos certos.

Mas não é fácil dizer isso, e sei por quê. Para nós, admitir que deixamos um pequeno grupo roubar praticamente toda a riqueza que faz andar nossa economia, é o mesmo que admitir que aceitamos, humilhados, a ideia de que, de fato, entregamos sem luta a nossa preciosa democracia à elite endinheirada. Wall Street, os bancos, os 500 da revista Fortune governam hoje essa República – e, até o mês passado, todos nós, o resto, os milhões de norte-americanos, nos sentíamos impotentes, sem saber o que fazer.

Nunca freqüentei universidades. Só estudei até o fim do segundo grau. Mas, quando eu estava na escola, todos tínhamos de estudar um semestre de Economia, para concluir o segundo grau. E ali, naquele semestre, aprendi uma coisa: dinheiro não dá em árvores. O dinheiro aparece quando se produzem coisas e quando temos emprego e salário para comprar coisas de que precisamos. E quanto mais compramos, mais empregos se criam. O dinheiro aparece quando há sistema que oferece boa educação, porque assim aparecem inventores, empresários, artistas, cientistas, pensadores que têm as ideias que ajudam o planeta. E cada nova ideia cria novos empregos, e todos pagam impostos, e o Estado também tem dinheiro. Mas se os mais ricos não pagam os impostos que teriam de pagar por justiça, a coisa toda começa a emperrar e o Estado não funciona. E as escolas não ensinam, nem aparecem os mais brilhantes capazes de criar mais e mais empregos. Se os ricos só usam seu dinheiro para produzir mais dinheiro, se de fato só o usam para eles mesmos, já vimos o que eles fazem: põem-se a jogar feito doidos, apostam, trapaceiam, nos mais alucinados esquemas inventados em Wall Street, e destroem a economia.

A loucura que fizeram em Wall Street custou-nos milhões de empregos. O Estado está arrecadando menos. Todos estamos sofrendo, como efeito do que os ricos fizeram.

Mas os EUA não estão falidos, amigos. Wisconsin não está falido. Repetir que o país está falido é repetir uma Enorme Mentira. As três maiores mentiras da década são: 1) os EUA estão falidos, 2) há armas de destruição em massa no Iraque; e 3) os Packers não ganharão o Super Bowl sem Brett Favre.

A verdade é que há muito dinheiro por aí. MUITO. O caso é que os homens do poder enterraram a riqueza num poço profundo, bem guardado dentro dos muros de suas mansões. Sabem que cometeram crimes para conseguir o que conseguiram e sabem que, mais dia menos dias, vocês vão querer recuperar a parte daquele dinheiro que é de vocês. Então, compraram e pagaram centenas de políticos em todo o país, para conduzirem a jogatina em nome deles. Mas, p’ro caso de o golpe micar, já cercaram seus condomínios de luxo e mantêm abastecidos, prontos para decolar, os jatos particulares, motor ligado, à espera do dia que, sonham eles, jamais virá. Para ajudar a garantir que aquele dia nunca cheguasse, o dia em que os norte-americanos exigiriam que seu país lhes fosse devolvido, os ricos tomaram duas providências bem espertas:

1. Controlam todas as comunicações. Como são donos de praticamente todos os jornais e redes de televisão, espertamente conseguiram convencer muitos norte-americanos mais pobres a comprar a versão deles do Sonho Americano e a eleger os candidatos deles, dos ricos. O Sonho Americano, na versão dos ricos, diz que vocês também, algum dia, poderão ser ricos – aqui é a América, onde tudo pode acontecer, se você insistir e nunca desistir de tentar! Convenientemente para eles, encheram vocês com exemplos convincentes, que mostram como um menino pobre pode enriquecer, como um filho criado sem pai, no Havaí, pode ser presidente, como um rapaz que mal concluiu o ginásio pode virar cineasta de sucesso. E repetirão essas histórias mais e mais, o dia inteiro, até que vocês passem a viver como se nunca, nunca, nunca, precisassem agitar a ‘realidade’ – porque, sim, você – você, você mesmo! – pode ser rico/presidente/ganhar o Oscar, algum dia!

A mensagem é clara: continuar a viver de cabeça baixa, nariz virado p’ro trilho, não sacuda o barco, e vote no partido que protege hoje o rico que você algum dia será.

2. Inventaram um veneno que sabem que vocês jamais quererão provar. É a versão deles da mútua destruição garantida. E quando ameaçaram detonar essa arma de destruição econômica em massa, em setembro de 2008, nós nos assustamos,

Quando a economia e a bolsa de valores entraram em espiral rumo ao poço, e os bancos foram apanhados numa “pirâmide Ponzi” global, Wall Street lançou sua ameaça-chantagem: Ou entregam trilhões de dólares do dinheiro dos contribuintes dos EUA, ou quebramos tudo, a economia toda, até os cacos. Entreguem a grana, ou adeus poupanças. Adeus aposentadorias. Adeus Tesouro dos EUA. Adeus empregos e casas e futuro. Foi de apavorar, mesmo, e nos borramos de medo. “Aqui, aqui! Levem tudo, todo o nosso dinheiro. Não ligamos. Até, se quiserem, imprimimos mais dinheiro, só pra vocês. Levem, levem. Mas, por favor, não nos matem. POR FAVOR!"

Os economistas executivos, nas salas de reunião e nos fundos rolavam de rir. De júbilo. E em três meses lá estavam entregando, eles, uns aos outros, os cheques dos ricos bônus obscenos, maravilhados com o quão perfeita e absolutamente haviam conseguido roubar uma nação de otários. Milhões perderam os empregos: pagaram pela chantagem e, mesmo assim, perderam os empregos, e milhões pagaram pela chantagem e perderam as casas. Mas ninguém saiu às ruas. Não houve revolta.

Até que... COMEÇOU! Em Wisconsin!

Jamais um filho de Michigan teve mais orgulho de dividir um mesmo lago com Wisconsin!

Vocês acordaram o gigante adormecido – a grande multidão de trabalhadores dos EUA. Agora, a terra treme sob os pés dos que caminham e estão avançando!

A mensagem de Wisconsin inspirou gente em todos os 50 estados dos EUA. A mensagem é “Basta! Chega! Basta!” Rejeitamos todos os que nos digam que os EUA estão falidos e falindo. É exatamente o contrário. Somos ricos! Temos talento e ideias e sempre trabalhamos muito e, sim, sim, temos amor. Amor e compaixão por todos os que – e não por culpa deles – são hoje os mais pobres dos pobres. Eles ainda querem o mesmo que nós queremos: Queremos nosso país de volta! Queremos, devolvida a nós, a nossa democracia! Nosso nome limpo. Queremos de volta os Estados Unidos da América.

Não somos, não queremos continuar a ser, os Estados dos Business Unidos da América!

Como fazer acontecer? Ora, estamos fazendo aqui, um pouco, o que o Egito está fazendo lá. E o Egito faz, lá, um pouco do que Madison está fazendo aqui.

E paremos um instante, para lembrar que, na Tunísia, um homem desesperado, que tentava vender frutas na rua, deu a vida, para chamar a atenção do mundo, para que todos vissem como e o quanto um governo de bilionários lá estava, afrontando a liberdade e a moral de toda a humanidade.

Obrigado, Wisconsin. Vocês estão fazendo as pessoas ver que temos agora a última chance de vencer uma ameaça mortal e salvar o que nos resta do que somos.

Vocês estão aqui há três semanas, no frio, dormindo no chão – por mais que custe, vocês fizeram. E não tenham dúvidas: Madison é só o começo. Os escandalosamente ricos, dessa vez, pisaram na bola. Bem poderiam ter ficado satisfeitos só com o dinheiro que roubaram do Tesouro. Bem se poderiam ter saciado só com os empregos que nos roubaram, aos milhões, que exportaram para outros pontos do mundo, onde conseguiam explorar ainda mais, gente mais pobre. Mas não bastou. Tiveram de fazer mais, queriam ganhar mais – mais que todos os ricos do mundo. Tentaram matar a nossa alma. Roubaram a dignidade dos trabalhadores dos EUA. Tentaram nos calar pela humilhação. Nos tiraram a mesa de negociações!

Recusam-se até a discutir coisas simples como o tamanho das salas de aula, ou o direito de os policiais usarem coletes à prova de balas, ou o direito de os pilotos e comissários de bordo terem algumas poucas horas a mais de descanso, para que trabalhem com mais segurança para todos e possam fazer melhor o próprio trabalho –, trabalho que eles compram por apenas 19 mil dólares anuais.

Isso é o que ganham os pilotos de linhas curtas, talvez até o piloto que me trouxe hoje a Madison. Contou-me que parou de esperar algum aumento. Que, agora, só pede que lhe deem folgas um pouco maiores, para não ter de dormir no carro entre os turnos de voo no aeroporto O'Hare. A que fundo do poço chegamos!

Os ricos já não se satisfazem com pagar salário de miséria aos pilotos: agora, querem roubar até o sono dos pilotos. Querem humilhar os pilotos, desumanizá-los e esfregar a cara dos pilotos na própria vergonha. Afinal, piloto ou não, ele não passa de mais um sem-teto...

Esse, meus amigos, foi o erro fatal dos Estados dos Business Unidos da América. Ao tentar nos destruir, fizeram nascer um movimento – uma revolta massiva, não violenta, que se alastra pelo país. Sabíamos que, um dia, aquilo teria de acabar. E acabou agora, já começou a acabar.

A mídia não entende o que está acontecendo, muita gente na mídia não entende. Dizem que foram apanhados desprevenidos no Egito, que não previram o que estava por acontecer. Agora, se surpreendem e nada entendem, porque tantas centenas de milhares de pessoas viajam até Madison nas últimas semanas, enfrentando inverno brutal. “O que fazem lá, parados na rua, com vento, com neve?” Afinal... houve eleições em novembro, todos votaram... O que mais podem desejar?!” “Está acontecendo algo em Madison. Que diabo está acontecendo lá? Quem sabe?”

O que está acontecendo é que os EUA não estão falidos. A única coisa que faliu nos EUA foi a bússola moral dos governantes. Viemos para consertar a bússola e assumir o timão para levar o barco, agora, nós mesmos.

Nunca esqueçam: enquanto existir a Constituição, todos são iguais: cada pessoa vale um voto. Isso, aliás, é o que os ricos mais detestam por aqui. Porque, apesar de eles serem os donos do dinheiro e do baralho e da mesa da jogatina, um detalhe eles não conseguem mudar: nós somos muitos e eles são poucos!

Coragem, Madison, força! Não desistam!

Estamos com vocês. O povo, unido, jamais será vencido.

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Fonte: http://www.michaelmoore.com/words/mike-friends-blog/america-is-not-broke

Tradução: Vila Vudu