quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Novo cenário eleitoral exige luta e politização

A entrada de José Serra na disputa pela Prefeitura de São Paulo provoca uma reviravolta no cenário político e nacionaliza antecipadamente a disputa pelo comando da maior cidade do país.



Por José Reinaldo Carvalho*

Para quem já foi duas vezes fragorosamente derrotado em suas pretensões de chegar ao Palácio do Planalto e se encontrava isolado mesmo entre seus pares, ostentando elevados índices de rejeição junto a signficativas parcelas da opinião pública, é uma última cartada, de alto risco, pela sobrevivência política.



A pior vicissitude de Serra, desde que perdeu a última eleição em 2010, era o entrincheiramento e o isolamento na vida política em geral e entre os cardeais do PSDB. Acossado entre o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e o senador mineiro Aécio Neves, seus espaços se reduziam. Sem mandato, atuando nos bastidores e por meio de mensagens políticas de Twitter e colunas de opinião nos jornais conservadores, Serra corria o risco de se tornar em definitivo um “ex”: ex-prefeito, ex-governador, ex-candidato derrotado à presidência. Podia, claro, ainda tentar algo como benemérito do Palmeiras, mas aí também a realidade não lhe sorri, haja vista o prolongado período de baixa que atravessa o clube do Parque Antártica.



Serra é calculista e sabe que está fazendo jogo perigoso, que a batalha será difícil e pode resultar no encerramento inglório de sua carreira política, caso sofra uma derrota em outubro-novembro. Mas não lhe restava outra saída. A permanência da situação em que se encontrava era a morte antecipada.





As forças conservadoras brasileiras, especialmente o PSDB e o DEM, têm vivido um processo de decadência, enfraquecimento e isolamento que, somado às desmedidas ambições dos seus diversos caciques, levaram-nas à fragmentação. Especialmente em São Paulo, esta fragmentação sedimentou posições no jogo da afirmação de identidades e preservação de postos que gerou a ilusão da irremediável separação em campos opostos. As maiores expressões disto foram o antagonismo Alckmin – Serra e a emergência de Gilberto Kassab, afilhado político deste último, com seu PSD, que não é um fenômeno original nem renovador, porquanto a maioria dos seus componentes são egressos do velho PFL (DEM) e de outras legendas que representam o conservadorismo.



Isto gerou duas ilusões. A primeira foi a de que, irremediavelmente divididas, as forças neoliberais e conservadoras seriam também inapelavelmente banidas no pleito municipal, bastando que para isso se fizesse uma “genial” jogada de atrair para o campo da esquerda uma parte do conservadorismo. Para justificar a manobra “tática”, até argumentos abstrusos foram lançados, como a analogia entre o que se pretendia fazer agora com a aliança vitoriosa de Lula com Alencar em 2002 e 2006. Não se queria, para legitimar o argumento, admitir o óbvio, que o próprio prefeito paulistano fazia questão de explicitar: “Sou Serra”, repetia ele à exaustão.



A segunda ilusão foi a de que o alcaide tinha condições políticas para liderar um novo campo político, a terceira via, que contornasse a polarização PSDB – PT. Hoje a terceira via é tão invisível quanto o atual futebol da seleção brasileira, embora este último ainda possa ressurgir.



Kassab não tinha condições para tal empreitada, não apenas por uma questão de fidelidade ao seu padrinho, mas pelo DNA político-ideológico. Mesmo com todos os méritos que tem como um político emergente dotado de atributos que faltam a muitos dos seus pares de partido e coalizão, como a transparência – que revelou ao nunca negar que é do Serra – e a convivência política democrática civilizada, além de uma atitude correta para com a liderança nacional do ex-presidente Lula e o governo da presidente Dilma, Kassab não está credenciado a liderar um campo progressista em São Paulo e no país, nem uma terceira via que fosse alternativa a qualquer coisa.



O “centrismo” que reivindica é nada mais do que uma forma hábil de situar seu conservadorismo reciclado e uma tentativa de dar à sua formação política um verniz mais brilhante em face da opacidade do PSDB e do DEM. Um jeito novo de apresentar o velho. Reconheça-se a sua habilidade. As piruetas que fez acabaram confundindo setores progressistas – que agora estão balbuciando explicações sobre o fim das tratativas para uma aliança eleitoral – e serviram como repto às forças conservadoras para que se unificassem na batalha por São Paulo por cima das ambições individuais e de grupos.



É a isto que vem Serra, em socorro a um projeto neoliberal e conservador que está naufragando. Na carta em que postula sua candidatura ao PSDB, ele dá o tom que pretende seja o da sua campanha. Justificou sua postulação nos seguintes termos: “Refleti sobre a situação do país, os dissabores que o processo democrático tem enfrentado diante do avanço da hegemonia de uma força política”. Apresentou a luta eleitoral em São Paulo como um embate entre “duas visões distintas de respeito aos valores republicanos”. E apontou a projeção da contenda: “É aqui, neste ano, que se travará uma disputa importante para o futuro do município, do estado e do país”. Com isso, Serra demarca o seu território – o da direita – e forma seu campo, no interior do qual continuarão existindo contradições relativamente às batalhas posteriores pelo governo estadual e a Presidência da República. No momento, é funcional aos seus interesses a aliança com seu desafeto Alckmin e demais facções do PSDB. O futuro dirá se ele permanecerá no ninho ou se, caso seja vitorioso, constituirá um campo partidário próprio tendo como base o PSD de Kassab.



Todo mundo entendeu o recado de Serra. O primeiro a sacar conclusões para sua campanha eleitoral foi o candidato do PMDB, o ex-tucano e ex-secretário do governador Geraldo Alckmin Gabriel Chalita, que promete atacar Serra e Kassab durante a campanha deste ano.



E a esquerda, as esquerdas, com suas distintas candidaturas, que postura adotarão? Não há terreno de conciliação com o Serra e seu programa. Para crescer, acumular forças e favorecer a ida de um candidato da esquerda ao segundo turno em condições de derrotar Serra e seus aliados, a plataforma deverá ser de combate, politizada e, sem perder de vista os angustiantes problemas locais, nacionalizada, uma vez que os graves problemas urbanos das grandes cidades brasileiras só podem ser enfrentados no quadro de um plano nacional de desenvolvimento, com cariz democrático e popular, conduzido por forças progressistas.



Aí está o busílis da questão para as esquerdas. A envergadura da batalha requer luta, referenciada numa plataforma nacional de reformas democráticas estruturais, para além da limitadíssima agenda governamental e legislativa que tem sido cogitada.



Enfrentar as pressões conservadoras e neoliberais, mudar o eixo da política macroeconômica, quebrar o monopólio da mídia pelos grupos da grande burguesia nativa e internacional, posicionar corretamente o Brasil no mundo, no campo oposto ao do imperialismo, ao lado dos povos e dos novos polos contra-hegemônicos, promover as reformas políticas e sociais importantes como a agrária, a urbana, do sistema educacional, de saúde, distribuir renda, valorizar o trabalho e fugir às pressões e tentações da agenda neoliberal e privatista são os inarredáveis desafios com que se depara a esquerda neste momento.



*Editor do Vermelho

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

70 anos: Renato Rabelo é homenageado por camaradas e amigos

aniversário Renato
A celebração dos 70 anos do aniversário do presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo, na noite desta segunda-feira (27), em São Paulo, foi marcada pela demonstração de admiração e respeito de lideranças políticas, dirigentes de diversas frentes do movimento social brasileiro, amigos, familiares e militantes do PCdoB. Os 70 anos de vida de Renato refletem também os 50 anos de luta e dedicação pela construção de uma sociedade mais igualitária e humana.



Gisella Gutarra Sedano



Ao lado da esposa Conceição Rabelo (Conchita) e dos netos, Renato Rabelo agradece as saudações e as homenagens

A festividade, organizada pela direção nacional do Partido, foi uma homenagem à trajetória política e pessoal de Renato que se une na luta pelo socialismo, pela democracia e na construção de um novo projeto político para o povo brasileiro. “O Renato é uma pessoa que se destaca e vem de uma geração que lutou pela democracia e legou ao país esses momentos importantes que estamos vivendo. Ele engrandece o nosso Partido e nos orgulhamos de tê-lo como líder da nossa corrente de pensamento à qual ele vem dando contribuições importantíssimas”, afirmou o secretário nacional de Organização do PCdoB, Walter Sorrentino.



Haroldo Lima, membro do Comitê Central e da Comissão Política do PCdoB, falou em nome dos companheiros de Partido, amigos e familiares de Renato. Ele relatou um pouco da história política do dirigente comunista e lembrou a eleição de Renato à presidência da União dos Estudantes da Bahia, o período em que esteve na clandestinidade, o trabalho ao lado de João Amazonas e o papel de articulação que Renato protagonizou na Frente Brasil Popular – que levou Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da República.



“No curso desse processo o Renato tem se revelado uma pessoa com muita combatividade, firmeza de princípios e muita flexibilidade tática. É uma pessoa muito hábil – do ponto de vista político – e muito fiel. O Renato é muito fraternal com todas as pessoas que convivem com ele, dentro e fora do Partido e em sua própria família”, afirmou.



Para o senador cearense Inácio Arruda, as comemorações pelos 70 anos recebem tom político em função da liderança nacional de Renato. “Ele é uma figura respeitadíssima em função do grau de amplitude com que ele faz política até hoje, conduzindo o nosso Partido e fazendo política sem distinção. Temos um grande grau de elevação do que é fazer política. Renato é reconhecido pela firmeza nas opiniões que defende e na flexibilidade para ouvir aliados, amigos e até os adversários. É assim que ele também nos ajuda a construir o Brasil”.



O ministro do Esporte Aldo Rebelo ressaltou que a trajetória de Renato é um exemplo para todos os comunistas do Brasil. “O Renato é para o PCdoB a expressão mais elevada do compromisso com os interesses dos trabalhadores e do povo e de abnegação e defesa do Partido e dos interesses partidários”. Em nome da bancada comunista, a líder do PCdoB na Câmara, Luciana Santos, falou do carinho e da admiração dos parlamentares do Partido. A vice-presidente do Partido ressaltou que Renato é o “timoneiro das causas dos comunistas, do dia a dia e dos desafios do país”.



Em seu discurso, Renato Rabelo agradeceu a homenagem e falou do simbolismo e da grande emoção de dividir aquele momento com seus familiares e companheiros. Ele ressaltou que o Partido representou em sua vida a maior universidade, que lhe ensinou a compreensão da ética, do que é tratar o povo e o ser humano. O dirigente nacional falou da importância dos 90 anos do Partido e de seu esforço para honrar os grandes líderes e mártires do PCdoB que deram suas vidas pela causa comunista.



Lideranças nacionais



Lideranças de diversos partidos ressaltaram o grande poder articulador, a firmeza na defesa dos ideais comunistas e o papel histórico que o dirigente do PCdoB protagonizou na construção da Frente Brasil Popular – que representa, a partir da eleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a ascensão das forças populares no Brasil. Politicamente, o dirigente nacional dos comunistas brasileiros é reconhecido por sua habilidade de formulação estratégica e tática.



A presidente Dilma Rousseff enviou uma mensagem reforçando os laços e o compromisso do dirigente comunista na construção do atual projeto político do país e desejando votos de longa vida a Renato. Em entrevista ao Vermelho, o vice-presidente da República, Michel Temer, destacou a capacidade de agregação. “Tenho mantido vários encontros com ele e vejo, em primeiro lugar, a sua capacidade intelectual de formular políticas para o Brasil. Por isso é muito agradável, cívica e politicamente, encontrar com o Renato”. O líder do PT na Câmara dos Deputados, Cândido Vaccarezza, falou do papel que o dirigente comunista representa na política brasileira. “O Rabelo é um grande companheiro, uma pessoa que contribui para o pensamento político, ideológico, social e econômico do movimento de esquerda do Brasil e tenho aprendido muito com ele. Renato é uma figura importante pra todos nós da esquerda no Brasil”.



José Dirceu falou da importância das relações entre o PT e o PCdoB. “Temos uma caminhada comum que já vem de décadas – desde o João Amazonas. Sempre trabalhei muito pela amizade entre o PT e o PCdoB e se o Lula foi presidente, se hoje temos a Dilma presidente e se o Brasil mudou é porque o PCdoB esteve conosco. Esta é uma noite de alegria e reconhecimento pela liderança e pelo papel do nosso amigo Renato Rabelo na presidência do PCdoB e na luta comum”.



O vice-presidente do PSB, Roberto Amaral, lembrou que apesar de visões diferentes, ambos os partidos mantêm relações duradouras da época da luta contra a ditadura militar e a redemocratização do país. “Nossas relações com o PCdoB são de longa data. Ele é um dos grandes quadros do comunismo brasileiro e trabalhamos com muito empenho na construção da Frente Brasil Popular. Nós, os comunistas e socialistas, somos antes de mais nada humanistas e defendemos a liberdade”.



O vereador e pré-candidato do PCdoB à Prefeitura de São Paulo, Netinho de Paula, também prestou votos de felicidades a Renato. Também marcaram presença o prefeito de São Paulo Gilberto Kassab, o pré-candidato do PT à Prefeitura paulistana, o ex-ministro Fernando Haddad, e o ex-governador José Serra.



Kassab ressaltou a “carreira e o espírito público” de Renato. Já José Serra disse que mantém uma relação indireta com dirigente comunista desde os anos 1960 – durante a fundação da Ação Popular – e que “independentemente de diferenças políticas”, mantém um grande respeito por Renato.
Por Mariana Viel

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Saudosos da ditadura engolem a língua

Por Altamiro Borges

Por determinação do comandante do Exército, Enzo Perri, o “manifesto” com críticas à presidente Dilma Rousseff assinado pelos três clubes militares, que reúnem os oficiais da reserva saudosos da ditadura, foi retirado do ar ontem. O texto gerou mal-estar na cúpula das Forças Armadas e resultou numa reunião emergencial com o ministro da Defesa, Celso Amorim. E não era para menos!

O documento criticava as ministras Maria do Rosário, da Secretaria de Direitos Humanos, e Eleonora Menicucci, da Secretaria das Mulheres, por suas defesas da Comissão da Verdade, que visa apurar os crimes da ditadura. Pior ainda, “cobrava” da presidenta a censura às ministras. Ele ainda atacava as “minorias sectárias e os partidos políticos” que lutam pelo resgate da memória histórica.



Ranço autoritário que persiste



No seu conjunto, o “manifesto” revela o ranço autoritário que persiste em setores militares. Num dos trechos, lembra a cantilena dos golpistas de 1964. “Ao completar o primeiro ano do mandato, paulatinamente vê-se a presidente afastando-se das premissas por ela mesma estipuladas”, referindo-se ao combate à corrupção.



Noutro trecho, ao se referir à ministra Eleonora Menicucci, ele parece ter sido escrito pelos torturadores do regime militar. “Ora, todos sabemos que o grupo ao qual pertenceu a senhora Eleonora conduziu suas ações no sentido de implantar, pela força, uma ditadura [comunista], nunca tendo pretendido a democracia”.



Viúvas da ditadura continuam ativas



O texto foi assinado pelos presidentes do Clube Militar, Renato Cesar Tibau Costa, do Clube Naval, Ricardo Cabral, e do Clube da Aeronáutica, Carlos de Almeida Baptista – todos na reserva. Ele confirma a existência de um setor militar saudoso da época das torturas e assassinatos, que até hoje trata o golpe de 1964 como “revolução” e venera as barbaridades praticadas pela ditadura.



Diante das reações, o “manifesto” foi retirado do sítio do Clube Militar. No seu lugar, foi postada uma nota lacônica: “Com relação à nota Manifesto Interclubes Militares de 16/02/2012, os presidentes dos clubes militares desautorizam o referido documento” – que eles mesmos haviam assinado. O aparente recuo, porém, não deve tranqüilizar as forças democráticas.



As “viúvas da ditadura” continuam ativas na sociedade. É só lembrar a campanha presidencial de 2010, quando o tucano Serra foi recebido no Clube Militar como a salvação diante do “perigo comunista”. Ou dos vários artigos golpistas de “calunistas” da mídia – a mesma que apoiou o golpe e a ditadura militar.



Fonte: Blog do Miro

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

PCdoB-SP aprova agenda de atividades de 2012

O Comitê Estadual do PCdoB aprovou em sua primeira reunião do ano, o calendário de atividades para 2012. Além das programações partidárias, estão ainda previstas as agendas dos movimentos sociais que contam com a participação dos comunistas.


Veja abaixo o calendário e se programa para participar:



Comitê Estadual PCdoB – SP Calendário 2012



Janeiro

• 14 (sábado): Reunião de Macros

• 21 (sábado): Reunião de Macros

• 20 a 30: Curso Nacional de Formação do PCdoB



Fevereiro

• 06 (segunda): 3º Reunião da Comissão Política Estadual

• 10 e 11(sexta e sábado): 3º Reunião do Comitê Estadual

• 18 a 21: Carnaval

• 29 e 01/03(quarta e quinta): Eleição do Sindicato dos metalúrgicos de São José dos Campos



Março

• 05 (segunda): 4º Reunião da Comissão Política Estadual

• 10 (sábado): Conferência Estadual dos Trabalhadores Sabesp e Afins

• 24 (sábado): Festa dos 90 anos do PCdoB – Rio de Janeiro

• 26 (segunda): Sessão Especial aos 90 anos do PCdoB no Congresso Nacional



Abril

• 02 (segunda): 5º Reunião da Comissão Política Estadual

• 06: Sexta-feira Santa

• 08: Domingo de Páscoa

• 09 a 13: Apresentação de lista de filiados ao TSE

• 20 e 21 (sexta e sábado): Seminário sobre a História do PCdoB - SP



Maio

• 01 (terça): Dia do Trabalhador – Festa das Centrais Sindicais

• 07 (segunda): 6º Reunião da Comissão Política Estadual

• 18 a 20 (sexta a domingo): II Conferência Nacional sobre a Questão da Mulher

• 25 a 27 (sexta a domingo): Congresso Estadual da UJS

• 27 (domingo): 10 anos do Falecimento de João Amazonas



Junho

• 02 e 03 (sábado e domingo): 4º Reunião do Comitê Estadual

• 07 (quinta): Corpus Christi

• 07 a 10 (quinta a domingo): Congresso Nacional da UJS

• 11 (segunda): 7º Reunião da Comissão Política Estadual

• 10 a 30: Período de Realização das Convenções Municipais



Julho

• 02 (segunda): 8º Reunião da Comissão Política Estadual



Agosto

• 06 (segunda): 9º Reunião da Comissão Política Estadual



Setembro

• 03 (segunda): 10º Reunião da Comissão Política Estadual

• 07 (domingo): Independência do Brasil



Outubro

• 07 (domingo): Primeiro Turno das eleições municipais

• 15 (segunda): 11º Reunião da Comissão Política Estadual

• 28 (domingo): Segundo Turno das eleições municipais



Novembro

• 05 (segunda): 12º Reunião da Comissão Política Estadual

• 24 e 25(sábado e domingo): 5º Reunião do Comitê Estadual



Dezembro

• 03 (segunda): 13º Reunião da Comissão Política Estadual

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Michel Chossudovsky: EUA são piores do que a inquisição espanhola


Presidente e diretor do Centro de Pesquisa em Globalização (Centre for Research on Globalization), Michel Chossudovsky conversou com o ODiário.Info sobre a discussão de uma possível terceira guerra mundial, de que fala no seu livro “Towards a World War III Scenario: The Dangers of Nuclear War”.
Por Sara Sanz Pinto*
Crítico da fortificação militar que os Estados Unidos estão construindo em torno da China, o professor canadiano da Universidade de Otava defende que a opinião pública é fundamental para evitar uma guerra nuclear.



ODiário.Info: Diz no seu livro que a guerra com o Irã já começou e que os Estados Unidos estão apenas à espera de um rosto humano para lhe dar. Acredita que os objetivos políticos e geoestratégicos de Washington podem levar-nos a uma guerra nuclear com consequências para toda a humanidade?

Michel Chossudovsky: Não quero fazer previsões e ir além do que aconteceu. Tudo o que posso dizer, e tenho vindo a dizê-lo de forma repetida, é que a preparação para a guerra está a um nível muito elevado. Se será levada a cabo ou não é outro patamar, e ainda não o podemos afirmar. Esperemos que não. Mas temos de considerar seriamente o fato de que este destacamento de tropas é o maior da história mundial. Estamos assistindo o envio de forças navais, homens, sistemas de armamento de ponta, controlados através do comando estratégico norte-americano em Omaha, Nebrasca, e que envolve uma coordenação entre EUA, Otan e forças israelitas, além de outros aliados no golfo Pérsico (Arábia Saudita e estados do Golfo).

Estas forças estão a postos. Isto não significa necessariamente que vamos entrar num cenário de terceira guerra mundial, mas os planos militares no Pentágono, nas bases da Otan, em Bruxelas e em Israel, estão a ser feitos. E temos de levá-los muito a sério. Tudo pode acontecer, estamos numa encruzilhada muito perigosa e infelizmente a opinião pública está mal informada. Dão espaço a Hollywood, aos crimes e a todo o tipo de acontecimentos banais, mas, no que toca a este destacamento militar que poderá levar-nos a uma terceira guerra mundial, ninguém diz nada. Isso é um dos problemas, porque a opinião pública é muito importante para evitar esta guerra.

E isso não está a acontecer, as pessoas não estão se organizando para se oporem à guerra. Isto não é uma questão política, é um problema muito maior, e tenho de dizer que os meios de comunicação ocidentais estão envolvidos em atos de camuflagem absolutamente criminosos. Só o fato de alinharem com a agenda militar, como estão a fazer na Síria, onde sabemos que os rebeldes são apoiados pela Otan, na Arábia Saudita e em Israel, e como fizeram na Líbia, é chocante do meu ponto de vista, porque as mentiras que se criam servem para justificar uma intervenção humanitária. Em vez de uma guerra nuclear, não podemos assistir a um cenário semelhante à Guerra Fria, com os EUA, a União Europeia e Israel de um lado e a China, a Rússia e o Irã do outro?

Esse cenário já é visível. A Otan e os EUA militarizaram a sua fronteira com a Rússia e a Europa de Leste, com os chamados escudos de defesa antimíssil – todos esses mísseis estão apontados a cidades russas. Obama sublinhou em declarações recentes que a China é uma ameaça no Pacífico – uma ameaça a quê? A China é um país que nunca saiu das suas fronteiras em 2 mil anos. E eu sei, porque investigo este tema há muito tempo, que está sendo construída toda uma fortaleza militar em volta da China, no mar, na península da Coreia, e o país está cercado, pelo menos na sua fronteira a sul. Por isso a China não é a ameaça. Os EUA são a ameaça à segurança da China. E estamos numa situação de Guerra Fria. Devo mencionar, porque é importante para a UE, que, no limite, os EUA, no que toca à sua postura financeira, bancária, militar e petrolífera, também estão a ameaçar a UE. Estão por trás da destabilização do sistema bancário europeu.


ODiário.Info: E a colocação de mais tropas em torno da China vai trazer mais tensão à região.

MC: Quanto a isso não tenho dúvidas, porque os EUA estão aumentando a sua presença militar no Pacífico, no oceano Índico e estão tentando ter o apoio das Filipinas e de outros países no Sudeste Asiático, como o Japão, a Coreia, Singapura, a Malásia (que durante muitos anos esteve reticente a juntar-se a esta aliança). Portanto, Washington está formando uma extensão da Otan na região da Ásia-Pacífico, direcionada contra a China. Não há dúvidas quanto a isto. E não se vence uma guerra contra a China. É um país com uma população de 1,4 bilhões de pessoas, com um número significativo de forças, tanto convencionais como estratégicas. Por isso, com este confronto entre a Otan e os EUA, de um lado, e a China, do outro, estamos num cenário de terceira guerra mundial. E toda a gente vai perder esta guerra. Qualquer pessoa com um entendimento mínimo de planejamento militar sabe que este tipo de confronto entre superpotências – incluindo o Irã, que é uma potência regional no Médio Oriente, com uma população de 80 milhões de pessoas – poderá levar-nos a uma guerra nuclear. E digo isto porque os EUA e os seus aliados implementaram as chamadas armas nucleares tácticas – mudaram o nome das bombas e dizem que são inofensivas para os civis, o que é uma grande mentira.



ODiário.Info: Mentira porquê?

MC: Está escrito em todos os documentos que a B61-11 [arma nuclear convencional] não faz mal às pessoas e planeiam usá-la. Tenho examinado estes planos de guerra nos últimos oito anos, e posso garantir que estão prontos a ser usados e podem ser acionados sem uma ordem do presidente dos EUA. Olhe para o que eles designam “Nuclear Posture Review” de 2001, um relatório fulcral que integra as armas nucleares no arsenal convencional, sublinhando a distinção entre os diferentes tipos de armas e apresentando a noção daquilo que chamam “caixa de ferramentas”. E a caixa de ferramentas é uma coleção de armas variadas, que o comandante na região ou no terreno pode escolher, onde estão estas B61-11, que são consideradas armas convencionais. Se quiser posso fazer uma analogia, é a mesma coisa que dizer que fumar é bom para a saúde. As armas nucleares não são boas para a saúde, mudaram o rótulo e chamaram–lhes bombas humanitárias, mas têm uma capacidade destruidora seis vezes superior à de Hiroxima.



ODiário.Info: Mas a maior parte das pessoas não parece consciente da gravidade do cenário…

MC: A ironia é que a terceira guerra mundial pode começar e ninguém estará sequer a par, porque não vai estar nas primeiras páginas. Na verdade, a guerra já começou no Irã. Têm forças especiais no terreno, instigaram todo este tipo de mecanismos para desestabilizar a economia iraniana através do congelamento de bens. Há uma guerra da moeda em curso – isto faz parte da agenda militar. Desestabilizando-se a moeda de um país desestabiliza-se a sua economia, bloqueiam-se as exportações de petróleo, e isto antecede a implementação de uma agenda militar. Se eles puderem evitar uma aventura militar contra o Irã e ocupar o país através de outros meios, fá-lo-ão. É isso que estão a tentar neste momento. Querem a mudança de regime, o colapso das petrolíferas, apropriar-se dos recursos do país, e têm capacidade para fazer isto tudo sem uma intervenção militar, embora alguma possa vir a ser necessária. Mas o Irã é considerado uma das maiores potências militares da região e basta olharmos para as análises da sua força aérea, a sua capacidade em mísseis, as suas forças convencionais que ultrapassam um milhão de homens (entre ativo e reserva), o que permite que de um dia para o outro consiga mobilizar cerca de metade, ou até mais. Tendo em conta estes números, os EUA e os seus aliados não conseguem vencer uma guerra convencional contra o Irã, daí a razão pela qual estão a tentar fazer a guerra com outros meios, e um desses meios é o pretexto das armas nucleares.



ODiário.Info: Acha que o Ocidente pode lançar um ataque preventivo contra o Irão mesmo sem provas?

MC: Claro que sim! Olhe para a história dos pretextos para lançar guerras. Olhe para trás, para todas as guerras que os EUA começaram, a partir do século XIX. O que fazem sistematicamente é criar aquilo que chamamos incidente provocado para começar a guerra. Um incidente que lhes permite justificar o início de um conflito por motivos humanitários. Isto é muito óbvio. Em Pearl Harbor, por exemplo, sabe-se que foi uma provocação, porque os EUA sabiam que iam ser atacados e deixaram que tal acontecesse. O mesmo se passou com o incidente no golfo de Tonkin, que levou à guerra do Vietnã. E agora são vários os pretextos que emergem contra o Irã: as alegadas armas nucleares são um, outro é o alegado papel nos atentados 11 de Setembro, pois desde o primeiro dia que acusam o país de apoiar os ataques, a afirmação mais absurda que podem fazer, pois não existem quaisquer provas. Mas os media agarram nestas coisas e dizem “sim, claro”.



ODiário.Info: Pode explicar às pessoas de uma forma simples a relação entre guerra contra o terrorismo e batalha pelo petróleo?

MC: A guerra contra o terrorismo é uma farsa, é uma forma de demonizar os muçulmanos e é também a criação, através de operações em segredo dos serviços secretos, de brigadas islâmicas, controladas pelos EUA. Sabemos disso! Estas forças, ligadas à Al-Qaeda, são uma criação da CIA de 1979. Por isso a guerra contra o terrorismo é apenas um pretexto e uma justificação para lançar uma guerra de conquista. É uma tentativa de convencer as pessoas de que os muçulmanos são uma ameaça e de que estão a protegê-las e para isso têm de invadir países perigosos, como o Irã, o Iraque, a Síria e a Coreia do Norte, que perdeu 25% da sua população durante a Guerra da Coreia, mas, no entanto, continua a ser tida como uma ameaça para Washington. É absurdo! Os americanos são um pouco como a inquisição espanhola. Aliás, piores! O que mais me choca é que os EUA conseguem virar a realidade ao contrário, sabendo que são mentiras e mesmo assim acreditando nelas. A guerra contra o terrorismo é uma mentira enorme, mas todas as pessoas acreditam e o mesmo se passava com a inquisição espanhola – ninguém a questionava. As pessoas conformam-se com consensos e quem assume a posição de que isto não passa de um conjunto de mentiras é considerado alguém em quem não se pode confiar e provavelmente perderá o emprego. Por isso esta guerra é contra a verdade, muito mais séria que a agenda militar. Contra a consciência das pessoas – parece que ninguém está autorizado a pensar. E depois vêm dizer-nos “Ah, mas as armas nucleares são seguras para os civis”. E as pessoas acreditam.



ODiário.Info: Será Israel capaz de atacar Irã sem o apoio dos EUA?

MC: Não. Eles podem enviar as suas forças, por exemplo para o Líbano, mas o seu sistema está integrado no dos EUA e, como o Irã tem mísseis, têm de estar coordenados com Washington. É uma impossibilidade em termos militares. Em 2008, o sistema de defesa aérea de Israel foi integrado no dos EUA. Estamos a falar de estruturas de comando integradas. Quer dizer, Israel pode lançar uma pequena guerra contra o Hezbollah ou até contra a Síria, mas contra o Irã terá de ser com a intervenção do Pentágono. Embora tendo uma fatia significativa de militares, Israel tem uma população de 7 milhões de pessoas e não tem capacidade para lançar uma grande ofensiva contra o Irã.



*Por Sara Sanz Pinto é jornalista.



Fonte: ODiário.info

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

PCdoB-SP 2012: Eleger prefeitos e dobrar a bancada de vereadores

http://www.vermelho.org.br/sp/noticia.php?id_noticia=175569&id_secao=39
Reunido neste final de semana, o Comitê Estadual do PCdoB debateu e aprovou metas e objetivos para o ano de 2012, com destaque para o projeto eleitoral e a estruturação partidária. Com a palavra de ordem de eleger prefeitos e dobrar a bancada de vereadores, os comunistas de São Paulo trabalham com afinco para colher vitórias em outubro.

1. O ano que se inicia traz importantes desafios políticos para os comunistas e demais forças políticas democráticas e progressistas de São Paulo. O processo eleitoral de outubro, que renovará mandatos de prefeitos e vereadores nos 645 municípios do estado, representará oportunidade para debater soluções para os dilemas que afligem as cidades e impactam a vida da população.

2. Será também um momento rico para que as forças políticas apresentem suas plataformas e candidaturas ao povo, buscando acumular e assentar as bases para a disputa de 2014, quando estarão em jogo os próprios rumos do estado e do país. Neste sentido, o objetivo é que os projetos e resultados das eleições municipais de 2012 desenhem melhores condições para que o campo progressista obtenha vitórias no pleito de 2014.
3. O PCdoB-SP está empenhado em manter sua curva ascendente no estado. Ampliamos a votação na última eleição, conquistamos dois mandatos federais e dois estaduais – estes em chapa própria -, alcançamos excepcional votação ao Senado com Netinho de Paula, expandimos a organização partidária para 309 municípios, garantindo presença em todas as cidades que realizam segundo turno (mais de 200 mil eleitores) e todas as com mais de 100 mil eleitores. Chegamos a 50 vereadores e filiamos o prefeito de Monte Alegre do Sul. O Partido vive, portanto, um momento de expansão que pretende acelerar nestas eleições.
4. Em consonância com as diretrizes nacionais, o centro projeto eleitoral do PCdoB paulista para 2012 consiste em apresentar candidaturas majoritárias onde existirem condições, buscar eleger prefeitos (as) e dobrar o número de vereadores nas câmaras municipais. Fruto dessa resolução política, devemos ter candidaturas a prefeito em 35 cidades e apresentaremos cerca de 2 mil candidatos à vereança.
5. A política de alianças deve contribuir para o alcance desses objetivos. O esforço realizado pelo Partido foi o de ampliar e diversificar as alianças políticas, levando em conta as melhores condições geradas para o sucesso do projeto, o que tem tido resultados satisfatórios. Caberá às conferências eleitorais municipais aprovar as alianças em âmbito local (ad referendum da instância superior, conforme artigo 29 do Estatuto).
Disputas majoritárias
6. As prioridades partidárias nas disputas majoritárias são as candidaturas de Netinho de Paula, em São Paulo, e de Pedro Bigardi, em Jundiaí. Temos ainda o objetivo de reeleição do prefeito recém-filiado Carlos Aguiar (Monte Alegre) e vencer em um conjunto de cidades médias ou pequenas nas quais temos boas chances com candidato (a) próprio (a).
7. O cenário eleitoral na cidade de São Paulo segue em aberto e aponta, até o momento, para múltiplas candidaturas. O PSDB, com prévias marcadas para março, ainda não definiu seu candidato. Algumas lideranças tucanas alimentam a esperança que José Serra entre na disputa e, assim, reaproxime o PSD de Kassab. O prefeito, por sua vez, sinaliza tanto para o lançamento de Guilherme Afif quanto para uma composição com Haddad, do PT. Compõem ainda o cenário Russomano (PRB), o próprio Netinho de Paula, Soninha (PPS), Paulinho (PDT) e Chalita (PMDB).
8. O PCdoB participará pela primeira vez da eleição majoritária na capital com a candidatura de Netinho, que aparece na segunda colocação, variando de 13% a 16% nas pesquisas. Netinho é uma liderança conhecida e respeitada, em particular nas camadas mais populares, e tem o respaldo não apenas das pesquisas, mas de quase dois milhões de votos recebidos nesta cidade para o Senado. O trabalho da direção partidária tem sido em torno de fortalecer ainda mais a candidatura, ampliar as alianças políticas e a composição do núcleo de coordenação.
9. A candidatura de Pedro Bigardi, em Jundiaí, vem crescendo continuamente e já desponta consolidada como o principal polo da oposição. O atual prefeito é do PSDB e candidato à reeleição.

10. Já temos apoios de diversas legendas e podemos ampliá-los ainda mais, com vistas a chegar ao segundo turno e buscar a vitória.

Ampliar a bancada de vereadores na Capital

11. Outro grande desafio é o de ampliar a bancada de vereadores do PCdoB na Câmara Municipal de São Paulo. O esforço para a montagem da chapa possibilitou que ultrapassássemos o número de 100 pré-candidatos, o que somado ao potencial de votos de legenda pode gerar condições favoráveis à consecução deste objetivo.

Acompanhamento aos projetos eleitorais de Campinas e Guarulhos

12. São Paulo é o único estado do Brasil que possui mais cidades com 1 milhão de habitantes além da capital. Por essa característica, aliada aos potenciais econômico e tecnológico, Campinas e Guarulhos devem ganhar destaque no acompanhamento de seus projetos eleitorais, buscando garantir e ampliar a presença do PCdoB nas casas legislativas de ambas as cidades.
Reeleger os atuais vereadores; eleger nas maiores cidades onde não temos presença
13. Faz parte dos objetivos eleitorais do PCdoB a manutenção de mandatos conquistados em municípios chave do interior e da grande São Paulo, a obtenção de cadeiras em cidades com mais de 200 mil eleitores nas quais não temos parlamentares, a eleição de vereadores em cidades com mais de 100 mil eleitores e cidades que são polos regionais.
Eleger prefeitos e dobrar a bancada de vereadores

14. O êxito deste projeto político e eleitoral do PCdoB-SP em 2012 é fundamental para angariar prestígio junto ao povo, impulsionar a luta das forças progressistas por mudanças no estado e para o impulso do novo projeto nacional de desenvolvimento. Para um melhor e mais permanente acompanhamento, o Comitê Estadual indica a formação de um Grupo de Trabalho Eleitoral (GTE) composto por Nádia Campeão, Marcelo Cardia, Vânius Silva, Bruno Prado, José Carlos Pires (Zeca), Elizeu Soares e Orlando Silva, a ser coordenado por este último.

15. A ampliação do protagonismo político dos comunistas é, portanto, indispensável para a construção do “Partido do tamanho de nossas ideias”, como consignou a última Conferência Estadual. O Comitê Estadual conclama a militância a realizar todos os esforços, tensionar todas as forças partidárias rumo à vitória em outubro, materializada na eleição de prefeitos e na duplicação da bancada de vereadores no estado.

Desafios da estruturação partidária
16. Como Partido organizado, militante, permanente e de grande inserção nos movimentos sociais e lutas do povo, o PCdoB-SP tem uma extensa agenda a cumprir neste ano de 2012, que extravasa o calendário eleitoral. A direção estadual reforça a importância e conclama dirigentes e militantes a envidarem esforços para o êxito de todas as atividades que seguem.

17. De imediato, ganha destaque na agenda o movimento sindical, com a eleição do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos (29/2 a 1/3), uma das prioridades para o PCdoB-SP e na qual a chapa liderada pela CTB busca a vitória. Também fica convocada a militância partidária ao engajamento e participação no grande ato unificado de 1º de Maio, que contará com o empenho das centrais sindicais CTB, Força Sindical, UGT, Nova Central e CGTB.

18. Os comunistas que atuam no movimento juvenil também viverão em 2012 um grande momento de debate político, organização e expansão de suas fileiras com o processo de Congresso da União da Juventude Socialista, cuja etapa paulista deve ocorrer entre 25 e 27 de maio.
19. A militância feminista da UBM está engajada na preparação de uma grande participação das mulheres comunistas de São Paulo na Conferência Nacional da Questão da Mulher, marcada para os dias 18 a 20 de maio.

20. Foi aprovada na última Conferência Estadual a meta de uma contínua campanha de filiação visando atingir, até o final de 2012, a marca de 20 mil novos filiados e a distribuição de 50 mil livretos do Programa Socialista. Para atingir tal resultado, é importante que todas as frentes de atuação se engajem nesta tarefa como parte da mobilização das atividades já listadas.

21. É necessário também elevar os esforços relacionados à sustentação material do Partido via a contribuição militante. A contribuição financeira deve ser sempre reafirmada como compromisso político e ideológico do militante, por isso, à medida que ampliamos nossas fileiras, precisamos aumentar o número de contribuintes no Sincom (Sistema Nacional de Contribuição Militante). Ao mesmo tempo, é preciso intensificar a aquisição da Carteira Nacional do Militante com vistas a atingir todos os que participaram da Conferência e/ou estejam de alguma forma organizados, pois a “carteirinha” representa um passo a mais na identificação entre militante e Partido.

22. O Curso do Programa Socialista (CPS) é peça fundamental para o sistema de formação partidária, especialmente num momento, como o atual, em que o PCdoB expande suas fileiras, e ganha ainda maior relevo com a comemoração dos 90 anos de fundação do Partido. Sendo assim, desde o ano passado as direções têm feito grande esforço de ministrar o CPS a todos os militantes envolvidos no processo de Conferência. Este impulso na formação deve persistir e ser ampliado em 2012.

23. Os fóruns de macrorregiões – órgãos consultivos que auxiliam na implementação das orientações – têm se demonstrado muito importantes na realidade do PCdoB paulista. Atualmente, já são 25 macros em funcionamento. É importante reforçar cada vez mais seu papel para ampliar a capacidade dirigente.

São Paulo, 11 de fevereiro de 2012



Comitê Estadual de São Paulo do PCdoB



http://www.vermelho.org.br/sp/noticia.php?id_noticia=175569&id_secao=39

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Aniversário de 90 anos do PCdoB



Queridos amigos e amigas
Como sabem, o Partido Comunista do Brasil completa 90 anos em 25 de março deste ano. Com a sigla PCB, quando da fundação em 1922; com a sigla PCdoB, depois da reorganização em 1962. Independentemente da controvérsia sobre qual é o verdadeiro continuador daquele que nasceu no início do século passado, o fato é que PCdoB e PCB enaltecem esse aniversário. Que comemoremos todos, o essencial é que a luta pelo comunismo permanece...

Da parte do PCdoB, estão programadas várias atividades comemorativas pelo Brasil todo. Os estados e municípos terão atos específicos, além de reforçar os coordenados pela direção nacional:
Dia 24 de março: Festa nacional no Rio de Janeiro - atividade cultutal e política (na Casa VIVO RIO, a partir das 19 horas).
Terá um ônibus saindo por volta das 10h00 de Santos para o Rio de Janeiro, e retornando no final da festa. Quem se interessar, telefonar para o partido no número: (13) 3016-4945


Dia 26 de março: Ato oficial do Congresso Nacional em homenagem aos 90 anos.
De 15 a 31 de março: exposição iconográfica na Câmara do Deputados.

Dia 29 de março: Programa de TV e Rádio alusivo aos 90 anos (horário político).

Dias 20 e 21 de abril: Seminário - PCdoB: história, legado, marxismo e Programa Socialista - em São Paulo.


Fortíssimo abraço,

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Cuba: 50 anos de bloqueio


Bloqueio dos EUA causou prejuízo superior a US$ 1 trilhão, diz Cuba

Carlos Latuff
Quando amanheceu o dia 7 de fevereiro de 1962, uma ordem executiva do presidente dos Estados Unidos John F. Kennedy, assinada quatro dias antes, mudava drasticamente a vida dos cubanos.
Como retaliação às nacionalizações de empresas norte-americanas e às crescentes relações com a União Soviética, a Casa Branca praticamente baniu vínculos comerciais com a ilha caribenha, além de proibir linhas de crédito e vários outros tipos de intercâmbio.
Tinha início um dos mais duradouros e drásticos bloqueios econômicos da história moderna.

O ato administrativo de Kennedy, do Partido Democrata, foi parte de uma escalada inaugurada com a vitória da Revolução Cubana, no dia 1º de janeiro de 1959.
Pouco mais de 15 meses após o triunfo da guerrilha liderada por Fidel Castro, o presidente Dwight D. Eisenhower, republicano, havia apresentado ao Congresso uma medida que reduzia em 700 mil toneladas a importação da cana-de-açúcar cubana.

Carlos Lattuf


No dia 3 de janeiro de 1961, Washington romperia relações diplomáticas com Havana. Quatro meses depois, em abril, com Kennedy já no comando, grupos oposicionistas, com apoio da CIA, foram derrotados durante invasão de Playa Girón, no litoral cubano, em operação militar destinada a derrubar o governo de Fidel.
Humilhadas e enraivecidas, as correntes anticastristas encontraram abrigo norte-americano para novas aventuras. A chave-mestra era trancar a economia cubana de todas as formas possíveis.
“Ao longo desses 50 anos, as diversas medidas do bloqueio custaram mais de um trilhão de dólares ao nosso país”, afirma ao Opera Mundi o vice-ministro de Investimento Externo e Comércio Exterior, Orlando Guillén.

“Os EUA não apenas romperam unilateralmente com o comércio, mas congelaram ativos do Estado cubano e estabeleceram punições a empresas de outros países que queiram ter relações normais conosco.”
Para se ter ideia do estrago, a conta é simples de ser feita. O PIB (Produto Interno Bruto) de Cuba alcançou, em 2009, a cifra de 110 bilhões de dólares. O bloqueio promovido pela Casa Branca ceifou, no mínimo, dez dos últimos 50 anos de tudo o que o país foi capaz de produzir em mercadorias e serviços. Não é pouca coisa.

Endurecimento


Com exceção do período em que governou o democrata Jimmy Carter, essas restrições só foram mais e mais endurecidas. Sem qualquer ternura. Os EUA, que clamam pelo visto de saída para a blogueira Yoani Sánchez, desde fevereiro de 1963 limitam severamente viagens de seus cidadãos para a ilha. Carter se negou, em 1979, a manter essa regulamentação, que deve ser semestralmente renovada, porém, Ronald Reagan a restabeleceu em 1982.

Outro republicano, George Bush, sancionou em outubro de 1992 a Ata para a democracia cubana, mais conhecida como Lei Torricelli. E um democrata, Bill Clinton, pôs sua assinatura, em 1996, na Ata para a liberdade cubana e a solidariedade democrática, popularmente tratada como Lei Helms-Burton. Ambas medidas ampliaram o bloqueio.


Filiais estrangeiras de empresas norte-americanas foram proibidas de comercializar com Cuba. Navios que passassem por seus portos, de qualquer bandeira, teriam que aguardar seis meses antes de lançar âncora em território da superpotência. Bancos que dessem crédito ou fizessem operações financeiras com Havana também passaram a ser vigiados e castigados.


“Tem mais gente fiscalizando nossas contas nos EUA que as da Al Qaeda”, ironiza Guillén. “Qualquer pagamento feito a partir de uma instituição bancária com ramificação norte-americana pode provocar multas e sanções.”


Esse foi o caso, por exemplo, dos bancos Credit Suisse e UBS, processados em centenas de milhões de dólares, durante 2003 e 2004, por realizar transações que aparentemente violavam as leis do bloqueio. Uma das operações punidas foi a transferência de recursos do Fundo Mundial de Luta contra a AIDS, a Tuberculose e a Malária.


Apesar das severas consequências sobre a economia cubana, embargo não foi capaz de enfraquecer o comunismo na ilha


A lista de restrições é infindável. Nenhuma companhia de outros países pode exportar para os EUA produtos que contenham matéria-prima cubana.


Um fabricante brasileiro de geleia, por exemplo, que utilize açúcar cubano, está lascado com o embargo. Nenhuma empresa estrangeira pode vender a Cuba produtos e serviços que utilizem tecnologia norte-americana excedente a 10% de seu valor.


Qualquer empresário, não importa a nacionalidade, que investir em plantas industriais ou projetos sobre os quais pairem reivindicações indenizatórias norte-americanas, está sujeito a severas represálias.



Continuidade


Quando George W. Bush ocupou o Salão Oval, entre 2001 e 2008, as proibições ficaram ainda mais draconianas, com o recrudescimento de restrições contra o turismo, os investimentos e as remessas financeiras de familiares. Quando Barak Obama assumiu, em 2009, eram grandes as esperanças de alguma mudança.


Mas seu único gesto foi, até agora, retornar ao quadro pré-Bush filho, liberando viagens de cubano-americanos e eliminando limites para as doações a parentes (atualmente equivalem a 400-600 milhões de dólares anuais, dependendo da fonte calculadora).


Havana também pode comprar alimentos e remédios nos Estados Unidos, em situações emergenciais, desde que pague adiantado.


No ano passado, a Assembleia Geral das Nações Unidas deliberou pela 20ª vez contra o bloqueio. Apenas Estados Unidos e Israel votaram contra, enquanto 186 nações subscreveram a decisão, com três abstenções. Mesmo empresários norte-americanos gostariam de ver abolida essa relíquia da Guerra Fria, desejosos de fazer bons negócios com Cuba. Nada disso importa na avenida Pensilvânia.


A verdade é que o papel eleitoral da comunidade de refugiados cubanos e seus descendentes, concentrada na Florida, que foi decisivo nas últimas quatro eleições presidenciais, parece subordinar os movimentos de Washington e dos pretendentes ao mais poderoso trono do planeta.


Onze presidentes depois de vitoriosa a revolução cubana e iniciado o bloqueio, a Casa Branca continua com a mesma orientação. Seu objetivo não foi alcançado, pois os comunistas continuam governando Havana. Como recompensa a tamanho sacrifício imposto ao povo cubano, os Estados Unidos talvez tenham conseguido apenas um dos mais espetaculares fracassos em política internacional no último meio século.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Zéllus Machado parte aos 53 anos

.3 de fevereiro de 2012



http://santoscultural.net/2012/02/zellus-machado-parte-53-anos/

por André Azenha, editor



Na Cadeia Velha, com o Percutindo Mundos

O escritor, cantor, músico, menestrel, animador, palhaço, entre outras atividades, e sempre talentoso Zéllus Machado faleceu, em Santos, aos 53 anos.
A cultura e a arte perdem alguém que sempre batalhou pela disseminação de ambas e trilhou um caminho especial, levando talento, humor, alegria e inteligência a vários palcos e ruas do país.
Em outubro, Zéllus concedeu uma entrevista ao CulturalMente Santista, na qual relembrou sua trajetória e falou sobre projetos, inclusive uma auto-biografia.
O conheci pouco. O maior contato foi nessa entrevista, que aconteceu em frente ao Aquário Municipal de Santos. Nessa e em outras ocasiões que o encontrei, sempre manteve uma postura ética, jamais falou mal de alguém, e sempre se mostrou grato aos amigos e colegas que o ajudaram.
Zéllus esteve presente no lançamento da Coletânea CINEZEN
Vol. 1. Como em todas as ocasiões, foi gentil, querido.
Fica o carinho e a admiração.

Zéllus Machado

Linda entrevista com Zéllus Machado, no dia 01/10/2011, contando um pouco da sua história.....

por André Azenha, editor

http://santoscultural.net/2011/10/zellus-machado







Fotos: Acervo pessoal/Zéllus Machado
Show "Amores", no Teatro Municipal

Zéllus Machado, 53 anos, há 34 viaja, canta, declama, encanta. Santista de nascimento, trabalha oficialmente como contador de histórias. E sabe contá-las como poucos. Em entrevista exclusiva ao CulturalMente Santista, o escritor, cantor, músico, menestrel, animador, palhaço, entre outras atividades, narrou sua trajetória: do início, as aulas de violão, quando escutava rock, principalmente Jethro Tull, à poesia, a atuação contestatória, o envolvimento no movimento ambiental, e a jornada cigana, que inclui passagens por Minas Gerais, Ceará, Rio Grande do Norte (em Natal, quando fez passeata ao lado de Lucélia Santos), Pernambuco, Piauí, Maranhão, Acre, onde conheceu Chico Mendes e a então candidata a vereadora Marina Silva, Europa, São Paulo, e outros locais.

Foram duas horas de conversa numa tarde para santista algum colocar defeito: em frente ao Aquário Municipal, dia bonito, sentindo a brisa do mar. Zèllus tem muita história para contar, sim. E narra cada momento com paixão, intensidade, carinho. Faz questão de citar pessoas que o ajudaram. Tem orgulho de tudo o que fez e faz. No papo, ainda me presenteou cantando trechos de canções e o livro “Torpedos”, disponível atualmente na Revistaria e Cafeteria Millor, no Gonzaga.




Hoje o artista mantém o Trio Kanoa, segue escrevendo o livro sobre sua vida, o qual já reúne mais de 290 páginas, e contando histórias. No entanto, não tem se apresentado musicalmente. Estranho, tratando-se de alguém que reúne tanto talento e experiência. Que os donos dos estabelecimentos acordem. Ao final, a opinião dele sobre o meio cultural na região. Confira a seguir, a história de Zéllus Machado, imagens e vídeos (inclusive o curta “Caso Fortuito”, que lhe rendeu o prêmio de melhor ator no Curta Santos). Aproveite.


O início


Como foi o início de sua trajetória na arte?

Durante os anos 70, comecei a dar meus primeiros passos na poesia, escrevia poemas e mandava para o jornal O Vôo, jornal alternativo aqui de Santos. Estudei no Colégio Santista e depois fui para o Primo Ferreira. E aí comecei a compor. Antes disso, já tinha entrado num conservatório, onde estudei música clássica. Violão.

Em Santos?

Acho que era Mário de Andrade, no canal 1. De lá, fui fazer violão popular.


Por que deixou o erudito?

Nesse sentido, sou meio indisciplinado. Estava muito chato pra mim. As labaredas começaram a me atacar.
O que você ouvia de música nessa época?

Trocava muitos discos com o Heraldo, que era um dos editores do jornal Vôo. Ele era meu vizinho. E a gente começou a ouvir de tudo. Beatles, lógico, Rolling Stones, que eu até gostava mais, pela irreverência, Beatles era a nossa formação, mas eu curtia mais os Stones. De lá, comecei a ouvir muito rock alemão, E conheci uma banda, cujo disco trazia um mendigo na capa, era o “Aqualung”, do Jethro Tull. Pirei quando ouvi esse disco. Era um trabalho que eu nunca tinha ouvido até então no rock, com flautas, etc. Tinha ouvido Black Sabbath, Yes, Pink Floyd, mas isso abriu minha dimensão, meu leque foi abrindo de uma forma pulsante. Comecei a traçar um caminho de buscar novos sons. Eu tenho um pouco de influência da banda. Nessa época eu comecei a me sentir um pouco irlandês (risos). O celta, vamos dizer assim. Que é a coisa de trabalhar a flauta. Não tinha uma banda igual. Curti muito som, muito rock. Bombei na escola, no colegial do Santista, por que estava ouvindo muito rock. Minha mãe dava dinheiro pra eu comer. Não comia. Pegava o dinheiro e comprava disco. Passava fome e não passava fome musical. Saciava minha fome musical. E fiz o jornal Giro, entre 1977 e 1978,


Escrevia poesia nesse jornal?

Era uma folha de sulfite. E as matérias… uma era aqui, outra de cabeça pra baixo. Para ler, era preciso pegar e virar o jornal. O primeiro foi feito em mimeógrafo e o segundo também, mas a tinta. Fiz um livro também: “Mesmo assim eu luto e girassóis”. Independente, de poesias. E comecei a participar de festivais de música…
Nisso você aprendeu violão?

Aprendi, comecei a criar, fazer música, pra minha mãe. Fui amadurecendo, fui cantando. Formamos o grupo Peito Rasgado.


Estudou canto?

Estudei uns dois anos. Criamos o grupo Peito Rasgado, em 1980, com o Marcus Canduta e o Padron. Tinha flauta. Foi um marco aqui em Santos. Na época chamávamos de grupo musical, não banda. Tocava em cima de caminhão.


Trabalho autoral?

Era. MPB. Um pouco de baião. Eu sou um caso estranho nesse sentido. Ao mesmo tempo que tinha essa influência celta, tinha também a nordestina. Por isso tem esse lance do “Bandido Lírico Popular”. Sentia uma coisa nordestina. Ganhei como melhor letrista no festival da Primavera em São Vicente, por “Palavra da Canção”: Julinho Bittencourt estava com a gente, ele tinha um grupo chamado Arrumação, com o Cláudo Zaidan. E a gente era voltado para o movimento da esquerda em Santos, tocava em caminhão, vários lugares, no Aristóteles Ferreira, Sindicato dos Metalúrgicos. Participei do Fucas, Festival Universitário da Canção Santista, com a própria Peito Rasgado. O refrão é: “Vamos sentar naquela mesa, mesa escassa de justiça, enfeitada com tua beleza, beleza de mestiça”. E tinha a censura. Falar disso era complicado. A gente ia tocar pensando se teria polícia. Era ditadura. E comecei a participar do movimento estudantil. Hoje, olho pra trás e vejo que já tinha conjuntamente o meu lado lírico e meu lado contestador. E eu tocava muito Geraldo Vandré. Gostava de tocar as músicas. “Pra Não Dizer Que Não Falei das Flores”, que virou um hino, outras também. “Nas Terras do Bem-Virá”, por exemplo. Ele tem também essa coisa muito lírica. O pessoal falava: Vandré santista. Fiz o hino da retomada do Centro dos Estudantes. Não lembro agora a música, mas o refrão diz: “Temos mãos para lutar, temos vozes pra gritar, nem que a espada corte a carne, o Centro é pra ficar”. Cantei isso na Faculdade de Arquitetura

Toquei numa reunião. O pessoal querendo a retomada do Centro dos Estudantes. Falaram que a polícia estava lá fora. “O que farei eu e meu violão?”. Fiquei enrustido na parte de cima, até todo mundo ir embora. Esperei todo mundo ir, aquele silêncio, saí. Toquei com a Renata Zaneta, grande atriz, tenho um apreço enorme por ela, bonita de alma, excelente atriz. A gente militava, tocava no Rebouças, vários lugares. Não era por ego. Fazia música de protesto.


Nordeste


Na Cadeia Velha, com o Percutindo Mundos

Quando você começou a usar a música como profissão?

Rapaz, essa coisa de usar como profissão… Eu venho de uma época, da minha senda, da minha trilha, não era um clima de profissionalizar. Era uma guerra, de sair tocando, tocando. Não tinha a preocupação de chegar num bar e ganhar dinheiro. Com o amadurecimento nesse sentido de sobreviver, foi quando aquela música “amanheceu, peguei a viola, botei na sacola e fui viajar”. Foi quando fui pro Nordeste em 1986.


Como foi?

Militei no movimento ecológico aqui depois de seguir essa trajetória de contestação política, em 1983, 1984. Começou o movimento ecológico em Santos, Domingos Stamato, Isabel Calil, Milo Diniz. Compus música pro Ernesto Zwarg, peregrino da Serra, que morreu faz alguns anos. Fizemos o movimento Defesa da Vida, em Santos. Aí a gente começou a se despertar um pouco. Cada um foi traçando o seu caminho. Tinham manifestações na praia, câmara de vereadores, e eu sempre com a minha alma musical, cantando, poetando. Já tinha essa coisa caiçara comigo, de fazer um trabalho com o Antonio do Pinho, tocando, em recitais. Começou esse lado meu caiçara mesmo. Mais de visibilidade caiçara. Rolou uma identificação: sou caiçara urbano, como a gente diz. Teve o movimento Picaré. Compus muitas coisas, estava me separando, tive o meu filho, Kayan, e fui pro Nordeste. Tinha alguns amigos daqui que estavam em Fortaleza. Pensei, pensei. Estava de saco cheio daqui. Muita poluição, muito descaso com a questão ambiental. Eu montei um show chamado Caiçara Cigano, onde falo das coisas daqui, pescadores. Peguei essa gama toda de concepções caiçaras e levei para o Nordeste. Primeiro fui pra Ouro Preto, um dia de madrugada, começaram a chegar caminhões, cheios de equipamento, e eu nem sabia: ia ter show do Bete Guedes, um presente. Depois me mandei para Fortaleza. Tinha feito um curso aqui, de produtor de rádio, com o Walter Sampaio.
Chegou a fazer faculdade?

Fiz um ano de História e um ano de Letras. Não tinha mais grana pra pagar, estava casado. Hoje digo que estudei na ESTA – Escola Superior de Teatro Ambulante. Profissionalizei-me como produtor de rádio. Fui para a rádio universitária de Fortaleza, montei um programa, onde trabalhei nove, 10 meses, e fazia também parte do movimento ecológico junto com o Partido Verde. Morei num restaurante que era uma comunidade, centro aquariano. Trabalhei, fiz show, em Setur, fiz com a banda Oficina, o show Caiçara Cigano. Saíam matérias nos jornais. Conheci um pessoal de Recife que frequentou Fortaleza. Deixei meus discos na casa do seu Honorato, uns 300 discos. Fui para Recife. Recife foi tudo de bom pra mim. Se tivesse que morar numa cidade hoje, do Nordeste, seria lá. Morei em Imbiribeira, fiz poesia. Trabalhei vendendo sanduíche natural na praia. Que era a coisa mais comum.

http://www.youtube.com/watchv=Zh5G0Ex9zkc&feature=player_embedded&noredirect=1


Você que fazia?

Sim. Montamos outra comunidade, eu, a Ivaneide e a Leninha. Íamos nós três. Depois, alguém me indicou, não sei como: ia ter uma reunião na Febem para fazer uma dinâmica sobre música. Minha vida ficou entre a Febem e Fernando de Noronha, pois eu ia ser garçom em Fernando de Noronha. Com essa minha alma de contestador, revolucionário do bem, optei por trabalhar na Febem. O lugar era perigoso. Fiquei quase um ano lá, e ainda vendia sanduíche natural. Fiz show com o primeiro percussionista do Alceu Valença, o Agrício Noia. Toquei no Centro Cultural com o Agrício, fizemos um show, tinha lá suas 20, 30 pessoas. Sempre fazendo apresentações. Fiz um projeto em Imbiribeira. Comecei a beber na fonte do cordel. Já tinha aquela coisa nordestina e sabe quando parece que puxa um arquivo da mente? Fiz um livro chamdo “Recife entes”, que é um livro que fala da minha passagem lá no Recife. Fui tocar no Recife certa vez, quebraram duas cordas do meu violão. Arrumei dois caxixis e fui tocar no palco. Dei boa tarde. Peguei o caxixi e comecei a bater com os dois pés. Todo mundo começou a cantar, virou um mantra. Cantei umas três músicas, um frevo, todo mundo aplaudiu. Tocava só música autoral. Comecei a viver da música a partir daí, em 1986. Fui para Natal, fiz passeata com a Lucélia Santos, pelo Partido Verde.
Videoclipe de “Éter”
Nesse meio eu criei a Saga do Pescador, que eu falo como se fosse A Saga do Peregrino do Pescador, pra criançada, como contador de histórias. Começou meu trabalho como contador de histórias. Fui ao Piauí, depois Maranhão, em São Luís, onde tive contato com o Bomba Meu Boi, me apresentei numa praça lá. Fui a Belém, me apresentei em 11 escolas, ganhei um certificado da Secretaria de Educação. Fui para o Acre e lá conheci o Chico Mendes.
Tinha um bar chamado Casarão, onde lá fiz campanha para a Marina Silva, pra vereadora, isso em 1988. E o namorado dela, na época, era de Santos. Ela era do PT. Junto com a Nazaré, do Partido Verde, lá em Rio Branco. Era um bar frequentado por intelectuais. Conheci o Chico. Ele era conhecido e tudo, mas ainda não tinha aquela repercussão. Depois fui a Porto Velho e depois Serra Pelada, onde morava o Dino, da dupla Deno e Dino, da Jovem Guarda. E fiz o movimento com as crianças de lá. Fiz uma apresentação educativa. Fui pra Marabá. Fui pra Brasília. Cheguei na rodoviária: para onde eu vou?” Chegou um cara do meu lado: “olá, tudo bem? O senhor é um artista, está viajando pelo Brasil, veio parar em Brasília e não sabe onde ir…” E eu: “Caramba! Prazer, meu nome é Zellus”. “Meu nome é Jorge Laje, tem onde ficar?” Ele me arrumou um lugar no alojamento da universidade, não consegui onde tocar por que era fim de ano. Ele conseguiu lugar pra eu almoçar enquanto estivesse lá. Ele é sociólogo, estava se formando. Passei por João Pessoa. E voltei…

Retorno




Qual o motivo do retorno?

Estava cansado. Cheguei na virada do dia 24 para o dia 25 de dezembro de 1988, na Estação da Luz. Dormi no ônibus, fui parar em São Vicente. Liguei pra minha mãe. Logo depois escutei na televisão a morte do Chico Mendes, e chorei, chorei. Era um Gandhi brasileiro. Profissionalizei meu trabalho musical Fui pra São Paulo. Quando eu voltei, aqui em Santos, montei o Cigania Brasileira, onde peguei todos os ritmos nordestinos, canto chachado, baião, maracatu. Até então aqui ninguém tinha ouvido falar em maracatu, em 1989. “Ah, isso é coisa do Zéllus (risos)”. Fiz show no Sesc Pompéia. Fui para são Paulo e fiquei morando, dois anos, na Pompéia. Comecei a viver de música, também fazendo outras coisas. Comecei a sobreviver, fazendo shows, na Consolação. Toquei em alguns bares, no Bexiga, no Café Piu Piu, no Day by Day. Sempre fiz o caminho inverso do que fazem hoje: tocam covers e poucas músicas próprias. A maioria era música minha e colocava um ou outro cover.


Chegou a gravar?

Não. Não tinha essa preocupação. Estava mais com o trabalho do livro.Vinha tocar em Santos também. Fiz show lá no Casqueiro, em Cubatão.


Trindade







Trupe d'Areia

E fui morar em Trindade. Estava numa fase ruim de vida aqui, de questionamentos, e uma amiga minha de movimento ecológico, Luzia Ribeiro, me ligou. “Está fazendo alguma coisa? Se você quiser vir morar em Trindade, acabei de me casar, você tem casa comida e pode tocar no bar aqui do rancho”. Pensei, pensei… “Amanheceu, peguei a viola…” (risos). Peguei minhas coisas e fui pra casa da minha amiga. Dava aula para os caiçaras de lá, de violão. Aprendi um método para poder dar aula pra eles. Como exemplo: cada nota era um peixe. O braço é o mar. Fiz uma adaptação à lá Paulo Freire. Aprendi o universo deles para poder dar aula de violão, a didática. Fiz um livro chamado “Inside”. Comecei a compor algumas canções em inglês. Minhas inspirações foram “Assim Falou Zaratustra” e Fernando Pessoa. Essa linha metafísica, existencial, também me serviu de base para poder escrever esse livro. Sobre inveja, hipocrisia. Fiz com apoio da Secretaria de Cultura de Paraty. Nunca editei esse livro.



Por que não editou?

Acabei não mandando pra nenhuma editora. Morei em Trindade em 1992, fui com 33 anos na semana santa. Passei o carnaval, voltei e fiquei pensando: “vou, não vou?” Cobrava para dar as aulas. Lá se você não cobra o pessoal não vai. Mas cobrava algo em torno de R$ 2 por mês. Super simbólico, só para sentirem que estavam pagando pela aula (risos). E sobrevivia também tocando no bar da Lu. Ganham dinheiro na temporada pra sobreviver o resto do ano. Levei minha máquina de escrever e comecei a escrever um livro da minha vida. Comecei a pegar o jornal A Tribuna desde 1958. Estou escrevendo ainda. Começo meu livro com uma narração de rádio: “estão acontecendo isso isso e nisso, nasce Zéllus Machado”. Vou ficar escrevendo a vida inteira e não tenho a intenção de publicar. Já tem mais de 290 páginas. Trindade foi uma clínica de repouso pra mim.
Qual o título do livro?

“Pé na Arte”. Minha vida toda foi em cima da arte: poesia, música, teatro, etc. E ele traça toda a história do país enquanto rola minha vida. Pessoas que me amaram, me pisaram. Toda minha trajetória. Talvez um dia eu publique. Mas tenho tantas outras poesias, tantas outras coisas.


Contador de histórias



Show "Amores", na Biblioteca Unisanta

Saí de Trindade e me tornei profissionalmente um contador de histórias. Trabalhei pela Biblioteca Volante. Morei com a minha avó. Pegava vários temas.
Histórias suas ou de outros autores?

Minhas também. Minha avó morreu no dia que saiu uma matéria de meia página comigo no jornal. Fui, contei história no Mercado (Municipal de Santos), fui no enterro de tarde. Dei oficinas em Santos, na Pagu. Fiz festas. Comecei meu trabalho de literatura infantil: “Zwarg O Peregrino Pescador”. E estou contando histórias até hoje. Faço em escolas, já fiz na Flauta Mágica, no Jean Piaget, em vários eventos.
Mas enquanto você passou a contar histórias, continuou fazendo apresentações musicais?

Sou um cara sem vírgulas. Se faço apresentação, acabo declamando uma poesia. Mas no caso de contar histórias fica mais na literatura mesmo

Como está o mercado de contação de histórias atualmente?

Não quero ser prepotente nem nada, mas fui um dos primeiros aqui. Hoje tem Alexandre Camilo, o Rino. Mas até então não tinha. Tem congressos internacionais.


Você vai?

Já fui em dois já. E gosto, trabalho com criança.


Clown

Em 1996, conheci um ator aqui em Santos. Não lembro nome. Ele me procurou, e estava querendo montar um grupo ao estilo Doutores da Folia. Tinham montado em São Paulo. Começamos fazendo trabalho de clown, junto às crianças da pediatria do Guilherme Álvaro. Íamos uma ou duas vezes por semana. Mas não queria só ficar animando. Vamos pesquisar? Chaplin, Buster Keaton, todos eles. Resolvemos criar uma trupe. Na época, esse ator ligou pro Wellington Nogueira, Coordenador do Doutores da Alegria, que disse ter direito a vários nomes que fossem parecidos com o grupo dele. Não podia ser Palhaços da Alegria, Enfermeiros da Alegria. Chamamos de Troupe Tralha Médica. Não tem ninguém com esse nome no país inteiro. Montamos uma ONG: Círculo de Amigos Troupe Tralha Médica – CATTAM. Tivemos matérias na TV Tribuna. Criei um personagem pra mim: o doutor Batuta, um alemão.


Nisso, o hospital Ana costa entrou em contato para fazemos esse trabalho lá. A gente fazia voluntariamente até então. Fomos conversar, fechamos e começamos no Ana Costa, fazendo profissionalmente, com remuneração, isso em 1997. No paralelo, fizemos um teatro de rua, Cabeças de Vento. Demos o nome de Troupe Tralha. Andávamos cheios de malas, etc. e ficava parecido com a Tropicália. Trupe Tralha Médica.


Fiquei como presidente dessa ONG. Ficamos lá por nove anos e meio. Nos primeiros anos atendemos as crianças. Deixei os atores como palhaços, clowns. Tinha treinamento: não era só chegar e fazer palhaçada. Tem todo um trabalho, uma sutileza, uma acuidade com as crianças.

De 2007 pra 2008 fiquei como contador de histórias também. Foi uma época tão maravilhosa para todos os atores, que ganhavam relativamente bem. Teve gente que comprou casa. Isso que eu sempre pensei: juntar o útil ao agradável, para sobreviver disso. Cada um descobriu seu próprio clown.

Em 2007, surgiu uma nova administradora no hospital, que mandou embora alguns enfermeiros e fomos mandados embora também. Disse que não precisava mais desse serviço. Foi uma choradeira entre os auxiliares. Foi o dia mais triste da nossa vida. Tem um vídeo com depoimentos de todos os atores que passaram pela ONG. Não postei ainda.
Europa

http://www.youtube.com/watch?v=HRy5MysDLes&feature=player_embedded

Videoclipe de “Véus Caídos”

Deixou o hospital… e de lá pra cá?

Em 2004 eu fui pra Europa. Como eu tinha esse trabalho, fui para a Irlanda, por onde tive sempre uma forte identificação. Fiz um contato com um hospital da Irlanda e levei meu projeto pra lá. De lá, fiz contato com um pessoal na Escócia. Trabalhei com ventríloco. Deixei uma amiga cuidando da ONG um tempo. Fiquei em Barcelona também. Comecei também meu trabalho musical.


Plínio Marcos
Em 2001, fiz “Os Homens de Papel”, que é um texto do Plínio Marcos, com os próprios catadores de papel. Montei o espetáculo com eles. Falei para o Carlos Pinto. Sempre meus projetos com ele são aprovados. Plínio Marcos na veia. Fui à Pastoral do Valongo, falar com os caras. A direção foi da Maria Tornatore. Montamos e os ingressos eram trocados por alimentos não perecíveis. E terminava com a música da X-9: “Quando você ouvir a melodia…”. O Teatro Municipal lotado, as pessoas choravam de ver aqueles caras em cena. Foi um espetáculo bem bacana. Depois, montei um espetáculo chamado “Mancha Roxa”, com as prostitutas. Fui em todos aqueles hotéis da zona. Direção do Dino Menezes. Apareceram duas, ficou uma. Abrimos pra outras pessoas. Não queria trabalhar só com atores. “Mancha Roxa” é muito forte, o Plínio escreveu numa noite na cadeira, viu as mulheres com sangue. No final, elas querem espalhar AIDS pelo mundo, cada uma a mil. Pra mim, é a peça mais forte do Plínio Marcos. Todas têm palavrão, etc, mas essa eu considero e muita gente considera a mais forte.
Sarau, canções





No Black Jaw, com Simone

Conheci o Percutindo Mundos. Fomos conversando, mostrei minhas canções. Começou o sarau. Foi nosso primeiro sarau, em São Vicente e depois foi pra Pinacoteca. Um amigo meu disse que as músicas, líricas, eram lindas. Foi o maior incentivador. Resolvi chamar algumas pessoas: Ana Beatriz, Simone Ancelmo, Beatriz França – seis mulheres que chamei para cantar minhas canções, com três músicos. Foi lindo. Conheci a Maíra, fiz a Trupe d’Areia. Fiz uma dramaturgia, escrevi um texto para o teatro, “Da Vila aos Espigões”, um apanhado da história desde 1545 até os dias atuais. Estreou na areia mesmo, no Posto 2. Montamos o projeto, levamos na Secretaria de Cultura e fomos para Caruara, Monte Cabrão. Ensaiávamos muito na Concha Acústica. É uma narrativa poética da história. Essas músicas espelham os momentos que são narrados. Durou pouco tempo, uns dois anos. E de lá montei o trio Kanoa.


Trio Kanoa
Chamei a Maíra, conheci o Mauro percussionista, que tem um conhecimento de música bem aprumado e começamos a nos apresentar, no Corisco, no Sarau, em São Paulo, Pinheiros. É uma ponte entre o caiçara e o Nordeste. E o caminho foi até chegar ao Teatro Guarany. É mais música autoral. Não é pra ficar tocando em bar. Em Santos, você toca aqui, tocou ali, ali, começa tudo de novo. Vamos ver se nos apresentamos em outros lugares, em São Paulo também.

Carrossel de Baco

O Danilo Nunes, meu irmão de arte, parceiro e grande ator, entre 2005 e 2006 iniciou uma banda que misturava influencias da Tropicália com Cordel do Fogo do Encantado. Achei muito original e assim nasceu a banda Carrossel de Baco. Compus “Legado”, que virou videoclipe nas mãos de Dino Menezes, e ganhou três prêmios no Curta Santos. Daí em diante nossa relação musical se estreitou mais e venho compondo compulsivamente e, muitas delas, mandando ao Carrossel. Quatro músicas do primeiro CD são minhas, além de algumas poesias. Vale conferir o CD do Carrossel, grande promessa na MPB.


Ator

http://www.youtube.com/watch?v=C1f1CfjuiyY&feature=player_embedded

E teve o Curta Santos…

Ganhei como melhor ator (risos).

Ator?

No “Caso Fortuito”. Chamaram: “Zéllus, vamos fazer um filme sobre um traficante de drogas” (risos). Não sou muito ligado nessas coisas, premiação, etc. Aí começou a premiação: melhor atriz, do filme. Melhor roteiro, “Caso Fortuito”. Melhor ator, Zéllus Machado. Até o cara da Globo me entregou o prêmio. Ganhei no dia que o Plínio Marcos completaria 71 anos. Toninho Dantas: “Tu é do caralho, você merece, pela tua trajetória, etc”.
Estudou interpretação?

Nada. Fiz na raça mesmo. Depois fiz outro filme chamado “Osvaldo”, das oficinas “Querô”.


E teve videoclipe…

Ganhei um prêmio pela ousadia, com o “Véus Caídos”. O Thunderbid, junto do Julinho Bittencourt, disse: “conseguiu fazer uma coisa, não usou nenhum efeito especial. Cru e seco”.


Novo CD




E agora penso em fazer meu CD, o “33”. Média de 15 músicas, com o “Lírico, Bandido, Popular”, minha trilogia musical, cinco canções de cada. Lírico inclui canções, valsinhas. O bandido: lado blues, das pegadas à la Tom Waits, Nick Cave, e o popular.
E o rock?

Entra no “bandido”. E tem uma música que fiz para o pessoal do surf. “Ondas de Mim”
Dei aula de Teatro de Cordel na Fundação Casa e agora estou ensinando Intérprete de Cordel na Estação da Cidadania. Respeito muito a coisa do povo nordestino por essa gama, essa pulsação.



Meio cultural


http://www.youtube.com/watch?v=f3Whe2hcw4M&feature=player_embedded


Show “Amores”: Zéllus e Anna Beatriz no Teatro Municipal de Santos, em 19 de Junho de 2008

Quero saber sua opinião sobre a política cultural aqui na região. Há incentivo?

O que eu acho que falta é uma política cultural permanente. São eventuais. Santos é uma cidade complicada pra isso. Não sei se as pessoas acabam não se dando. É uma guerra de egos. Na ditadura parece que havia mais união por parte dos artistas. Não acho que o Carlos Pinto seja ruim. Tem a forma dele. Mas vejo que estão acontecendo várias coisas. Não vejo que seja dos piores. É um cara que vem do teatro, tem uma história a ser respeitada. Não tenho nada a falar contra. Tem sido muito decente comigo, aberto as portas.


Santos tem espaço para todos os músicos?

Existem alguns locais. Ficou muito essa coisa do popular. Não tem uma casa onde você possa mostrar o seu trabalho. Então põe música eletrônica. Eu coloco meu trabalho, minha obra, meu ofício. Em Santos não há esses espaços.
Não tem por causa dos donos ou não tem demanda do publico?

Acho que é preciso descondicionar o público. Por exemplo: no Torto, até o próprio Julinho, que tem umas canções bonitas e tem história no Torto… não consegue espaço lá. Você começa a tocar músicas suas e vem o dono: ”Isso não, toca Djavan, Caetano”. Tem o Almanaque Bar, que abre espaço para as pessoas.



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