sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

José Reinaldo: Luta de ideias, essência e tarefas do PCdoB




O ano de 2012 foi notável na frente da Luta de Ideias. Em uma conjuntura marcada por embates entre as forças conservadoras e as progressistas, de crise do capitalismo, de solavancos na ordem mundial imperialista, de lutas dos trabalhadores e dos povos pela emancipação nacional e social, é frutífero o esforço dos comunistas e de outras correntes socialistas e revolucionárias para abrir perspectivas à luta pelo socialismo no novo contexto deste começo de século.

Por José Reinaldo Carvalho*


Os comunistas vão ao combate com o seu programa político, aprovado no congresso de 2009, em que a luta pelo socialismo aparece entrelaçada com as grandes bandeiras nacionais: pelo desenvolvimento, a soberania nacional, o aprofundamento da democracia, a solução dos graves problemas sociais, as reivindicações do povo, as reformas estruturais democráticas.

É um programa de convergência com amplas forças políticas e sociais, uma plataforma de combate, um veículo de pedagogia popular na luta, de elevação da consciência do grande povo brasileiro, uma bússola orientadora durante longa, acidentada e sinuosa travessia. 

No quadro dos esforços para desenvolver a luta de ideias ao longo do ano de 2012, é mister destacar ao menos três momentos que sintetizam a orientação dos comunistas para esta frente de batalha.

primeiro foram as celebrações do 90º aniversário da fundação do Partido Comunista do Brasil. Foi uma ocasião em que a história, os personagens mais destacados das diversas etapas da trajetória do partido, suas lutas, sua identidade, seus programas e sua ideologia estiveram na ordem do dia nas reuniões internas e nos eventos públicos.

Foi um momento peculiar, em que deixamos patenteado que não desvinculamos a luta concreta cotidiana da identidade política e ideológica do partido, uma ocasião propícia à reafirmação da identidade do PCdoB como um partido comunista, de trabalhadores, empenhado na luta pelo socialismo no Brasil e pela emancipação da humanidade, um partido de esquerda, anti-imperialista, a um só tempo patriota e internacionalista. Um partido que, há muito demarcado do doutrinarismo, do dogmatismo, da cópia anacrônica de modelos, empenha-se no desenvolvimento, assimilação e difusão do socialismo científico, do marxismo-leninismo, que dialoga e interage com a ciência política interpretativa e analítica das peculiaridades nacionais. 


A bandeira do meu Partido, por Jorge Mautner


Persistimos nos esforços para superar a crise teórica surgida no rastro da derrota histórica sofrida pelo movimento comunista e revolucionário durante a contrarrevolução que derrocou as primeiras experiências de construção do socialismo na ex-União Soviética e em países do Leste europeu. Na consecução desses esforços, os comunistas se demarcam também de toda a lógica liquidacionista e oportunista, numa quadra histórica em que a indústria das ideias retrógradas, a par de um antediluviano conservadorismo, procura ressuscitar velhas teses social-democratas e eurocomunistas – que de há muito jazem na lixeira da história.

Assim, ganha relevo a obra em curso em nosso país, sob a liderança da direção coletiva comunista, de formular os lineamentos fundamentais do que chamamos de nova luta pelo socialismo, obra consubstanciada, na fase atual, no Programa Socialista do 12º Congresso.

A experiência da comemoração do 90º aniversário da fundação do Partido deixa também ensinamentos. É necessário encontrar formas mais amplas e populares para difundir o nome, a imagem, as bandeiras, os símbolos, as plataformas de luta e a história do Partido. Nesse sentido, o grande desafio é construir uma Festa popular, mobilizadora da ação militante, coletiva, que seja também uma contribuição dos comunistas para a agenda cultural nacional.

O Portal Vermelho

O segundo momento a destacar na frente da Comunicação foi a comemoração do décimo aniversário doPortal Vermelho, ocasião em que, no seminário nacional organizado no mês de junho último, o Partido fez uma reflexão sobre as linhas gerais orientadoras desta frente de atividade.

Naquele momento assinalávamos: “O Portal Vermelho pertence à linhagem das publicações que fizeram e fazem a propaganda das ideias do socialismo. Este ano, o jornal soviético Pravda (A Verdade, em português), completou 100 anos de existência. No ano passado, completou 110 anos o jornal A Iskra(Centelha, em português). Na mesma época Lênin escreveu sua célebre obra Que Fazer?, quando desenvolveu a tese da construção do partido comunista e elaborou não um modelo de organização, mas algo essencial para a luta, um conteúdo que se consubstanciou em princípios organizativos”. Desde então, os comunistas atuam com a noção de que, tendo cientificamente formulados os princípios ideológicos, os fundamentos teóricos, o programa político e a intervenção na luta de massas, tornam-se essenciais as atividades organizativas e de agitação e propaganda. Descurar dessas tarefas permanentes em nome do ativismo às cegas equivaleria a renunciar à própria atividade política independente e organizada das massas trabalhadoras e populares, a qual só se viabiliza em última instância por meio de uma organização política independente e revolucionária.

Ao invocar esta passagem da história do movimento comunista, afirmamos que ainda hoje fazemos jornalismo e agitação-propaganda revolucionários inspirados no Pravda e na Iskra. Reivindicamos a tradição leninista e nos sentimos herdeiros dessas publicações.

Os tempos atuais são outros, a exigir novas formas, novos métodos, linguagem contemporânea, atenção para fenômenos sociais, culturais e políticos surpreendentes, antes inimagináveis, entre eles a revolução tecnológica na área da informação. Mas se mudam os tempos, não muda a nossa vontade nem se esvai a nossa essência. Vamos continuar insistindo, subjetiva e objetivamente, em cumprir corretamente e em nível elevado a nossa tarefa de contribuir para elevar a consciência política do povo, denunciando e combatendo o sistema capitalista, enfrentando o imperialismo, defendendo os direitos dos trabalhadores, a soberania nacional, a democracia e apontando a perspectiva do socialismo.

Eleições 2012

terceiro momento, um dos mais exigentes na frente da luta de ideias, foi a campanha eleitoral, que ocupou o Partido ao longo de quase todo o segundo semestre. Foi uma grande batalha política, a maior campanha eleitoral que desde sempre o Partido disputou. Seus resultados, conforme resolução do Comitê Central, foram positivos e se inscrevem no quadro da gradual, progressiva e prolongada acumulação de força eleitoral pelos comunistas. Muito embora o cipoal de mensagens atrasadas e despolitizadas da campanha das forças de direita, de um modo geral ficou nítido que o país se divide em dois campos opostos – as forças progressistas lideradas pela presidenta Dilma, de que os comunistas são parte integrante – e as forças neoliberais-conservadoras sob a égide do PSDB. Em meio à demagogia e às propostas mirabolantes, estapafúrdias e irrealizáveis de fundo eleitoreiro, foi possível nas condições que se apresentavam, debater com o povo os temas urbanos e nacionais e mesmo as questões de fundo ligadas aos problemas estruturais do país.

Contudo, também nesta área queda para os comunistas o desafio de fazer uma campanha diferente, cada vez mais politizada e frontal. Sem inventar a roda e sabendo que devem usar à exaustão os modernos meios de comunicação e as modernas técnicas de campanha eleitoral, que exigem profissionalismo, os comunistas devem sempre fazer uma campanha militante. Os aspectos retrógrados da legislação eleitoral e da cultura política das classes dominantes, que sobrepõem as personalidades às coletividades partidárias, exacerbando o individualismo, no vórtice de uma fútil e fugaz usina de celebridades, se bem façam parte da realidade, não devem ser para os comunistas objeto de culto espontaneísta.

Desde 1985, quando o nosso Partido conquistou a legalidade, temos participado dos processos eleitorais, fazendo política ao lado das forças progressistas do país e do povo brasileiro, da gente comum, trabalhadores das cidades e do campo, jovens, mulheres, negros, estudantes, artistas, líderes comunitários, esportistas, cientistas, cidadãos de todos os lugares que sonham e lutam pela transformação da realidade e a construção de um futuro diferente.

Ultimamente, fruto de acertadas decisões da direção partidária, a nossa tática eleitoral mudou, tornando-se audaciosa e perseguindo objetivos mais elevados. O Partido posiciona-se cada vez mais na grande disputa política e eleitoral, por meio de candidaturas a cargos majoritários e de chapas próprias nas eleições proporcionais. Isto permite novas e melhores condições para difundir a sigla e os símbolos do Partido, não o contrário. A dissimulação desses elementos de identidade é uma forma de renúncia ao embate político e, inversamente ao que supõe o senso comum, é também contraproducente do ponto de vista eleitoral. O “marketing” eleitoral despolitizado e desideologizado é um fator de atraso e o prelúdio do fracasso para um partido comunista. 

Assentados estes princípios, há que progredir na organização e profissionalização das campanhas eleitorais, no uso de ferramentas modernas, porque se trata de uma irreversível tendência dos tempos, e o nosso Partido só tem a ganhar com a especialização nesta área de conhecimento e prática. 

Desafios, perspectivas


Ao longo do ano de 2013, o nosso Partido será chamado a enfrentar muitos desafios. Pelo mês de novembro, realizaremos o nosso 13º Congresso, ocasião em que o grande coletivo partidário, sem se fechar em si mesmo, procederá a uma reflexão profunda sobre os rumos da vida partidária. A par dos desafios permanentes da luta de ideias, há uma premente necessidade de aproximar mais e mais o Partido do povo, identificar-se com o grande povo brasileiro, calar fundo em sua mente e coração, desatar sua iniciativa criadora, despertá-lo para a luta. Lidamos com uma correlação de forças ainda desfavorável aos que querem revolucionar o mundo. Por isso, atuamos com a mente aberta e sequiosos de aprender as melhores maneiras de fazer com que nossa mensagem chegue à esmagadora maioria da população e, como dizia Gramsci, alcance a hegemonia na sociedade contemporânea. 

É nestes termos que devemos encarar com objetividade e sentido prático a tarefa de mostrar e difundir uma imagem compreensível às grandes massas populares sobre o que é, o que quer e para que serve o Partido Comunista do Brasil. É algo indispensável para que nos façamos entender e ajudemos o povo a assimilar o sentido das transformações históricas que deve empreender para pôr o Brasil na senda do progresso social, da liberdade, da independência, do socialismo. 

Nesse sentido, o que precisamos é de especialização e talento para mostrar o que somos, o que nada tem a ver com querer parecer o que não somos. 

Somos um partido comunista, de vanguarda, portador do ideal comunista e da missão histórica de construir o socialismo, sociedade antípoda à existente. Somos um partido de classe, defensor antes de tudo dos interesses fundamentais das classes trabalhadoras. Um partido anti-imperialista, patriótico e internacionalista. Na fase atual, buscamos pôr em prática um programa viável, mobilizador, amplo, aglutinador de uma ampla aliança de forças políticas na luta pelo desenvolvimento nacional, a democracia, a soberania do país e o progresso social. A este conteúdo e a nossas raízes históricas correspondem a nossa bandeira com sua cor vermelha, o símbolo da foice e do martelo e a sigla PCdoB. São elementos de identidade, inseparáveis da nossa essência e dos nossos objetivos históricos. 

*Secretário nacional de Comunicação do PCdoB

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Boa tarde camaradas,

Estamos chegando ao final de mais um ano, um ano de muitas batalhas, ano de eleição e muitas lutas, muitas coisas pra comemorar e outras pra repensar e discutir. É sempre bom nesse período do ano fazermos uma análise de como foi, o que fizemos, o que deixamos de fazer, e pensar objetivamente na continuidade das nossas tarefas.
O PCdoB de Santos propõe a todos os camaradas esse momento, e convida pra nossa Plenária Festiva, claro porque não é só de trabalho que vive o homem/mulher, vamos conversar, debater mas vamos comemorar, bebemorar, festejar....


Dia 19/12 às 18h00, teremos a nossa Plenária Festiva e estão todos convidados!

Nossa proposta é fazermos uma Avaliação Internacional, Nacional, Estadual, Municipal e Eleitoral.
Também abordaremos as pastas de Organização, Finanças, e Formação em seguida um debate, onde todos poderão expressar suas opiniões.
E temos também projetos para esse novo momento que a cidade está passando, como por exemplo a nova administração.
E depois disso tudo, é festa, é alegria e muita música!!!!
Salgadinhos free e bebida a preço de custo....vamos comemorar!!!!!
Bora?!!

Local: Sindiviários - AV: Bernardino de Campos, 145 - altos....
fica em frente a sede do PCdoB, no canal 2.

Qualquer dúvida ligue para Elis (13) 8141-5252 ou 3014-9411

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

PCdoB Paulistano divulga documento das eleições 2012


“Uma vitória de grande significado para os setores progressistas e populares”. Esta foi a avaliação final do documento divulgado nesta terça-feira, 11, pelo comitê municipal do PCdoB sobre a disputa majoritária na cidade de São Paulo em 2012. A redução da bancada na Câmara de São Paulo para um vereador foi o aspecto considerado “insuficiente e negativo”, diz trecho do documento.



Balanço das Eleições 2012 e do Projeto Eleitoral do PCdoB na Cidade de S. Paulo
Disputa majoritária
1. As eleições municipais de 2012 na cidade de São Paulo foram marcadas por intensas articulações e pelo enfrentamento entre as forças que nacionalmente polarizam em plano nacional: os partidos e setores que apóiam o governo Dilma e a oposição. Contou com o envolvimento direto das principais lideranças nacionais, afinal a eleição na maior cidade do país é importante para a acumulação de forças visando acima de tudo, as disputas de 2014.

2. Concorreram a Prefeitura Municipal 12 candidatos, desses, 3 foram os que mais polarizaram o apoio do eleitorado: Fernando Haddad (PT), José Serra (PSDB) e Celso Russomano (PRB).

3. Fernando Haddad encabeçou a coligação formada pelo PT, PCdoB, PSB e PP. Sua candidatura contou com o apoio do ex-presidente Lula e da presidenta Dilma. Haddad iniciou a disputa eleitoral contando com apenas 3% de intenção de votos e encerrou o 1º turno com a votação de 28,98%. A candidata à vice-prefeita na chapa de Fernando Haddad seria a ex-prefeita Luiza Erundina que renunciou. Essa situação resultou na indicação da presidenta estadual do PCdoB, Nádia Campeão para a candidatura a vice-prefeita.

4. José Serra representou a coligação composta por PSDB, DEM, PV, PR e PSD. Sua candidatura contou com apoio do Governador Geraldo Alckimin, FHC e do prefeito Gilberto Kassab. Representou o projeto neoliberal implementado na década de 90 no Brasil e ainda em curso no Estado de SP desde 1985. Sua candidatura iniciou a disputa eleitoral com 30% de intenção de votos e encerrou o 1º turno com a votação de 30,75%. Ao longo da disputa caiu nas pesquisas de intenção de votos para 17%, devido aos altos índices de rejeição ao candidato, ao seu projeto político de continuísmo e o não enfrentamento dos problemas da cidade por parte da candidatura.

5. Celso Russomano foi candidato pela coligação entre PRB, PTB, PTN e PHS. Sua candidatura contou com o apoio de um grande numero de eleitores que já o conheciam pelo programa diário de TV, pela sua candidatura ao Governo do Estado em 2010 e por setores que buscavam sair da polarização entre PT e PSDB. A candidatura de Celso Russomano ocupou, no período entre Julho e Setembro, a liderança das pesquisas de opinião, mas nas duas ultimas semanas, por falta de uma maior consistência no debate político, na apresentação de projetos e com pouca base política de sustentação social, perdeu grande numero do apoio e não conseguiu votação suficiente para chegar ao 2º turno. No inicio da batalha teve 17% de apoio nas pesquisas, cresceu e 15 dias antes estava com aproximadamente 35% de intenção de votos, perdeu fôlego e encerrou o 1º turno com uma votação de 21,60% dos eleitores paulistanos.

6. Além dessas 03 candidaturas, merece destaque também a candidatura de Gabriel Chalita (PMDB), que buscou ser opção à polarização entre PSDB-PT e ocupar um maior espaço do PMDB no cenário político da cidade. Contou com o apoio do Vice Presidente da República, Michel Temer e das principais lideranças do PMDB. Encerrou o primeiro turno com 13,60% dos votos e contribuiu para eleger uma bancada de 04 vereadores na CMSP.

7. Além dessas, também concorreram e receberam os seguintes percentuais de votos as candidaturas de Soninha Francine (PPS) 2,65%, Carlos Gianazzi (Psol) 1,02%, Paulinho da Força (PDT) 0,63%, Levy Fidelix (PRTB) 0,32%, Ana Luiza (PSTU) 0,21%, Miguel Manso (PPL) 0,12%, Eymael (PSDC) 0,09% e Anai Caproni (PCO) 0,02%.

8. O resultado final levou ao 2º turno as candidaturas de Fernando Haddad (PT) e José Serra (PSDB) demonstrando a força política e eleitoral do PT e do PSDB na cidade.


2º turno

9. Com o resultado alcançado, o 2º turno ganhou mais uma vez na cidade um caráter plebiscitário e de polarização, pois concorreram dois campos distintos de projetos políticos não só no âmbito local, como nacional, PT e PSDB.

10. Com uma linha política reeditada de ataques, mentiras e calúnias a candidatura de José Serra procurou rebaixar o nível do debate político, se esquivar dos altos índices de rejeição e da má avaliação do governo municipal.

11. A candidatura de Fernando Haddad ampliou seu eleitorado ao receber o apoio do PMDB e de Gabriel Chalita, mas também de vários setores organizados da sociedade que aderiram ao seu programa de governo, tudo isso sem diminuir o ritmo implementado desde o inicio da campanha de intensas agendas de contato com o povo, através de caminhadas e carreatas cotidianas. No 2º turno, a candidatura buscou votos junto aos eleitores que no 1º turno não votaram em Serra. 

12. Superando as ondas denuncistas da candidatura adversária, Haddad elegeu-se prefeito de São Paulo com mais de 55% dos votos contra 44% para Serra.

13. A eleição de Haddad e Nádia para a prefeitura de São Paulo é uma vitoria importante para os setores populares e progressistas não só no âmbito municipal, mas também em âmbito nacional, levando em conta a importância política e econômica de São Paulo e a possibilidade de que a cidade em parceria com o projeto nacional colabore de forma decisiva com o desenvolvimento econômico e social da cidade e do País; com as melhorias nos serviços públicos em saúde, educação e moradia, compromissos prioritários do programa de governo de Fernando Haddad, e também com a retomada de um projeto democrático de gestão que poderá mobilizar intensamente os setores sociais e populares organizados da sociedade paulistana. Além disso, fortalece as forças políticas progressistas na disputa estadual de 2014.

14. Para o PCdoB o balanço da eleição majoritária também tem destaque positivo e de qualidade pela eleição da camarada Nádia Campeão como vice-prefeita de São Paulo. Nádia poderá contribuir muito nos rumos políticos da gestão e da cidade, no fortalecimento da luta por maior presença das mulheres na política, na visibilidade e no fortalecimento do PCdoB.

Balanço da eleição de vereadores
15. A eleição de vereadores na cidade de São Paulo foi realizada sob a forte campanha, contra os políticos de forma geral e em meio a divulgação diária e massiva do julgamento do “mensalão”. Além disso, as restrições da legislação eleitoral em curso diminuem cada vez mais aspectos de maior participação popular e maior debate político no processo.

16. Outro fator é que o voto para vereador tem ganhado um caráter de maior distritalização onde o candidato representa localmente anseios de solução dos problemas cotidianos e locais da população. Tem menos força os aspectos políticos mais gerais da cidade, representados por segmentos sociais, de categorias ou o voto de opinião; ganha força o voto de reduto. Esses fatores, sem questionar sua legitimidade contem aspectos limitados politicamente na medida em que vários dos problemas enfrentados na cidade não são de soluções ou medidas locais, segmentadas ou clientelistas, e sim de tratamento político geral. Outro item que continua ampliando sua força é o poder econômico.

17. Além dessas características, o peso que tem a propaganda eleitoral gratuita de rádio e televisão em uma cidade com mais de 11 milhões de habitantes é muito forte. Daí a campanha em geral, que oficialmente começou no dia 07 de Julho, só ganhou mesmo as ruas após o dia 20 de agosto e com maior atenção do eleitorado mesmo só nos últimos 30 dias, tendo sido, uma campanha muito curta do ponto de vista do grande eleitorado e com pouco debate político na sociedade. Porém, as candidaturas com força econômica são construídas com antecedência, arregimentando lideranças muitas vezes anos antes.

18. De um total de 55 vereadores, 33 foram reeleitos (60%) e 22 eleitos (40%), do total de eleitos somente 6 são mulheres. Com o fortalecimento de setores conservadores ganhou força na Câmara a tendência de centro-direita.

Resultado eleitoral do PCdoB

19. O projeto eleitoral do PCdoB começou a ser discutido e montado no final de 2010. O Comitê Municipal iniciou o debate sobre o lançamento da pré-candidatura de Netinho de Paula a prefeito de São Paulo. Netinho havia saído com uma grande votação para o Senado, (7.700.000 votos sendo desses 2.100.000 só na capital). Outra parte integrante do projeto para 2012 seria a montagem de uma chapa própria de vereadores. Esse projeto teve como base principal: a necessidade de um maior protagonismo do Partido, a ampliação da nossa visibilidade política e o crescimento do PCdoB. 

20. Participamos da composição vitoriosa que elegeu a Mesa Diretora da Câmara Municipal de São Paulo em 2011, elegendo como 1º Secretario da Mesa o camarada Netinho de Paula. Assumimos, sob direção do camarada Gilmar Tadeu, a recém-criada Secretaria Especial de Articulação da Copa na Cidade de São Paulo (Secopa) integrando assim o governo Kassab, após debates nas instancias de direção.

21. Em Fevereiro de 2011 aprovamos a indicação da pré-candidatura de Netinho à Prefeitura e até Setembro do mesmo ano filiamos dezenas de lideranças para contribuir na montagem da chapa de vereadores.

22. Com a definição da pré-candidatura de Netinho ocupamos um espaço político que contribuiu para uma maior visibilidade do Partido e do candidato participando de debates, entrevistas e de atividades onde apresentamos nossas propostas. Um momento de destaque na pré-campanha foi a conferência ordinária do PCdoB, realizada no período de Junho e Agosto de 2011.

23. Após a conferência municipal, realizamos um processo de debate com vários militantes de segmentos sociais que contribuíram na montagem de uma Plataforma do PCdoB para as eleições. Essa plataforma, em boa medida, foi incorporada posteriormente no programa de governo da candidatura de Haddad e servirá como instrumento de luta política para o Partido no próximo período.

24. Em Maio de 2012, em debates realizados conjuntamente com o Comitê Estadual e o Comitê Central, identificamos a tendência de polarização nacional do processo eleitoral da cidade, as dificuldades de unificar setores que questionavam a polarização entre PT e PSDB e as dificuldades materiais em levar ao fim o projeto de uma candidatura de prefeito em uma cidade como São Paulo.

25. Iniciamos um processo de articulação com as candidaturas do nosso campo e ao fim definimos pelo apoio a candidatura de Fernando Haddad, retirando assim no dia 26 de junho a pré-candidatura de Netinho de Paula.

26. Com a retirada da candidatura, Netinho de Paula passou a incorporar a chapa de vereadores do PCdoB, ampliando a expectativa de alcançar o objetivo de ampliar a bancada de vereadores na CMSP.

27. Consideramos que o processo de montagem da chapa foi uma experiência muito dinâmica, pois além de servir para ampliar as fileiras partidárias, contribuiu para ampliar as relações políticas do partido e também para que o PCdoB fosse considerado uma opção política para um maior numero de lideranças da cidade. Porém o esforço de trazer um maior número de lideranças representativas do conjunto da sociedade ficou aquém do desejado.

28. Após o processo eleitoral, o resultado alcançado foi um total de 164.969 votos, o que nos garantiu somente 1 (uma) cadeira de vereador na CMSP, elegendo apenas Netinho de Paula. Pela 2ª vez o Partido alcançou o coeficiente eleitoral que esse anos ficou em torno de 99.000 votos. Faltou ao conjunto da chapa, aproximadamente 34.000 votos para alcançarmos a 2ª vaga, e assim reduzimos nossa participação na Câmara Municipal.

29. Esse resultado deve ser alvo de um debate mais aprofundado pela Direção Municipal em conjunto com o Comitê Estadual no próximo período para extrairmos lições e analisarmos, não só o processo eleitoral, mas a trajetória política e organizativa dos últimos anos que tem resultado na diminuição da inserção política e social do Partido na capital.

30. Consideramos que eleitoralmente também contribuiu no processo as seguintes questões:

a) As dificuldades iniciais de crescimento da candidatura majoritária, deslanchando somente no final do 1º. Turno.

b) O fato de a candidatura de Netinho não ter alcançado o patamar esperado para puxar votos para a nossa chapa. A candidatura obteve somente 50.698 votos, perdendo 40% da sua última votação para vereador (em 2008 foram 84.406).

c) As dificuldades das candidaturas que tinham nas bases organizadas do Partido o seu ponto de partida (Orlando, Jamil, Ana Martins, Gregório Poço e Nilda Neve) e que não alcançaram as metas traçadas.

d) Um conjunto da chapa com pouca representatividade social composta por boa parte de candidaturas pouco representativas em comparação aos desafios da batalha, (50 candidaturas da nossa chapa não obtiveram 1000 votos).

e) O não cumprimento do acordo de apoio à chapa de vereadores por parte da candidatura majoritária foi também um fator negativo preponderante, em que ao longo dos três meses de campanha elevou-se o nível das tensões e a impossibilidade de alavancarmos o desempenho e a votação da nossa chapa.

31. Consideramos que o balanço é positivo no aspecto da disputa majoritária e da luta política em geral. Obtivemos uma vitoria de grande significado para os setores progressistas e populares, que abre horizonte político para vitoria na luta pelo Desenvolvimento, na defesa dos direitos do povo, na democratização da gestão publica e principalmente para a futura batalha de 2014. Nesse processo o PCdoB sai fortalecido, respeitado com perspectiva de ampliar sua força e visibilidade política.

32. Porém, consideramos insuficiente e negativo o resultado da eleição de vereadores, onde diminuímos nossa representação parlamentar, demonstrando a redução da nossa inserção social e por conseqüência da nossa força eleitoral, ao longo dos últimos anos. Esse fator ocupar nossa pauta de debate, em conjunto com o Comitê Estadual e Central, na busca de soluções para essa realidade.

Desafios e Perspectivas
33. Com os resultados finais do 2º turno participamos da vitória na disputa pela prefeitura, em que permite termos expectativas de uma maior projeção de nossas idéias e do crescimento partidário, seja por conta da vitoria alcançada pelas forças progressistas com a vitória de Haddad e Nádia.

34. Uma futura participação do partido e de seus quadros na condução da gestão publica, irá contribuir para um maior relacionamento político com a sociedade, a começar pela participação de Netinho de Paula na Secretaria de Promoção da Igualdade Racial, dentre outros espaços até aqui em discussão.

35. Por conta disso, assumirá o mandato de vereador o camarada Orlando Silva, que contribuirá também para a representação política do partido na cidade e na CMSP.

36. Além disso, a importante vitoria de Pedro Bigardi na eleição para prefeito em Jundiaí, propiciará que o vice-presidente do Comitê Municipal, Alcides Amazonas, assuma o mandato de Deputado Estadual, o que poderá, objetivamente, reforçar politicamente o Partido na capital.

37. Mas o debate sobre o projeto político do Partido na cidade, a implementação da nossa plataforma política aprovada em nossa Convenção de 2012 e a superação nas dificuldades de estruturação partidária deverão ocupar a pauta de debates da Direção Municipal, das Direções Intermediárias e do conjunto dos quadros, com o sentido de construir opiniões coletivas sobre:

• A diminuição da inserção política, social e eleitoral do Partido na cidade;
• As insuficiências e gargalos organizativos do partido;
• A necessidade de maior empenho para a formação de quadros;
• O aperfeiçoamento na relação entre Partido, mandatos parlamentares, Governo e Movimentos Sociais.
• A busca de novas políticas de organização, comunicação, formação e finanças para a estruturação partidária;
• A renovação das instâncias de direção, o que deverá ocorrer no processo de realização do nosso 13º Congresso a ser realizado em 2013.

Futuro de amplas perspectivas políticas

38. Mesmo com as dificuldades pontuadas e com a derrota na disputa proporcional, o PCdoB deve se assenhorar da vitória política e das boas perspectivas que se abrem com a vitória da Haddad e Nádia na Prefeitura de São Paulo e buscar implementar um projeto de maior ação política, de fortalecimento do PCdoB e da busca para avançar em São Paulo e no Brasil um Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento.


Comitê Municipal do PCdoB de São Paulo.
São Paulo, 08 de Dezembro de 2012.


segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

PCdoB-SP comemora seu melhor resultado eleitoral e prepara 2014


Dirigentes partidários, vereadores, vice-prefeitos e prefeitos eleitos pelo PCdoB se reuniram, neste final de semana, para avaliar o quadro político e os novos desafios para o Partido. Em seu melhor desempenho, o PCdoB-SP elegeu 4 prefeitos, 5 vice-prefeitos e 69 vereadores no estado.


mesa
A vice-prefeita eleita de São Paulo, Nádia Campeão, apresenta o balanço eleitoral do PCdoB

Reunido neste final de semana, o Comitê Estadual do PCdoB de São Paulo analisou o quadro político que emergiu das eleições municipais e o desempenho próprio dos comunistas nas disputas.

Representando a direção nacional do Partido, o secretário de Organização, Walter Sorrentino, apresentou o relato da conjuntura no país, marcada por novas investidas da grande mídia e da oposição conservadora na tentativa de desconstrução da imagem de Lula e do governo Dilma. 

Walter salientou que, ainda com o posicionamento partidário da mídia e o julgamento politizado da ação penal 470, é inegável que Lula, Dilma e o campo de apoio ao governo federal saíram fortalecidos das eleições, especialmente com a vitória de Haddad em São Paulo.

O PCdoB também avançou nas urnas, conquistando 4 cidades no G-85, grupo de municípios com mais de 200 mil eleitores, e governará 2,3 milhões de brasileiros, em cidades que somam cerca de R$ 5 bilhões de orçamento. Walter frisou que o crescimento eleitoral do Partido é um processo acumulativo. "É um resultado marcante quanto à progressão, mas ainda modesto em números absolutos", avaliou.

PCdoB paulista teve seu melhor desempenho

A vice-prefeita eleita de São Paulo e presidenta estadual do PCdoB, Nádia Campeão, avaliou o bom desempenho da sigla no estado num quadro retratado como de "ampla vitória do campo progressista" e que, somado aos revezes das forças articuladas em torno do PSDB, apresenta condições reais de conquista do governo do estado em 2014.

O documento preparado para a reunião atesta: "O grande diferencial político é sem dúvida a eleição de Fernando Haddad na capital. O candidato do PT, apoiado por PCdoB, PSB e PP, fez uma campanha programática, consistente e combativa, saindo de 3% nas pesquisas para 29% na votação do primeiro turno". "Com a ampliação dos apoios no segundo turno, principalmente a adesão do PMDB e de Gabriel Chalita, Haddad venceu Serra por 55% a 45% dos votos", continua.

Quanto ao resultado obtido pelos comunistas, Nádia o apresentou como uma vitória de monta, advinda em particular da conquista da vice em São Paulo, da prefeitura em Jundiaí e, subproduto desta, o mandato estadual que será assumido na Alesp. "O PCdoB-SP colheu seu mais expressivo resultado em eleições municipais até agora disputadas. Conquistou quatro prefeituras, incluindo a de Jundiaí, com o deputado Pedro Bigardi, e elegeu cinco vice-prefeitos, entre eles a presidente estadual Nádia Campeão, vice-prefeita de São Paulo. O Partido praticamente dobrou a bancada de vereadores no estado. Em janeiro, com a posse de Pedro Bigardi, assume o mandato de deputado estadual Alcides Amazonas, ex-vereador do Partido na capital", apontou.

O dado mais negativo da eleição para o PCdoB foi a eleição de apenas um vereador na capital, diminuindo sua bancada proporcional.



Bancada dos comunistas eleitos

Dezenas de novos vereadores, vice-prefeitos e prefeitos estiveram na reunião e puderam expressar o crescimento do Partido em seus municípios, debater a experiência acumulada nesta e em eleições passadas e, principalmente, traçar planos e objetivos para 2014, quando as forças progressistas terão o desafio de enfrentar o bloco capitaneado por Alckmin e o PSDB.

Crise na Segurança e a responsabilidade do governo estadual

Os comunistas também aprovaram uma nota oficial do Partido acerca da crise na segurança pública que assola o estado e mantém em tensão grande parte da população.

A nota diz que a crise revela a dita "eficiência administrativa", tão propagandeada pelo PSDB, "não passa de mito", que o governo Alckmin "age buscando esconder completamente os dados e informações do conflito" e "durante boa parte do tempo recusou ajuda do Governo Federal".

Homenagem a Sydney Gobetti

O momento mais emocionante da reunião foi a homenagem póstuma organizada para lembrar o falecimento do camarada Sydney Gobetti, vereador por 30 anos em Marília. Estavam presentes sua esposa Carmen, seu filho Renato e vários dirigentes do Partido em Marília.

André Gomes, atual presidente do Partido na cidade, falou pela direção estadual e lembrou trajetória de Sydney como médico diligente e competente (mesmo vereador, continuou atendendo no serviço público), militante comunista dedicado e dirigente com capacidade para formar as novas gerações.

"Sydney tinha um compromisso inabalável com o Partido. Vereador durante 30 anos, sempre repassou seu salário integralmente ao Partido, vivendo com seu salário de médico em uma casa simples situada em um núcleo habitacional popular. Tombou como tombam os grandes homens, lutando até o fim, manteve tarefas partidárias até o último momento", disse André.

De São Paulo, Fernando Borgonovi