quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Desenvolvimento e socialismo

Artigo aponta a necessidade de articulação entre um projeto de desenvolvimento democrático e popular

Por Gilberto Maringoni


Introdução


A possibilidade concreta de se viabilizar uma transição ao socialismo está hoje fora da agenda da sociedade brasileira. A hegemonia burguesa consolidou-se, após um longo período de defensiva das idéias socialistas. Parte da esquerda formada a partir dos anos 1970-80 adaptou-se e ajudou a consolidar tal hegemonia, conferindo-lhe inédita legitimidade. Essa parcela significativa da esquerda que inclui lideranças políticas, sindicais e populares dá nova qualidade ao pacto de classes estabelecido no Brasil, após a eleição de Luís Inácio Lula da Silva à presidência, em 2002. Estabeleceu-se uma aliança sólida entre tais setores e o grande capital financeiro e industrial e o agronegócio, em torno de um projeto de desenvolvimento. Embora se percebam vários matizes no interior desse grande acordo, a maior parte de seus agentes se unifica em torno de algumas linhas-mestras:


1. Absoluta prioridade aos setores rentistas, para os quais se destina cerca de 40% do orçamento federal, sob a rubrica de pagamento dos serviços da dívida pública, baseados nos juros reais mais altos do mundo;

2. Manutenção de uma taxa de câmbio valorizada, que favorece o capital externo e os setores exportadores de produtos não industrializados;

3. Livre circulação de capitais;

4. Expansão do mercado interno, através da elevação do salário mínimo e de programas de transferência de renda;

5. Diversificação dos parceiros comerciais do Brasil no plano externo e

6. Manutenção de toda ordem jurídico-institucional criada para a implantação do modelo neoliberal.

Não se trata mais do neoliberalismo puro e duro dos anos 1990, quando aconteceram as privatizações em massa e o grosso das reformas constitucionais que garantiram a nova ordem. Tudo se deu ao custo de aumento do desemprego e de três crises consecutivas na economia brasileira. Esse viés mais radical do mercadismo perdeu legitimidade, mas permanece vivo nas páginas e telas da grande mídia e nos partidos de direita.


Atualmente, mantidas suas características básicas, o modelo se arraigou na sociedade brasileira, gerando moderadas taxas de crescimento econômico, além de uma melhoria no padrão de vida dos assalariados e da adoção de políticas sociais focadas.

Num plano muito minoritário em termos de expressão política, existe um projeto à esquerda - que contempla também várias nuances. Na verdade, não se conforma nitidamente como alternativa, mas como ideário disperso em alguns setores sociais. Ele poderia, genericamente, ser classificado como democrático-popular. Essa vertente envolve frações dos trabalhadores, da pequena e média burguesia e mesmo partes minoritárias da burguesia. Algumas dessas formações encontram-se abrigadas no pacto de classes majoritário e, vez por outra, exibem descontentamentos com os rumos da orientação geral.


Como tratar a questão da transição do capitalismo para o socialismo nessas balizas concretas? Como colocar o tema no plano da tática - ou seja, da política - e não no terreno de uma estratégia desvinculada da formação social e econômica e social atual do país?

Este pequeno texto não responde a tais questões. Elas seguem em aberto nos dias que correm. Busca-se aqui tão somente apontar a necessidade de articulação entre um projeto de desenvolvimento democrático e popular nos marcos do capitalismo realmente existente e a luta pelo socialismo.

Problema tático


Duas décadas depois da derrocada dos regimes do socialismo real, que gerou uma aguda crise política e ideológica na esquerda mundial, e quase uma década após a chegada ao poder de um partido de origem popular no Brasil, o que significa exatamente advogar uma ruptura socialista?


Um objetivo como esse não pode ser uma construção apenas doutrinária, desvinculada das lutas e condições da realidade política. Ruptura - ou revolução - e socialismo não são valores ou categorias morais. São, antes de tudo, objetivos políticos, inseridos na real disputa de forças na sociedade. Isso implica estabelecer metas de curto, médio e longo prazo, examinar quem são os sujeitos políticos dessa empreitada, os aliados e os inimigos e traçar um programa mínimo e um programa máximo de ação. Em outras palavras, são partes da construção de uma tática e de uma estratégia política. Não se trata assim de tarefa acadêmica. Uma articulação desse tipo deve captar uma necessidade expressiva na sociedade, tendo como núcleo fundamental os trabalhadores, os setores pobres da cidade e do campo e parcelas da pequena burguesia. Outras frações de classe podem eventualmente se juntar nessa empreitada, dependendo das condições concretas da disputa política.


Ao longo das últimas duas décadas, revolução passou a ser um conceito tido como obsoleto. A queda do muro de Berlim, em 1989, a derrota eleitoral dos sandinistas na Nicarágua, em 1990, o desmanche da União Soviética, em 1991, e a supremacia do modelo neoliberal em quase todo o mundo, acuaram as forças que pregavam mudanças na ordem social. A própria idéia de revolução, no sentido de uma transformação radical da realidade, foi colocada em xeque. Ela voltou à baila primeiro pelas mãos do presidente venezuelano, Hugo Chávez, que desde sua chegada ao poder, em 1998, alardeia comandar uma revolução em seu país. Mais recentemente, as mobilizações populares nos países árabes chegaram a ser chamadas de revolução. Independente da exatidão ou não na utilização do termo, o certo é que ele saiu do limbo a que foi relegado há duas décadas.


O que é uma revolução? As definições sobre uma mudança de tal natureza foram sintetizadas por Caio Prado Júnior (1907-1990):


Revolução, em seu sentido real e profundo, significa o processo histórico assinalado por reformas e modificações econômicas, sociais e políticas sucessivas que, concentradas em período histórico relativamente curto, vão dar em transformações estruturais da sociedade, e em especial das relações econômicas e do equilíbrio recíproco das diferentes classes e categorias sociais .


Fernando Claudín (1915-1990), histórico dirigente comunista espanhol, destaca um traço fundamental nas revoluções:


Toda revolução social, tanto socialista como burguesa, compreende como momento necessário a revolução política, a passagem do poder a uma nova classe.


O debate sobre processos revolucionários pode levar à discussão de outro conceito banido da agenda política: o projeto socialista. Se, como dizia Marx, o socialismo representará o desenvolvimento máximo das forças produtivas, com a disseminação do bem-estar e da qualidade de vida, há que se superar o desenvolvimento capitalista, mudando sua qualidade, guardando algumas de suas características, mas negando outras, essenciais, para a construção de uma nova síntese que pode ser genericamente chamada de desenvolvimento socialista.


A esquerda e o desenvolvimentismo


Embora o desenvolvimento econômico sob o capitalismo seja um projeto essencialmente burguês, é preciso levar em conta algumas de suas características. No caso brasileiro recente, o aumento da massa salarial, a expansão dos níveis de emprego e a disseminação do crédito acabam por atrair largos setores dos trabalhadores para o pacto dominante. A melhoria imediata dos padrões de vida, como acontece atualmente em vários países da América Latina, após duas décadas de estagnação, consolidou a idéia que o desenvolvimento é igualmente bom para todos.


Celso Furtado (1920-2004), o mais radical e talentoso reformista burguês do Brasil, diferenciava desenvolvimento de crescimento. Para ele, "O crescimento econômico, tal qual o conhecemos, vem se fundando na preservação dos privilégios das elites que satisfazem seu afã de modernização; já o desenvolvimento se caracteriza pelo seu projeto social subjacente. Dispor de recursos para investir está longe de ser condição suficiente para preparar um melhor futuro para a massa da população. Mas quando o projeto social prioriza a efetiva melhoria das condições de vida dessa população, o crescimento se metamorfoseia em desenvolvimento".


Ou seja, trata-se de um processo de transformação social. Essa transformação será tão mais profunda quanto mais a esquerda socialista souber empreender uma luta política para fazer aliados e formular programas na luta por um desenvolvimento distributivista, democrático e ecologicamente sustentável, que aponte para o socialismo. Não se coloca aqui em dúvida que a transformação almejada será socialista. Discute-se a tática a ser empreendida. Ela depende dos rumos a serem traçados, mas sobretudo da luta e das condições política concretas.

Para definir os atores sociais de uma empreitada dessa envergadura, é preciso apontar o que se quer e onde se deseja chegar. A estratégia de transformação conformará a frente de interesses e de interessados, deixando claro quais os beneficiados e quais os prejudicados com o processo.

Ao mesmo tempo, a esquerda não pode permanecer como caudatária do desenvolvimentismo burguês. Isso aconteceu de forma clara depois da divulgação da Declaração de Março de 1958, do Partido Comunista Brasileiro (PCB).

Vale a pena estudar aquele documento. Ele é contraditório, mas extremamente interessante. O texto tem o mérito de produzir um giro na atuação partidária, que havia adotado concepções ultraesquerdistas, estreitas e sectárias após a publicação dos manifestos de janeiro de 1948, de agosto de 1950 e das resoluções do IV Congresso, de 1954. Todos representam reações à colocação do partido na ilegalidade, em 1947. O resultado foi o isolamento do PCB das forças nacionalistas e progressistas. Após o texto de 1958, a agremiação adotou uma linha de participação no movimento nacionalista, assumiu a luta democrática como bandeira e possibilitou a ela tocar as questões concretas do dia a dia. Houve uma busca pela concretização de alianças, sem exigências irreais, dogmáticas e apriorísticas de hegemonia, como acontecia no período anterior.

No entanto, a Declaração de Março tem como questão principal um grave erro estratégico, fruto de uma análise precária da composição de classes da sociedade brasileira. O texto atribui à "burguesia nacional" um papel progressista. A dada altura, a Declaração diz o seguinte:

O proletariado e a burguesia se aliam em torno do objetivo comum de lutar por um desenvolvimento independente e progressista contra o imperialismo norte-americano.


O resultado concreto foi que o Partido acabou por se colocar a reboque da "burguesia nacional" e de sua concepção política e econômica central, o nacional-desenvolvimentismo. A maior parte dessa burguesia aliou-se ao imperialismo no golpe de 1964, isolou e combateu os comunistas e a esquerda em geral.

O período nacional-desenvolvimentista não foi uniforme e suas características intrínsecas conheceram várias nuances. Obteve-se, através dessas orientações, um modelo de modernização acelerado, que não tocava nas estruturas arcaicas de concentração da renda e da propriedade.


Provocou um dos maiores deslocamentos humanos da história contemporânea, através das migrações internas do campo para a cidade, com vantagens e problemas daí advindos.


O desenvolvimentismo dos anos 1950 entrou em crise, no final daquela década, por conta da maciça e crescente necessidade de importação de bens de produção, o que passou a causar desequilíbrios estruturais no balanço de pagamentos. Some-se a isso, uma contradição inerente ao desenvolvimento, a formação de uma numerosa e disciplinada classe operária, que passou a reivindicar uma repartição maior das riquezas por ela produzida, colocando-se na prática contra um dos pilares do modelo, a superexploração do trabalho.

As raízes do golpe de 1964 estavam principalmente em impedir que as classes sociais emergentes na cena política a partir de 1930 - especialmente o operariado, os trabalhadores rurais e setores das camadas médias - exigissem democratização da propriedade, da renda e do poder político. Para seguir atraindo o capital externo, o país teria de domesticar as reivindicações trabalhistas e criar um ambiente politicamente estável.


O golpe de 1964 é a maior expressão histórica do equívoco de se submeter o movimento popular a uma diretriz própria da burguesia. O exame criterioso desse exemplo deve nortear as ações táticas e estratégicas da esquerda brasileira.


As vertentes da retomada

Após duas décadas de defensiva das camadas populares, a sociedade brasileira viveu novamente, a partir dos anos 1980, um intenso período de disputas, no bojo das lutas políticas pelo fim da ditadura. O debate tinha como pano de fundo a ofensiva do movimento popular.


A percepção de que o modelo anterior entrara em crise, gerando um acentuado desgaste político do regime suscitou um grande debate nacional. Ele combinava reivindicações democráticas com definições de rumos na economia. Havia três vertentes e várias nuances no tabuleiro.

A primeira delas, liderada pelo grande capital, clamava por uma política de desestatização, identificando o propalado gigantismo do Estado como matriz da dinâmica recessiva e inflacionária que o país viveu a partir de 1982. A saída seria uma redução do papel do Estado, para liberar energias produtivas da iniciativa privada.

A segunda era vocalizada por setores da burguesia - cuja tradução política se dava através da maioria do PMDB - e por uma parte do movimento social, especialmente pelos setores nos quais o PCB tinha forte presença. Exigiam uma redefinição do papel do Estado, que deveria retomar suas características de planejador e impulsionador do desenvolvimento.

E a terceira vertente - formada pelas lideranças do chamado "novo sindicalismo", por egressos da luta armada dos anos 1960-70 e por facções progressistas da Igreja Católica - advogava, de maneira rudimentar, uma ruptura com o capitalismo, sem mediações com a burguesia brasileira. Eram os setores que convergiriam para a formação do Partido dos Trabalhadores. A agremiação nasceu e cresceu criticando a política de alianças de classe do PCB.


Ao longo dos anos, a segunda e a terceira vertente tiveram grande convergência. Ou seja, o PT paulatinamente passou a adotar a aliança de classes que renegara no passado. E ao conquistar o poder de Estado, aconteceu o que o economista Paul Singer notou em entrevista recente: A "aliança com sistema financeiro e latifúndio deu ao PT tranqüilidade para governar".


Concretizou-se assim o pacto de desenvolvimento mencionado no início. Uma conformação política dessa natureza não é feita para se lutar pelo socialismo e muito menos para mudar estruturalmente a sociedade. É neste cenário que o grande capital, o agronegócio exportador e as velhas oligarquias seguem dominando, em aliança com parcelas expressivas do movimento popular.


Colocar na agenda


É também neste cenário que a esquerda socialista precisa alcançar legitimidade para colocar na agenda política a alternativa de uma transformação social radical. Dois erros devem ser evitados:


A) Ficar a reboque do desenvolvimentismo. Os setores que o compõem são aliados em uma luta comum até determinado ponto: romper com alguns constrangimentos impostos pelo capital financeiro, o que não é pouca coisa;


B) O segundo equívoco é o oposto. Seria incorrer num doutrinarismo estéril, sem disputar a base social do pacto dominante, que envolve setores com várias contradições entre si. Seria ao mesmo tempo incorreto eleger o desenvolvimentismo como obstáculo principal da luta pelo socialismo


No plano concreto, um programa tático poderia envolver, entre outros, os seguintes pontos:

A) Uma política monetária e uma política fiscal expansiva, que se traduza na quebra da dominação neoliberal. Concretamente isso se traduz em juros baixos, fim do superávit primário e na adoção de controle de capitais;

B) No âmbito do trabalho, redução de jornada, aumento de direitos e do trabalho formal;

C) Maior controle do sistema financeiro e reestatização das empresas privatizadas nos últimos 20 anos;
D) Aumento do investimento estatal nos serviços públicos
E) Auditoria da dívida pública;
F) Democratização das comunicações;

G) Reforma agrária;

H) Direitos iguais para homens, mulheres, negros e minorias;

I) Uma política de desenvolvimento ecologicamente sustentável.


A partir desses pontos - que contam com a concordância de amplas parcelas do campo popular, algumas hegemonizadas pelo pacto dominante - é que se pode avançar no plano concreto para a construção de uma estratégia socialista com força social.


A luta pelo socialismo é um projeto coletivo e não-linear. Depende das injunções históricas, do ambiente interno ao país, das condições da economia mundial e de decisões na esfera política. Ela necessita da constituição de uma frente popular e democrática, a partir das organizações existentes na sociedade. Pressupõe a disputa das bases sociais do pacto dominante.


A luta pelo socialismo não interessa ao grande capital e nem àqueles que têm no terreno financeiro e na especulação a fonte principal de seus ganhos. Um projeto desse tipo, que passa por uma ruptura revolucionária, pressupõe a supremacia da política, com sociedade organizada, instituições democráticas e Estado e forte. E pela solidificação dos partidos de esquerda.

É algo a favor das maiorias e contra as minorias privilegiadas. Um projeto desse tipo só é possível em um embate antiimperial de envergadura e de integração regional soberana.


Gilberto Maringoni é historiador. Artigo publicado na revista "Margem Esquerda", no 17.
http://www.revistaforum.com.br/conteudo/detalhe_noticia.php?codNoticia=9631/desenvolvimento-e-socialismo

domingo, 25 de dezembro de 2011

Renato Rabelo: Um PCdoB mais forte ideologicamente e organizado





Em entrevista ao Portal Vermelho, o presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo, falou das perspectivas eleitorais do PCdoB em 2012, definidas por ele como um importante momento de “acumulação de forças”. Segundo ele, o Partido tem registrado, a cada pleito, um importante crescimento e as eleições majoritárias [para prefeitos] serão importantes para que o PCdoB se torne ainda mais conhecido pela população.



Por Mariana Viel





O dirigente nacional falou ainda dos recentes ataques e calúnias que o Partido sofreu e enfatizou que elas são uma demonstração da importante influência que o PCdoB exerce no cenário político brasileiro. “Para as forças de direita, ter um governo que possui em seu núcleo partidos mais consequentes, que oferecem uma visão mais à esquerda, é inimaginável.”



Renato ressaltou ainda o crescimento do Partido e a importância do reforço de sua organização. “Um Partido estruturado, organizado, consciente e permanente é uma ameaça. Na prática, a resposta que temos que dar é fazer um grande esforço por um Partido mais forte ideologicamente e mais bem organizado.”



Leia abaixo a segunda parte da entrevista com o dirigente nacional do PCdoB ao Vermelho:



Vermelho: Quais são as perspectivas para a atuação do Partido em 2012?

Renato Rabelo: O Partido tem uma compreensão, que considero uma conquista muito importante, que é a acumulação de forças. Para alcançar nossos objetivos maiores, é preciso acumular forças. Baseado exatamente nessa compreensão teórica, o PCdoB definiu a sua política. O Programa Socialista também reflete isso porque está estruturado nessa visão – de que é preciso alcançarmos um rumo, que é o nosso grande ideal: a construção de uma nova sociedade, uma sociedade socialista.



Para isso, é preciso um caminho de acumulação – que é traduzido dentro de uma orientação política que seria a luta pela construção de um Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento. O Partido vem tentando seguir essa orientação e com isso tem crescido e se expandido – não apenas na sua influência política e no governo do qual participamos, mas também no seio do povo e dos trabalhadores.



Vermelho: Qual a importância das eleições do próximo ano nesse processo de acumulação de forças?

Renato Rabelo: O PCdoB vem crescendo, mesmo que progressivamente, nos pleitos – onde também foi definido um processo de acumulação. Estamos também fortalecendo pouco a pouco nossa participação nas eleições majoritárias. Se em 2008 tivemos uma presença maior nas eleições majoritárias, em 2012 essa participação será muito maior.



Temos hoje condições concretas para disputar o pleito majoritário em 10 capitais brasileiras – o que é também um processo importante de acumulação. Além disso, o Partido passou a ocupar posições institucionais de maior relevância no governo federal, criando inclusive incômodos para as forças reacionárias. É exatamente em função dessa expansão, desse crescimento e do aumento dessa influência, que essas forças mais à direita vêm procurando atingir o Partido – na tentativa de jogar o PCdoB na vala comum. Para eles é muito perigoso um partido que defende um novo rumo, uma nova sociedade.



O PCdoB tem que ficar mais conhecido da população e para isso tem que ter candidatos majoritários. O momento da acumulação de forças, no nível em que o Partido se encontra, são as eleições majoritárias. Quando chegamos em uma capital ou cidade média importante – e iremos disputar a Prefeitura em mais 20 dessas cidades – apresentando as nossas propostas, passamos a popularizar o PCdoB e o nosso número de legenda, o 65.



Uma candidatura em São Paulo, que é o maior município do país, tem uma repercussão muito grande. O povo de São Paulo passa a ficar conhecendo o PCdoB. Ainda mais porque teremos um nome conhecido. As pesquisas mostram que um dos pré-candidatos mais conhecidos é Netinho de Paula. Teremos um candidato muito conhecido representando o Partido e isso é muito importante para aproximar o povo do PCdoB. Se levarmos em conta as demais capitais e cidades médias onde vamos disputar as eleições municipais, é possível atingir mais da metade do eleitorado do Brasil. Por isso 2012 tem um significado importante para nós.



Vermelho: Os recentes ataques caluniosos contra o Partido e contra o ex-ministro Orlando Silva foram motivados pelo crescimento do PCdoB e pelas lutas que ele defende?

Renato Rabelo: Para as forças de direita, ter um governo que possui em seu núcleo partidos mais consequentes, que oferecem uma visão mais à esquerda, é inimaginável. Tudo aquilo que pode levar o governo mais à esquerda tem que ser barrado. Eles criam uma agenda que é para incompatibilizar o governo com esses partidos. O próprio Fernando Henrique Cardoso, que é o ideólogo deles, já vinha atacando o PCdoB. Por que ele nominava o PCdoB? Se fosse um Partido que não tivesse influência, ou nenhum papel maior, para quê ele perderia tempo?



Eles encontraram um provocador que fez uma denúncia montada, uma grande armação política – isso na história dos Partidos Comunistas existem muitos exemplos – e a partir daí procuraram exatamente construir aquilo que eles já vinham perseguindo. A campanha não se voltou apenas contra o ministro Orlando Silva, ela foi dirigida contra o Partido. Foram 20 dias de campanha uníssona nacional contra o PCdoB. É tanto que você vê que nos outros casos os partidos não entraram muito em cena. No nosso caso houve uma campanha dirigida, orquestrada, montada contra o Partido.



Vermelho: Quais são as lições que o PCdoB tirou desse episódio?

Renato Rabelo: À medida que um partido como o nosso cresce, a luta de classes se acirra. À medida que partidos como o nosso têm um papel maior, podendo até influir nos rumos do governo, a luta política se acirra e temos que estar mais preparados para ela. Não podemos subestimar isso. Não devemos deixar de lado que a elevação e a radicalização da luta política acontecem nos momentos em que um partido mais consequente, ou com uma visão mais avançada, começa a vingar. As forças de direita procuram reagir, muitas vezes, agressivamente.



No plano mundial o cenário atual é muito parecido. À medida que a crise se aprofunda e que as forças de direita podem perder posições, as reações são mais agressivas. Temos dito inclusive que o processo de radicalização decorre da ação das forças dominantes de direita que não querem perder posição. Eles não querem deixar suas posições simplesmente no diálogo. Temos que estar preparados para isso. Essa é uma lição histórica para os comunistas. Temos que ter uma compreensão profunda sobre isso.



Outra questão é que podemos cometer erros também, deixar flancos, e nessas horas o método que usamos é sempre tirar lições. As experiências socialistas do século passado, que foram importantes, chegaram a um apogeu muito grande, mas tiveram grandes reveses. É o que o Partido vai procurar fazer, tirar ensinamentos e se preparar mais ainda para as lutas que vêm.



Vermelho: A unidade do PCdoB, desde sua militância até seus quadros e dirigentes partidários, também marcou esse momento. Em sua análise, qual foi a importância dessa unidade?

Renato Rabelo: É nas grandes batalhas e diante dos grandes ataques que a luta política e de classe revela, que temos de ver também como o Partido se comporta. O PCdoB se comportou com uma característica essencial nessas horas, que é a unidade. Em situações como essas, tanto na guerra como na luta política, não pode haver desagregação. Porque a divisão leva justamente à derrota. A prova mais importante, mostrando que o Partido vai se colocando à altura, é que conseguimos nos unir. O Partido não recuou e se colocou de forma viva e audaz diante do ataque que sofreu. Começo pelo próprio ministro, o alvo direto dos ataques, que atuou com altivez e de forma determinada. Posso dizer que diante dessa grande batalha o Partido até cresceu. Durante a deflagração das denúncias, as conferências municipais e estaduais – que são uma norma estatutária e que vinham sendo realizadas em todo o país – se transformaram em grandes atos de desagravo ao ministro e em defesa do PCdoB.



Procuramos também demonstrar que o ataque contra o PCdoB foi igualmente um ataque ao próprio governo. O medo das forças reacionárias é que o governo seja ainda mais influenciado pelas forças de esquerda. Esse era um foco importante para desestabilizar e descaracterizar o governo. Percebemos que o governo teve essa compreensão porque um dos objetivos dos ataques era afastar o PCdoB. No ato de posse do ministro Aldo Rebelo – que aconteceu no Palácio do Planalto – a presidente Dilma Rousseff defendeu o Partido, dizendo que o PCdoB é fundamental para o seu governo, que o Orlando havia sido um ministro excepcional e que o novo ministro iria elevar e valorizar ainda mais o governo. A mídia ficou engasgada naquele momento. Por isso o ato não teve tanta repercussão.



Vermelho: Além da disputa em grandes capitais nas eleições do próximo ano, qual será a importância do crescimento da base partidária em 2012?

Renato Rabelo: O Partido tem aumentado sua influência política e por isso tem atraído muita gente para se filiar. Durante o processo de conferências, nosso contingente cresceu 35% em alguns meses – inclusive incorporando lideranças populares, do âmbito intelectual e de diversos setores da sociedade.



O outro lado da medalha é que temos que nos estruturar e organizar. Isso é o que diferencia o PCdoB. Um partido estruturado tem muito mais força do que um partido que não é tão organizado e permanente. Lutamos e definimos tarefas, sobretudo tendo uma política de quadros – que também é uma grande conquista do Partido – que seja capaz de nos levar aos objetivos que traçamos. O Partido não é um ente abstrato, não está fora da contenda política. Quadros e uma camada grande de militantes são fundamentais.



Demos alguns passos nesse sentido e esse foi um dos fatores que causou temor em alguns setores. Um Partido estruturado, organizado, consciente e permanente é uma ameaça. Na prática, a resposta que temos que dar é fazer um grande esforço por um Partido mais forte ideologicamente e mais bem organizado.



Vermelho: Diante dessa necessidade, qual é a importância do lançamento do Curso do Programa Socialista?

Renato Rabelo: Esse é um curso básico sobre o Programa do Partido – uma iniciativa que já vínhamos perseguindo – e que agora se tornou mais focal e pelo qual todos os filiados e militantes precisam passar. Temos que envolver todos os 280 mil filiados. Considero o curso como o primeiro liame de nossos militantes com o PCdoB. Sabemos que um partido bem organizado é uma grande força. Um partido pode ter uma política justa, mas se não tem uma organização forte essa força será sempre débil e sem condições de grandes enfrentamentos.



Vermelho: A questão da luta pela verdade no episódio dos ataques contra o PCdoB foi definida, na última reunião do Comitê Central do Partido, como prioridade. Como o Partido vai encarar essa tarefa?

Renato Rabelo: Nossa luta hoje é para repor a verdade. Essa é uma tarefa atual que não será deixada para segundo plano. Começando por demonstrar a inocência do ministro Orlando Silva, que é essencial. Vamos persistir e queremos demonstrar isso no menor tempo possível. Estamos com a verdade. Fomos vítimas de uma grande armação, de uma inquisição. Não podemos ficar submetidos a calúnias, mentiras e difamações como essas. Isso tudo leva o Partido a se levantar e foi por isso que o PCdoB se uniu.



Foi uma grande injustiça em uma situação muito desigual em que não tivemos o direito de defesa. Eles falavam para milhões e nós apenas para alguns milhares. Temos que fazer com que a verdade venha à luz do dia. Por isso todas as respostas políticas e orgânicas são importantes. O Partido crescer é uma grande resposta, termos uma grande vitória no pleito de 2012 é uma resposta. Alcançarmos um prestígio maior no seio dos movimentos sociais e sindicais, conseguirmos nos ligar mais ao povo e às massas, também são importantes respostas. Além, é claro, do terreno judicial para provar o mais rapidamente possível a inocência do ministro e a dignidade do Partido. Impetramos três ações e queremos que elas rapidamente sejam julgadas.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

O retorno do PCdoB ao Parlamento paulista

Liderança do PCdoB na Assembleia Legislativa de São Paulo divulga balanço dos trabalhos parlamentares do Partido em 2011, ano do retorno dos comunistas ao parlamento paulista. Ação diversificada e comprometida com os interesses do povo e o desenvolvimento do estado são marcas dos deputados comunistas.


diplomação


Bigardi, Nádia Campeão, Protógenes e Leci na diplomação dos parlamentares do PCdoB paulista.

Com a posse da deputada estadual Leci Brandão e do deputado estadual Pedro Bigardi, em março de 2011, o PCdoB retomou o seu relevante papel na Assembléia Legislativa de São Paulo (Alesp). No transcurso dos primeiros nove meses da atual legislatura, a bancada do PCdoB demonstrou capacidade e unidade política; amplitude e independência. Soube compreender, representar e defender os anseios do povo paulista e os interesses de São Paulo.



O PCdoB atua no campo oposicionista, de forma ativa e independente. Enfrenta cada problema como ele deve ser enfrentado: posicionando-se a partir da análise concreta de cada proposição legislativa. A despeito da prevalência da polarização no cenário político paulista, refletida na atual legislatura, a bancada do PCdoB soube pensar e agir com independência, atuando em consonância com suas bases sociais e a linha política do partido.



Defesa do Partido


Logo após a posse, a bancada realizou um grande Ato Solene em comemoração aos 89 anos do PCdoB. O evento foi uma oportunidade de comemoração do retorno comunista a Alesp.

Diante da intensa movimentação política da mídia conservadora e de provocadores contra o PCdoB, a bancada não se intimidou em fazer a defesa do partido e das conquistas do Brasil na área do esporte, onde é inegável que o Ministério do Esporte teve um papel destacado.

Agenda positiva e combativa


Com dois deputados, dentro de um universo de noventa e quatro, o PCdoB - pelo caminho da política - conseguiu definir uma agenda positiva e combativa para a sua inserção. Esteve à frente, por exemplo, dos debates e das iniciativas que visavam garantir o jogo de abertura da Copa do Mundo de 2014 em São Paulo. Posteriormente, em audiência pública, debateu a Lei Geral da Copa.

O PCdoB também se manifestou com clareza e profundidade diante do conteúdo das complexas questões que surgiram no horizonte da Alesp. Mostrou a sua insatisfação com a proposta enviada pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) para a reestruturação de cargos e salários dos servidores estaduais da saúde. Votou favoravelmente a proposta de aumentos salariais para os servidores da educação, para os policiais e funcionários da administração penitenciária, porém fez críticas ao projeto do governo. Em especial, a bancada cobrou o não acolhimento de emendas parlamentares que atendiam as reivindicações do funcionalismo. A valorização dos trabalhadores de carreiras públicas do Estado, para a bancada do PCdoB, foi incompleta. Não garantiu a recuperação das perdas salariais acumuladas e desrespeitou a data-base do funcionalismo (1º de março).

Outra questão apontada pela bancada foi a necessidade de melhorias e aperfeiçoamento ao Projeto de Lei 840/2011, do governo do estado, que limita o valor de aposentadorias dos futuros ingressantes no serviço público, criando um órgão de previdência complementar - aprovado recentemente com os votos do governo. O PCdoB, em diversas ocasiões defendeu a imediata revisão da política de concessão de rodovias como forma de coibir a prática da cobrança abusiva dos pedágios. Defendeu a atualização do Plano Estadual de Transportes. Teve papel decisivo no debate e aprovação da Região Metropolitana de São Paulo, na Região Metropolitana do Vale do Paraíba e do Litoral Norte e foi uma das forças protagonistas na recente criação da Aglomeração Urbana de Jundiaí - a primeira do Estado de São Paulo. Lutou pela ampliação e a democratização do debate sobre o Plano Estadual de Educação, encabeçou a luta para garantir que 50% dos recursos oriundos do petróleo da camada pré-sal sejam destinados para Educação. Teve destacadas iniciativas em defesa do Meio Ambiente e do Desenvolvimento de Ciência e Tecnologia, com a criação do Fundo Estadual para o Desenvolvimento Econômico e Social no Estado de São Paulo e contribuiu para a aprovação do programa que vai pagar a ligação de esgoto para famílias de baixa renda.

A bancada do PCdoB assinou ainda o pedido de abertura de CPI para investigar a denúncia de “venda” de emendas. Participou da CPI do Ensino Superior.


O PCdoB na Alesp votou contra o projeto do governo que transformou o Hospital das Clínicas em autarquia especial. Ao estudar criteriosamente o projeto do governo, a bancada constatou que ele abre espaço para o HC vender serviços a particulares. Aprovado pela maioria governista, a autarquia especial poderá priorizar o atendimento aos pacientes com planos de saúde e consultas particulares, em detrimento dos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). Contra a institucionalização da “porta dupla”, o PCdoB acompanhará este assunto, defendendo o SUS e prevenindo o abandono da população.


A bancada do PCdoB também trabalhou pelo consenso que acabou prevalecendo, garantindo o reajuste salarial das carreiras de apoio à Defensoria. Os deputados do PCdoB ajudaram a aprovar novas leis que defendem o consumidor, o meio ambiente, a participação feminina no mercado de trabalho, a valorização da educação e da cultura.

O PCdoB criticou a postura irredutível do governo do estado diante da contribuição e propostas apresentadas pelo parlamento paulista ao Orçamento e ao Plano Plurianual. O governo excluiu a importância do grande debate que a Assembléia Legislativa paulista realizou sobre o Orçamento e o Plano Plurianual, demonstrou incapacidade de diálogo e, com os votos da maioria governista, acabou aprovando a peça orçamentária que não prevê aumento nos investimentos essenciais para a população, para o crescimento e desafios do estado.


Comissões e Frentes Parlamentares

À frente da Comissão de Educação e Cultura e da Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana, da Cidadania, da Participação e das Questões Sociais, onde é efetiva, a deputada do PCdoB, Leci Brandão, atua para que a cultura e a cidadania - tão presentes e necessárias para a vida das pessoas- mereçam políticas contínuas. A recente criação da Frente Parlamentar de Cultura, proposta e presidida por Leci Brandão, reflete a busca de ações que valorizem a diversidade, garantam o direito de todos os brasileiros de São Paulo à cultura e concretizem o potencial desse setor para a economia. No lançamento da Frente, Leci deu voz a segmentos historicamente ignorados no espaço legislativo. A deputada do PCdoB paulista ouviu artistas, cantores, grupos culturais, comunidades e cidadãos que puderam debater e propor sugestões, relatar experiências, contribuir para o trabalho do grupo parlamentar na busca de diretrizes e ações no campo cultural.

O líder do PCdoB na Alesp, deputado estadual Pedro Bigardi, é vice-presidente da Comissão de Assuntos Desportivos e membro suplente das comissões de Educação e Cultura e Defesa dos Direitos da Pessoa Humana, da Cidadania, da Participação e das Questões Sociais. Engenheiro Civil. Especialista em habitação, meio ambiente e planejamento urbano, por iniciativa de Bigardi foi constituída a Frente Parlamentar de Logística de Transporte e Armazenagem do Estado, com o objetivo de realizar discussões, projetos e soluções voltadas ao setor logístico paulista e também a Frente Parlamentar da Fruticultura.

Além das Frentes de Cultura, de Logística, de Fruticultura, a bancada do PCdoB, diante da inerente complexidade de diversos temas, consolidou uma significativa rede de relacionamento político trabalhando na construção de diversas frentes parlamentares – que reúnem deputados de diferentes partidos em grupos que buscam atingir objetivos comuns. Orientando-se pela valorização da democracia, pela busca do desenvolvimento econômico com emprego e melhores condições de vida para os paulistas, o PCdoB esteve à frente da constituição da Frente Parlamentar pela Reforma Urbana e Cooperação Regional, da Frente em Defesa das Mulheres.


Resgate da cidadania com Audiências Públicas


Despertando e resgatando o papel da cidadania, a bancada do PCdoB, valorizou a participação popular com a iniciativa de promover audiências públicas. Em menos de nove meses foram realizadas audiências para debater a destinação final de resíduos sólidos, incentivos fiscais para o esporte e para a cultura, ampliação das linhas férreas, o desenvolvimento sustentável das bacias hidrográficas paulistas, o Plano Nacional de Educação, o ensino de cultura afro-brasileira, a realidade e as reivindicações dos clubes sociais negros, políticas públicas para combater tráfico de mulheres, o reconhecimento da importância do movimento Hip Hop, investimentos na área de segurança pública. Várias opiniões, propostas e depoimentos foram colhidos e, posteriormente, transformados em produção legislativa.


Além de audiências públicas e debates sintonizados com os interesses do povo paulista, a bancada do PCdoB promoveu Sessões Solenes para comemorar o marco cultural dos 25 anos em cartaz da peça Trair e Coçar é só Começar, o Dia Mundial do Orgulho LGBTT, os 300 anos da Irmandade Rosário dos Homens Pretos.


Produção Legislativa


Exercendo o papel de fiscalizar com eficiência, isenção e rigor constitucional os atos do Executivo, o PCdoB teve também uma destacada produção legislativa. Além de identificar demandas e potencialidades do estado de São Paulo, o partido tem mais de quatro dezenas de projetos de lei com alternativas e soluções para a melhoria de vida da população. Com produção legislativa acima da média, o PCdoB já teve o projeto de lei 757/2011, da deputada Leci Brandão, contra a prática de atos de discriminação racial, aprovado pelo plenário e conta com mais oito PL em pauta e na ordem do dia. Uma das prioridades é também a luta pela regulamentação da Lei que estende os benefícios da Nota Fiscal Paulista às entidades culturais e esportivas. A autoria desta lei já aprovada é do deputado Pedro Bigardi e pretende fazer do esporte e da cultura programas sociais permanentes.


Em poucos meses, quase meia centena de projetos de grande importância foram elaborados, debatidos e apresentados pelos parlamentares do PCdoB. Destacamos os projetos da deputada Leci Brandão que buscam, por exemplo, a garantia da abertura do Metrô 24 horas, a melhoria das condições de trabalho dos operadores de telemarketing e Call Center, a proibição dos estabelecimentos comerciais determinarem um valor mínimo para o recebimento através do cartão de crédito, a proibição de inclusão nos órgãos de restrição ao crédito o nome dos alunos inadimplentes.


Entre outros projetos apresentados, o deputado Pedro Bigardi, líder da bancada, merecem destaques a “PEC da Educação” – Proposta de Emenda a Constituição que destina 50% dos recursos da exploração de petróleo da camada Pré-Sal para o desenvolvimento da Educação, Meio Ambiente, Ciências e Tecnologia; o projeto que cria o cadastro de voluntários para a Copa de 2014; o projeto que dispõe sobre a utilização de embalagens indevassáveis de molhos e temperos em estabelecimentos comerciais; a criação do Parque Estadual da Serra do Japi, entre outros.


Gabinete da Liderança

A bancada dispõe do Gabinete da Liderança do PCdoB, um centro de referência e orientação para promover discussão de posicionamentos políticos e otimizar a atuação dos mandatos do PCdoB.

Nestes primeiros nove meses, o Gabinete da Liderança coordenou um processo de articulação entre os dois mandatos, promovendo reuniões semanais regulares com a bancada, recebendo e acolhendo demandas e sugestões de amplos setores da sociedade paulista. O Gabinete da Liderança atuou na interação entre diversos prefeitos, vereadores, secretários municipais e lideranças que buscaram acesso a bancada do PCdoB.


Em conjunto com as assessorias dos mandatos, o Gabinete da Liderança subsidiou a bancada com informações sobre as fases do processo legislativo junto às Comissões Permanentes da Casa - cuja incumbência é discutir e apreciar projetos de lei, emendas e outras proposições, antes de sua votação.

Respostas justas aos anseios do povo


São Paulo continua sendo um estado rico, porém, desigual. Além da desigualdade, acumularam-se, ao longo dos últimos anos, dúvidas e incertezas a respeito da capacidade do estado modificar sua face social e econômica - marcada por assimetrias de recursos de toda ordem (renda, nível educacional, acesso à saúde, segurança, transporte). Em estreita sintonia com a política nacional do Partido, a bancada do PCdoB na Alesp, nos primeiros nove meses de atuação, mostrou-se como uma inestimável ferramenta a serviço das forças populares, do movimento sindical, das organizações culturais e juvenis, dos movimentos sociais e de defesa da cidadania - com condições de oferecer as respostas necessárias e justas aos anseios do nosso povo e do nosso estado.


Gabinete da Liderança do PCdoB na Assembleia Legislativa de São Paulo

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Roteiro de como preparar a candidatura a vereador

Novembro, 2011

Você faz parte da relação dos filiados ao PCdoB desejosos de participar da luta do povo exercendo o mandato parlamentar?
O Comitê Municipal do Partido, confiando na seriedade das suas intenções, incluiu o seu nome na lista dos pré-candidatos e pré-candidatas a vereador(a).
Esse roteiro orienta o trabalho que você, juntamente com os companheiros daOrganização de Base a que pertence(1) e amigos, deve realizar a partir de agora com o objetivo de criar as condições para que a sua candidatura ganhe a força necessária até o mês de junho de 2012, data da Convenção Eleitoral Municipal.
1 Você é do PCdoB – e isto faz a diferença
Muitos são os pré-candidatos e pré-candidatas a vereador(a), de diversas legendas, que já se movimentam em busca de apoios. Há uma diferença importante entre você e a maioria desses candidatos: você é do PCdoB.
O PCdoB tem história, tem princípios, tem linha política e tem seu próprio modo de agir junto ao povo.
O Partido Comunista do Brasil foi fundado em 25 de março de 1922. É o partido mais antigo em funcionamento no Brasil. Durante esses quase 90 anos de existência participou de todas as grandes lutas do povo brasileiro.
O PCdoB quer um Brasil socialista, um país verdadeiramente democrático e soberano. O caminho para esse objetivo é a concretização de um Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento, que implica a realização de reformas estruturais – política, educacional, tributária, agrária, urbana, meios de comunicação – e o fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS), da seguridade social e segurança pública.(2)
A conquista desses objetivos será fruto da luta de milhões de brasileiros. Para tanto, faz-se necessário acumular forças através das lutas cotidianas, elevando o nível de consciência política e de organização do povo e fortalecendo o próprio Partido. É para isso que o PCdoB atua em toda parte – nas empresas e repartições públicas, escolas, bairros, zona rural e também no parlamento.
No presente momento, o PCdoB batalha, juntamente com os partidos e as forças sociais que dão sustentação ao governo Dilma Rousseff, pela consolidação da mudança de rumos do Brasil. Isto quer dizer levar adiante e ao êxito a transição do modelo neoliberal herdado de FHC ao desenvolvimento soberano, com distribuição de renda, valorização do trabalho e sustentabilidade econômica e ambiental.
O Partido se empenha em traduzir esses objetivos na luta cotidiana, fundindo-os com os problemas e anseios da população de cada lugar.
2 O mandado do vereador do PCdoB
Para o(a) militante do PCdoB o mandato de parlamentar não é um emprego, é uma missão que lhe foi conferida pelo povo. O mandato, portanto, não lhe pertence individualmente – pertence ao povo, através Partido, e é exercido a serviço da luta popular.
O vereador segue a orientação do Partido e, por sua vez, contribui para aprimorar essa orientação trazendo a debate os problemas e desafios, anseios e reivindicações do segmento da população onde atua. O Comitê Municipal acompanha e ajuda a desenvolver o mandato, conforme os artigos 61 e 62, do Estatuto do PCdoB.
No exercício do mandato, o vereador atua, ao mesmo tempo, na Câmara Municipal e nas ruas.
Usa a tribuna da Câmara para denunciar os crimes e as injustiças cometidas contra o povo; debater os problemas candentes, do ponto de vista do Programa e das orientações táticas do Partido; apoiar a população em suas reivindicações, divulgar os exemplos de luta. Fiscaliza o poder público municipal, apresenta requerimentos, indicações e projetos de lei. Promove e participa de audiências públicas envolvendo segmentos representativos da sociedade.
Além disso, onde houver povo reunido e em movimento deve estar o vereador do PCdoB.
A ligação do vereador(a) do PCdoB com o povo se dá através de suas relações diretas, próprias do seu papel de líder; e pela interação com Organizações de Base do Partido – constituídas por um mínimo de 3 (três) militantes, em fábricas, empresas e demais locais de trabalho; em escolas e universidades; em locais de moradia; em assentamentos rurais, fazendas e empresas rurais; em setores profissionais; em organizações de massa e movimentos sociais.
Quanto maior o número de Organizações de Base mais eficiente se torna a ligação do vereador e do Partido com o povo.
Organização de Base deve funcionar como centro de ação política e também como um ambiente em que as pessoas possam aprender, trocar experiências, participar de atividades culturais, festivas, de lazer e artísticas, através de oficinas, apresentações etc. e desenvolver relações solidárias e fraternas.
Tem enorme importância também para o bom desempenho do mandato o relacionamento com entidades e organizações populares e democráticas e com grupos de amigos e apoiadores informais.
3 A pré-campanha eleitoral: planejar é preciso

Objetivos

objetivo principal da campanha é eleger o candidato. Ao mesmo tempo, outros objetivos devem ser perseguidos desde agora:
è fortalecer lideranças locais;
è estimular que amigos e pessoas mais sensibilizadas e esclarecidas tomem parte em entidades representativas (sindicato, associação, grêmio ou diretório estudantil, clube de mães, associação cultural ou esportiva, quadrilha junina, bloco carnavalesco, liga de dominó, grupo de jovens, grupo de idosos, etc.);
è divulgar as ideias e as propostas do PCdoB,  conquistar mais filiados e fundar novas Organizações de Base.
A busca do voto e o crescimento da organização popular e o fortalecimento do PCdoB são objetivos que se combinam, avançam entrelaçados. Se o apoio popular ao candidato ou candidata a vereador(a) cresce de maneira organizada (e não dispersa), maior a possibilidade de vitória nas urnas. Daí a importância de planejar e organizar o trabalho desde o início.

Metas e tarefas

A pré-campanha deve se desenvolver em dois tempos.
primeiro tempo vai de agora até o final de março. O segundo tempo vai de abril a junho, encerrando-se na Convenção Eleitoral Municipal destinada a homologar a candidatura.
Há um conjunto de metas e de tarefas a serem realizadas durante toda a pré-campanha. Elas vão se repetindo e se multiplicando, acrescentando-se outras na medida em que o trabalho avança. Em cada um dos dois tempos, algumas metas e tarefas se destacam. Mas não é um esquema rígido, comporta a criatividade e a iniciativa de cada um. Todo o trabalho durante a pré-campanha se destina a criar o “exército” que fará a campanha propriamente dita, nos meses de julho, agosto e setembro, até o dia da eleição e a apuração dos votos.

Primeiro tempo

As metas iniciais do primeiro tempo são:

è constituir uma rede inicial de apoiadores;
è formar uma coordenação provisória
è definir e realizar a agenda da pré-campanha
A busca de ajuda financeira e material é imprescindível desde o início, junto a amigos e simpatizantes da candidatura. O PCdoB é um partido de trabalhadores, fundamentalmente sustentado pela contribuição dos seus filiados. Por isso, a campanha dos candidatos a vereador pelo PCdoB é uma campanha verdadeiramente popular. Apoia-se no povo, em nome de quem e para quem será exercido o futuro mandato.
O Partido assegurará as condições materiais básicas a todos os candidatos e candidatas, porém cada candidatura deve ampliar essas condições com a ajuda de seus apoiadores.
ponto de partida é juntar os filiados do Partido da área de atuação do pré-candidato e constituir a Organização de Base do PCdoB (onde ainda não existir formalmente) ou dinamizá-la (onde já exista) e constituir núcleos de apoiadores voluntários, independentemente de filiação partidária.
A rede de apoiadores deve ser estruturada de maneira nucleada – ou seja, em cada lugar onde existam apoiadores, duas ou mais pessoas devem ficar desde já com a responsabilidade de manter o contato com as demais, conservando em seu poder nomes, e-mails e endereços nas redes sociais e para correspondência impressa.
A experiência do PCdoB demonstra que quanto mais estruturada a rede de apoiadores, através de núcleos, maior o enraizamento da campanha no seio do povo e mais eficiente a conquista e a multiplicação do voto.
Desde a primeira reunião dos filiados na Organização de Base, para a qual devem ser convidados amigos e apoiadores da pré-candidatura, se deve discutir um esboço inicial deplano de trabalho.
O pré-candidato ou pré-candidata – com a ajuda dos seus apoiadores mais ativos – deve se lançar ao contato com todas as pessoas suscetíveis de apoiá-lo(a), apresentando a pré-candidatura por meio de visitas nas casas ou em locais de trabalho, contato telefônico, e-mails, mensagens através de redes sociais (Twitter, Facebook, Orkut, etc.), assim como nas atividades coletivas de luta ou de lazer. Imediatamente!
Para isso, a coordenação provisória deve organizar uma agenda. Reuniões semanais com a coordenação (ou ampliadas) farão o controle do trabalho em andamento.
No final de março, deve ser feita uma grande assembleia de todos os apoiadores, se possível terminando com uma confraternização festiva. Nessa reunião, com base num balanço do trabalho realizado, um passo adiante na estruturação da campanha pode ser dado com vistas ao segundo tempo a se iniciar em abril: a constituição de umacoordenação (que até aqui era provisória) e de comissões, se for o caso.
O Comitê Municipal, em reunião convocada exclusivamente com esse fim, fará uma primeira avaliação do trabalho realizado; promoverá um balanço dos avanços e das dificuldades, a troca de experiências e indicará medidas no sentido de corrigir deficiências e reforçar o trabalho de cada pré-candidatura.

Segundo tempo

Começa nos primeiros dias de abril. Nele, prosseguem as tarefas iniciadas desde outubro em busca das metas previstas. Novas metas e tarefas são acrescentadas.
Se a Organizações de Base inicialmente constituídas tiverem crescido, ou se outros grupos de apoio na própria área ou em outras áreas tiverem surgido, novas Organizações de Base do PCdoB deverão ser criadas.
A coordenação, junto com as comissões (se já estiverem criadas) faz o planejamento das atividades visando a aumentar mais ainda a rede de apoiadores, o número de pessoas que colaboram financeiramente, etc.
Deve ser feito um levantamento das aspirações e dos problemas mais sentidos da categoria, comunidade ou grupo social onde há apoio à pré-candidatura. E uma coisa muito importante: começar definir o mote da campanha.
mote está relacionado com a identidade do(a) pré-candidato(a) junto às parcelas da população a que ele se vincula. Diz respeito aos compromissos que assume perante o povo e aos motivos que as pessoas terão para votar nele(a). A partir daí, se define a imagem do futuro candidato ou candidata e a mensagem que levará ao povo. A mensagem será uma mescla das ideias do PCdoB com as características do(a) pré-candidato(a).(3)
O segundo tempo se encerra na Convenção Eleitoral Municipal – quando a candidatura deverá ser homologada.
A avaliação do trabalho realizado
O balanço a ser feito ao final desse segundo tempo deve ser muito cuidadoso. É como base nele que o Comitê Municipal apresentará a pré-candidatura à Convenção Eleitoral Municipal. Em princípio, o propósito do Comitê Municipal é que todas as pré-candidaturas sejam homologadas. No entanto, é preciso avaliar as possibilidades da pré-candidatura, verificar se houve a acumulação de forças necessária. Os critérios de avaliação são os mesmos para todos os pré-candidatos e pré-candidatas, respeitando-se entretanto as características próprias de cada pré-candidatura e da realidade na qual está inserida.
É interesse do Partido que todos os candidatos e candidatas aprovados(as) na Convenção Eleitoral Municipal estejam bem preparados para a luta, confiantes nas suas possibilidades e se lancem à campanha com entusiasmo, determinação e espírito guerreiro.
O(a)  candidato(a) é um(a) líder – e o(a) líder deve transmitir convicção e coragem. E ser capaz de motivar os seus companheiros e companheiras de jornada.

A Convenção Eleitoral Municipal

A Convenção Eleitoral Municipal é um momento elevado da democracia partidária no município. Nela serão decididos a política de alianças, a linha política da campanha eleitoral, os candidatos a prefeito e a vice-prefeito e as candidaturas a vereador.
A Convenção Eleitoral Municipal do PCdoB será um ato político e festivo, no qual todas as candidaturas a vereador(a) pelo Partido serão lançadas. Será também uma demonstração de unidade, companheirismo e solidariedade mútua entre os candidatos e candidatas a vereador(a) do PCdoB.

(1)Se você ainda não participa de uma Organização de Base é o momento de  se integrar em uma que exista em sua área de atuação ou ajudar a criar, se não existir ainda.
(2) É imprescindível que a partir de agora você tenha em mãos o Programa Socialista do PCdoB e o Estatuto, que os leia e esclareça suas dúvidas na reunião da Organização de Base e com a direção municipal do Partido. Se não dispuser de uma cópia impressa, copie da página www.pcdob.org.br.
(3) O(a) pré-candidato(a) deve se familiarizar cada vez mais com as ideias do Partido, lendo o jornal A Classe Operária, as revistas Princípios, Presença da Mulher e Debate Sindical; acessando na internet o portal Vermelho (www.vermelho.org.br) e a páginaPartido Vivo; e participando de reuniões e debates.