sexta-feira, 27 de maio de 2011

Vanessa Grazziotin defende relator do Código Florestal na Câmara

Em discurso no Plenário nesta quarta-feira (25), a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) defendeu o trabalho do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) na relatoria do projeto de reforma do Código Florestal, aprovado um dia antes na Câmara. A senadora criticou o jornal Folha de S. Paulo por ter publicado que o novo Código Florestal permite a anistia de desmatamento antigo. A parlamentar amazonense disse ter ouvido de Aldo Rebelo que ele redigiu uma carta para refutar as afirmações da matéria.
Com base em informações do deputado, a senadora afirmou que o novo texto do código, conforme aprovado na Câmara, prevê que “as multas e as autuações ficarão suspensas até que os donos das áreas se inscrevam em programa de regularização ambiental”.

- O que o governo quer não é a multa e, sim, a recuperação da área – afirmou.

A senadora também considerou improcedentes as críticas de que o novo código permite atividades em áreas de preservação permanente (APPs). Segundo Vanessa Grazziotin, o artigo que trata do assunto prevê que a “intervenção ou supressão de vegetação nas APPs ocorrerá apenas em casos de baixo impacto ambiental previstos em lei” e ainda depende de regulamentação.

A parlamentar disse que o Brasil é um exemplo para o mundo em termos de preservação ambiental, mas reconheceu que o clima da aprovação do novo Código Florestal na Câmara foi tenso e “não muito bom” para o parlamento brasileiro.

- Tenho certeza de que a maturidade dos senadores e das senadoras vai nos levar a um debate maduro e tranquilo, quando a matéria chegar ao Senado – afirmou.

Apartes

Em apartes, os senadores Waldemir Moka (PMDB-MS), Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) e Jayme Campos (DEM-MT) apoiaram o pronunciamento da senadora Vanessa Grazziotin. O senador José Pimentel (PT-CE) disse que o Senado precisa ter “a grandeza de entender que precisa melhorar o texto aprovado pela Câmara”. O senador João Pedro (PT-AM) afirmou que é preciso tranquilidade para contribuir com o debate.

- Podemos melhorar o texto da Câmara e fazer um código comprometido com o futuro do Brasil – afirmou João Pedro.

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Fonte: Agencia Senado

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Código Florestal: em defesa do Brasil e dos pequenos camponeses

Finalmente se encerrou na madrugada de terça (24) para quarta-feira a batalha legislativa em torno do Código Florestal no âmbito da Câmara dos Deputados. Agora a matéria será tema de debate e deliberação no Senado. Houve renhida batalha, idas e vindas, adiamentos, acordos, rompimentos e reconciliação de posições. Mas no final revelou-se ampla maioria a favor do novo Código Florestal, que garantiu esmagadora vitória das forças que defendiam o Relatório, elaborado com rara competência política pelo deputado comunista Aldo Rebelo. 


Além de defender justas posições, Aldo valeu-se da sua profícua experiência parlamentar, no exercício da qual ocupou o mais alto cargo da Câmara dos Deputados, para conduzir com sobriedade, firmeza e flexibilidade as negociações que, em determinados momentos, pareciam ter chegado a um impasse.

Uma peça legislativa não é o alfa e o ômega dos problemas, nem de sua solução. Assim, não se pode depositar na lei aprovada as expectativas de solução das contradições do modelo agrícola brasileiro nem das questões ambientais. A agricultura, como o meio ambiente no Brasil, não sofre as agruras da existência ou não de leis. Ambos padecem as injunções do sistema capitalista e em especial do modelo agrícola vigente no país. Malgrado isso, a existência de um Código Florestal moderno estabelece um importante marco legal e ajuda a disciplinar as ações dos agentes econômicos e sociais e de indivíduos isolados. O país, que se modernizou nas últimas décadas, não pode ser regido por leis anacrônicas, como era o anterior Código, ainda mais quando estas tornam ilegal a ação produtiva de milhões de pequenos e médios agricultores.

Entre outros, o novo Código Florestal tem dois grande méritos: uma visão equilibrada entre desenvolvimento econômico e defesa ambiental e a defesa dos interesses do agricultor familiar, do pequeno e médio produtor rural, num país de enorme concentração da propriedade da terra.
A ideologização no debate entre o que se convencionou chamar de “ruralistas” e “ambientalistas, com uma visível instrumentalização de argumentos funcionais a interesses antinacionais e antissociais, foi um fator negativo e mais confundiu que esclareceu. A mídia e políticos folclóricos, falsos esquerdistas e demagogos, fizeram seu jogo no sentido de aumentar a confusão.

Foi o próprio Aldo Rebelo quem se encarregou de evidenciar a questão social envolvida na polêmica, ao demonstrar que são os pequenos e médios agricultores e aqueles dedicados à agricultura familiar os mais prejudicados com os condicionamentos existentes no anterior código à produção agrícola. 

Os latifundiários capitalistas, um dos setores mais reacionários das classes dominantes brasileiras, dedicados ao grande agronegócio exportador, estes já depredaram à vontade o meio ambiente, tão impunemente como dilapidam a economia nacional. Não estão preocupados nem com a segurança alimentar do povo brasileiro, para a qual a pequena agricultura dá importante contribuição, nem com a soberania nacional do país, nem com o equilíbrio ambiental. Seus superlucros estão vinculados a um modelo econômico dependente. Estão ligados por mil e um fios não só aos ciclos de demanda internacional, como também ao capital financeiro.

Um dos principais entraves a que o Brasil seja um país plenamente desenvolvido continua sendo o latifúndio. O modelo agrícola prevalecente, voltado principalmente para a exportação de commodities, cada vez mais entrelaçado com o capital financeiro internacional, os grandes produtores mundiais de insumos, implementos, sementes transgênicas, etc., contribui enormemente para manter o país dependente e põe em risco a segurança alimentar do povo brasileiro.

O engajamento a favor do novo Código Florestal de entidades corporativas dos latifundiários, ideologicamente de direita, com forte influência política e posições destacadas nos grandes partidos das classes dominantes, nada tem a ver com aliança de interesses, opiniões, orientações e estratégias com as forças políticas progressistas que apoiaram o novo Código. Tais entidades, assim como políticos herdeiros da famigerada UDR, continuam sendo figadais inimigos dos camponeses, dos trabalhadores agrícolas em geral e do povo brasileiro.
Por outro lado, muita especulação foi feita durante os debates do Código Florestal, sobre o ambientalismo. Aqui as posições variavam entre o pitoresco, o oportunismo, a hipocrisia e o entreguismo. 
Não cabem dúvidas de que o problema ambiental se tornou um dos mais agudos em todo o mundo. A maioria dos críticos não tem coragem de dizer por quê. Está na essência do sistema capitalista-imperialista o produtivismo predador. Hoje interessadas em conter o desenvolvimento dos países que se mantiveram no atraso econômico e social e no controle das suas riquezas naturais, incluindo a biodiversidade, as potências capitalistas querem descarregar sobre os países chamados emergentes a responsabilidade pela solução dos – insanáveis sob o sistema capitalista – problemas ambientais. 

Por isso, acionam suas agências de diversionismo e provocação que se escondem sob o disfarce de organizações não governamentais de “defesa do meio ambiente”, financiadas com o dinheiro do capital financeiro internacional. Tais ONGs não só não ajudam a vincar um pensamento correto sobre a defesa do meio ambiente no nosso país, como atuam na direção contrária aos interesses nacionais.
O movimento popular brasileiro e as forças progressistas não podem dividir-se entre latifundiários capitalistas e “ambientalistas” a serviço das estratégias do imperialismo. Têm uma plataforma de luta, entre as quais se inclui a reforma agrária antilatifundiária e a soberania alimentar do povo brasileiro.

http://www.vermelho.org.br/editorial.php?id_editorial=910&id_secao=16 

terça-feira, 24 de maio de 2011

Mostra de Dança homenageia 89 anos do PCdoB em Santos

Por Nereide Saviani

O deputado Federal Protógenes Queiroz (PCdoB-SP) fez questão de comemorar seus 52 anos em atividade cultural na Baixada Santista – com mostra de dança que teve por tema a História do Partido Comunista do Brasil.
“Parabéns! Que excelente ideia!”

Estas foram minhas exclamações, quando me dirigi ao Deputado Protógenes Queiroz, nesta sexta-feira, 20 de maio, no auditório do Sindaport (Sindicato da Administração Portuária) em Santos/SP.

Eram meus cumprimentos pelo seu aniversário e pela forma que escolheu para comemorá-lo: a dança. Primeiro, um audiovisual, exibido em telão, enquanto os convidados chegavam e se acomodavam. Depois, uma mostra, com apresentação de 03 grupos de jovens da região, selecionados entre os muitos ali existentes. O tema: os 89 anos do Partido Comunista do Brasil.


















Protógenes teve a ideia de traduzir em dança a rica trajetória do PCdoB. O apoio da sua assessoria na Câmara Federal e da direção do Partido no Guarujá – de cujo Comitê Municipal é Presidente – foi decisivo para o sucesso da proposta. Muito alegre, ele disse na saudação inicial: “Hoje comemoro 141 anos: 52 meus e 89 do meu Partido”.



O que se viu naquela noite foi surpreendente. Inicialmente, o Grupo Afro Keto, de Guarujá, destacou a militância do PCdoB no movimento negro, abrangendo a questão Afro e a religião de matriz africana. A seguir, o Grupo Dynamic Breakers, de Santos, reverenciou a Guerrilha do Araguaia, a luta pela igualdade e solidariedade entre os povos oprimidos, a União da Juventude Socialista e áreas-chave da juventude brasileira, como o movimento hip-hop.
O terceiro Grupo, Elite Kromp, tratou das conquistas atuais do PCdoB, ressaltando sua atuação no domínio do esporte. Belíssimas atrações, efusivamente aplaudidas pelo público: militantes e dirigentes comunistas e convidados, representando vários setores sociais e políticos da região. Dentre os quais, a comunidade islâmica, que preparou duas surpresas ao aniversariante: um número de dança e um documentário em audiovisual, sobre sua ação na Polícia Federal, na campanha eleitoral e no parlamento.



Finalmente, como toda festa de aniversário, a confraternização, com os comes e bebes, o imprescindível bolo e o tradicional “Parabéns a você!”...



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Nereide Saviani é membro do Comitê Municipal de Santos/SP e do Comitê Central, Diretora da Escola Nacional do PCdoB e Diretora de Formação da Fundação Maurício Grabois

Obama

O estilo Barak Obama de Governar fica mais uma vez caracterizado em relação ao  problema que atinge as relações entre israelenses e palestinos há algumas décadas. Uma situação que teve origem quando judeus de todo o mundo praticavam atos terroristas e ocuparam extensão de terra que a ONU declarou como o Estado de Israel. E deveria ter feito o mesmo em relação a um Estado Palestino o que não aconteceu e provoca as guerras constantes na região. Pois o Prêmio Nobel da Paz, Barak Obama deu a indicação de que finalmente algo ia ser feito de forma objetiva..Seu discurso teve repercussão. Mas pressionado pelos atuais mandatários israelenses, voltou atrás. E tudo vai continuar como dantes, o que é profundamente lamentável. Quando teremos a paz no mundo? Se depender dos dirigentes norte-americanos, isto não tem perspectivas de acontecer tão cedo.


Uriel Villas Boas - fone 9111 9767

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Congresso da UBM/SP reúne 400 mulheres na Capital


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A União Brasileira de Mulheres (UBM), que está em seu 8º Congresso Nacional, realizou uma vitoriosa etapa estadual em São Paulo, reunindo mais de 400 mulheres (e alguns homens, muito bem vindos) em seu congresso estadual no último sábado (14/5). No foco do debate: a eleição de uma mulher à presidência da República, o novo projeto nacional de desenvolvimento e o papel das políticas públicas para as mulheres, com eixo em seu empoderamento.

Vitorioso: assim foi o 8º Congresso Estadual da UBM/SP. A plenária final da etapa estadual condecorou um rico processo de mobilização e reestruturação da entidade no estado iniciado na último congresso, há 4 anos. Desde então, a UBM se enraizou e construiu núcleos com funcionamento permanente em mais de 30 municípios em todo o estado, e por isso, tem assento hoje em conselhos municipais da mulher, de saúde, de juventude, além de conquistar ainda mais prestígio entre as organizações do movimento social e feminista.

Prova disso foi o representativo ato político de abertura, onde saudaram a UBM os deputados estaduais pelo PCdoB Leci Brandão e Pedro Bigardi; o vereador pelo PCdoB da Capital Jamil Murad; o presidente da UNE, Augusto Chagas; o secretário-geral da CTB/SP Wagner Rodrigues; Liége Rocha, representando a Executiva Nacional da UBM; Regina Strepecks, do Sindicato dos Eletricitários de São Paulo (que cedeu o espaço do congresso), Cremilda Bastos representando a UGT (União Geral dos Trabalhadores); Cristina Rezende representando a UNEGRO (União de Negros e Negras Pela Igualdade); Sandra Costa do Cebrapaz (Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz); e Nádia Campeão, presidente estadual do PCdoB/SP.


Homenagem à Lílian Martins


No primeiro congresso da entidade após o falecimento da companheira Lílian Martins (1951-2009), a UBM dedicou um minuto de silêncio à memória daquela que foi uma das fundadoras da UBM em 1988 e do feminismo emancipacionista. Líder feminista, professora, sindicalista, dirigente partidária, Lílian deu inestimável contribuição à luta pela emancipação da mulher e à construção do socialismo. Sua memória será sempre reverenciada pelas ubemistas.



Lilian Martins grande Amiga e Miliante

A luta das mulheres e o novo projeto nacional de desenvolvimento (NPND)

A primeira mesa de trabalho, ainda pela manhã, contou com Nádia Campeão abordando o papel das mulheres no NPND, democrático e soberano. Nádia falou das 6 reformas estruturais necessárias para colocar o Brasil definitivamente em um novo ciclo civilizatório, que abra caminho para o socialismo com feições brasileiras. São elas as reformas da Educação; Tributária; Agrária; Urbana; Reforma da Comunicação; e Reforma Política, sendo que a conquista de uma Reforma Política democratizante é estratégica para que se atinja uma maior representação feminina nos espaços de poder e decisão.

A inédita eleição de uma mulher para o mais alto posto da nação também foi bastante valorizada e comemorada em todas as mesas, sobretudo pelo campo político em que Dilma Rousseff está situada. Contudo, também foi alertado que é necessária mobilização popular para garantir o êxito do governo Dilma e que, se este fracassar, haverá retrocesso nos avanços obtidos e nos direitos das mulheres. Portanto, é central para a UBM a luta engajada no impulsionamento do governo no sentido das mudanças de que o Brasil precisa para entrar definitivamente no rumo do desenvolvimento soberano com distribuição de renda.

A luta pelos direitos das mulheres e seu empoderamento

A secretária nacional da mulher trabalhadora da CTB, Raimuda Gomes (Doquinha), expôs sobre a luta da mulher trabalhadora e a centralidade da redução da jornada de trabalho sem redução dos salários e a aprovação do PL da Igualdade (que institui salário igual para trabalho igual entre homens e mulheres). A trajetória das mulheres no movimento no sindical também foi lembrada. Segundo Doquinha, os sindicatos ainda são ambientes bastante masculinos e as companheiras da CTB vêm trabalhando em parceria com os sindicalistas no sentido de sensibilizá-los para a questão da mulher. Mereceu destaque também a necessidade de construção de creches e outros equipamentos públicos que aliviem a carga da dupla jornada de trabalho das mulheres — no caso das mulheres militantes, tripla.

Em seguida, Nereide Saviani, professora universitária e doutora em educação, abordou como a educação ainda reforça os estereótipos de gênero e a divisão das aptidões por sexo. Ao mesmo tempo, valorizou a educação como produto humano e o papel que ela pode desempenhar no emancipação das consciências e no empoderamento dos que adquirem conhecimento. Não por acaso as mulheres foram mantidas fora dos bancos escolares por séculos a fio. Portando, garantir o acesso e permanência das mulheres ao estudo e à qualificação profissional, bem como uma reforma curricular que tire as mulheres da invisibilidade e desconstrua a idéia da divisão sexual do trabalho, é essencial para alçar as mulheres brasileiras a novos patamares profissionais, nos espaços de poder e produção do conhecimento.

Ginecologista e obstetra há 30 anos, Fátima Duarte foi a terceira palestrante e abordou a questão da saúde das mulheres como um direito essencial não respeitado. Segundo a médica, “98% das mortes de mulheres ocorrem em decorrência de causas totalmente preveníveis”. Fátima também trouxe dados alarmantes sobre a saúde das mulheres negras e o descaso e despreparo sistema de saúde em atendê-las em suas especificidades, em flagrante caso de racismo institucional. O mesmo se pode dizer em relação à mortalidade materna e a criminalização do aborto: o preconceito moral — geralmente de origem religiosa — contra a interrupção voluntária da gravidez faz com que muitas mulheres ainda morram por recorrer aos abortos inseguros e clandestinos. A aclamada exposição também abordou a monstruosidade dos altíssimos índices de violência sexual e doméstica contra as mulheres (a cada 15 segundos, uma mulher é espancada no Brasil). Ou seja, é necessário garantir os direitos também na vida, não só na lei. Lutar pela implementação integral do SUS e pela aplicação da Lei Maria da Penha (com ampliação dos horários de funcionamento das Delegacias de Defesa da Mulher, que atualmente funcionam em horário comercial!) ainda são desafios constantes que devem perpassar toda a luta das mulheres.

Políticas públicas para as mulheres (PPM)

A terceira e última mesa de debate do congresso contou com a paranaense Elza Campos, coordenadora-geral da UBM, que falou sobre a trajetória de lutas da UBM ao longo de seus 23 anos, o papel das PPMs e a necessidade de transformar nossas necessidades cotidianas e estruturais em bandeiras e campanhas. Elza ainda falou da tarefa que se impõe de lastrear ainda mais a UBM entre as mulheres, sobretudo entre as trabalhadoras e as jovens, como setores estratégicos da luta pela construção do novo Brasil. Nessa mesa de debate também foram elencadas as principais campanhas e bandeiras que nortearão a entidade no próximo triênio, sistematizando as propostas apresentadas pelas delegadas ao longo de todo o dia.
UBM/SP (2011-14)

Eleição da nova coordenação Estadual
Coroando o rico processo do congresso estadual, a plenária elegeu as 70 delegadas ao Congresso Nacional da UBM, a ser realizado entre 10 e 12/6 no município de Praia Grande (SP). A plenária, em festa, elegeu também a nova coordenação estadual da entidade, que passou a ser composta por 39 nomes, e não mais 31. A advogada Rozina Conceição de Jesus foi reconduzida à coordenação-geral da UBM de São Paulo, com a tarefa de enraizar e solidificar ainda mais a UBM entre as mulheres de São Paulo.
Renata Bruno, Elis Granado e Yvie Faveiro, coordenadoras da Baixada

Participação da Baixada

A Baixada participou do Congresso com 10 companheiras, todas já ativistas dos movimentos de mulheres. Nadia da ZN, camarada de muitos anos do PCdoB e da UBM. Yvie Favero, moradora do Guarujá, militante da Unegro e da UBM. Renata Bruno foi uma das fundadoras da UJS, hoje é militante da UBM e da prosseguimento como coordenadora da Baixada. Cleide, trabalha na pasta de mulheres do sindicato dos servidores de São Vicente. Inês Dantas, participa do COMMULHER(Santos) Condição Feminina (Cubatão) e do Centro de Direitos Humanos "Irmã Maria Dolores". Graça Maria, presidente do CDH "Irmã Maria Dolores" e participa da Ong 'Questão de gênero" (Cubatão). Venusta, moradora da Praia Grande,  militante da UJS e da UBM. Nereide Saviani, prof. universitária e doutora em educação, prof. da Escola Nacional do PCdoB, diretora de formação da Fundação Maurício Grabois, direção do PCdoB de Santos. Elis Granado, secretária de formação do PCdoB de Santos, e agora coordenadora da UBM da baixada santista. Ana Cecília militante da Unegro e atuante na UBM.
Companheiras de Santos: Nadia, Yvie, Renata, Cleide, Inês, Graça Maria, Venusta, Nereide, Elis e Ana Cecília

domingo, 15 de maio de 2011

Mulheres defendem financiamento público de campanha

 
Por Ana Cristina Santos e Fabiane Guimarães
O seminário "As mulheres e a reforma política", que ocorreu na última terça-feira (10), no Senado Federal, definiu a plataforma unificada para fortalecer a participação da mulher no poder. Durante todo o dia deputadas, senadoras e ativistas do movimento social e feminista discutiram pontos da Reforma Política em debate no Congresso, e alternativas para garantir e ampliar a participação feminina na política.
Secretária Nacional de Mulheres do PSB, Dora Pires; Secretária Nacional de Mulheres do PT, Laisy Moriére; Ministra da Mulher, Iriny Lopes; Secretária Nacional de Mulheres do PCdoB, Liège Rocha; representante da Plataforma dos Movimentos Sociais, Moroni.
A alternativa foi organizada pelas Secretarias de Mulheres do PCdoB, PT, PSB, PDT, PSOL; pelas fundações dos respectivos partidos, juntamente com a CUT, a CTB e a Plataforma dos Movimentos Sociais pela Reforma do Sistema Político no Brasil. A Fundação Maurício Grabois também esteve na organização do encontro que teve como objetivo principal iniciar o debate da concepção de reforma democrática dos partidos de esquerda para fazer avançar a construção de igualdade entre homens e mulheres.

A ministra da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres (SPM), Iriny Lopes, participou da mesa de abertura. Ela ressaltou a importância da mobilização dos organismos de mulheres, no Congresso Nacional, para que a reforma política resulte em ações concretas do acesso das mulheres na política. “Esta é a oportunidade de mudarmos as condições de desigualdades. Não podemos aceitar a postura discriminatória e excludente da democracia, com a subrepresentação das mulheres, dos negros, dos índios e das trabalhadoras rurais no cenário político brasileiro”, afirmou.

A ministra apresentou um balanço das últimas eleições. Entre os dados estava a informação de que dos 513 deputados da Câmara dos Deputados, apenas 44 são mulheres. O que corresponde a 8,6%. No Senado, são 13 mulheres de 81, o que equivale a 16%. De acordo com a União Inter-Parlamentar, esse quadro faz com que o Brasil ocupe o penúltimo lugar nas Américas na participação das mulheres no parlamento, ficando atrás apenas do Panamá.

A ministra Maria do Rosário, ainda no ato de abertura, falou que a construção de um país democrático e igualitário deve ser feita com muitos olhares e com muitas mãos. “Ainda vivemos situações contraditórias da ordem econômica, política e da perspectiva de gênero. Precisamos aproveitar essa oportunidade para assegurar a igualdade de direitos entre homens e mulheres, estabelecida na Constituição Federal de 1988”, declarou.

Participaram também da mesa de abertura a procuradora da Mulher da Câmara Federal, Elcione Barbalho (PMDB/PA), o presidente de Fundação Perseu Abramo, Nilmário Miranda, a secretária Nacional do PT, Laisy Moriére, e a secretária da Mulher do PCdoB, Maria Liége Rocha.

Financiamento público de campanha e lista fechada
No atual sistema de financiamento privado de campanha, as mulheres possuem a menor arrecadação. Essa distorção crescente pode ser observada, nos últimas duas eleições ocorridas em 2006 e 2010. Durante a campanha eleitoral em 2006, os homens arrecadaram 64,70% dos recursos totais, enquanto elas tiveram apenas 35,30%. No ano de 2010, os recursos privados destinados às mulheres foram ainda menores, no patamar de 27,50%.

O tema foi abordado por quase todas as palestrantes do evento e apontado como prioridade. De acordo com o documento “Prioridade das Mulheres na Reforma Política” aprovado no final do seminário “O financiamento público de campanha exclusivo é a alternativa para coibir a influência do poder econômico sobre os resultados eleitorais, acabar com os altos custos dos processos eleitorais”.

A aprovação da lista fechada com alternância de sexo, pela Comissão Especial do Senado, que debate a Reforma Política foi outro ponto de convergência. Na opinião das mulheres o mecanismo efetiva a participação feminina nas Casas Legislativas. A deputada Janete Pietá, coordenadora da Bancada Feminina na Câmara dos Deputados, defendeu que é preciso montar uma estratégia para mobilizar as mulheres em torno da democratização do país. “Nesse ponto devemos ser radicais, queremos paridade nas listas fechadas para as eleições”, afirma.

Ela acredita que a paridade deve se estender para todas as instâncias de poder, e usa como exemplo o fato da Câmara possuir 20 comissões técnicas e somente duas serem presididas por mulheres, a de Direitos Humanos, pela deputada Manuela d´Ávila (PCdoB-RS) e a de Educação, pela deputada Fátima Bezerra (PT-RN). Das 12 Medidas Provisórias que tramitam na Câmara, só uma é relatada por mulher – a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ).Outros pontos defendidos durante o seminário: A ampliação da democracia participativa, fidelidade partidária programática, mecanismos para aprimorar a democracia direta (simplificação dos processos de iniciativa popular), consolidação dos conselhos e conferências de políticas públicas, e contra o fim da cláusula de barreira.

Por um Reforma Política democrática
A deputada Luciana Santos, vice-presidente nacional do PCdoB, falou no último painel do evento, ela enfocou a responsabilidade dos partidos com a prioridade das mulheres na reforma política e lembrou que o PCdoB tem proporcionalmente a maior bancada feminina da Câmara, o que garante bons debates acerca da participação feminina nos espaços de poder.

Ela saudou a iniciativa por seu caráter estratégico em partilhar e influenciar as decisões em trâmite no Congresso Nacional. "Temos que reunir as mulheres e privilegiar espaços que elevem a participação política da mulher", justificou.

A senadora Ana Rita reforçou que será preciso definir temas prioritários, garantir muita pressão social, e concentrar energias para não permitir a aprovação do voto distrital puro ou misto, do distritão, do voto facultativo e de candidaturas avulsas. Para ela esses são os maiores riscos que se apresentam no cenário atual.

Para a secretária de mulheres do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), Liége Rocha, o seminário é mais um passo na longa jornada de lutas pelo poder feminino nos espaços de decisões. “No avanço do processo democrático, as mulheres precisam se situar, precisam se organizar para ter seus direitos garantidos”, diz ela.

Liége destacou a união das entidades progressistas na realização do evento. “O ineditismo da iniciativa das quatro fundações é uma coisa muito positiva, de muito valor para reforçar o papel das mulheres nesse importante debate da reforma política”, diz ela.

terça-feira, 10 de maio de 2011

PCdoB divulga posição sobre Código Florestal

A Comissão Política do PCdoB decidiu apoiar o trabalho do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) como relator do projeto do novo Código Florestal. A decisão foi tomada na reunião realizada nesta quinta-feira (28) em Brasília. Segundo a nota oficial publicada ao final do evento, o Partido considera que o texto atende aos preceitos do novo projeto nacional de desenvolvimento do Partido, que contempla simultaneamente produção de riquezas, distribuição de renda e preservação de recursos naturais.Aldo Rebelo fala sobre código florestalO debate sobre o novo Código Florestal - depois de meses de discussão - chega a um momento decisivo. A Câmara dos Deputados anuncia que encaminhará em breve sua votação. A sociedade brasileira - em especial os segmentos vinculados às atividades agrícolas, pecuárias ou de silviculturas - se pronuncia e aguarda o desfecho desta questão. Esta expectativa deriva do fato de milhões de agricultores se encontrarem na ilegalidade devido a um emaranhado de normas e leis vigentes, que objetivamente não conseguem compatibilizar, a partir da realidade, o necessário equilíbrio entre produção e preservação ambiental. Os ambientalistas e todos aqueles que lutam por esse imprescindível equilíbrio também explicitam suas ideias e acompanham o desenlace desse processo.
O Partido Comunista do Brasil, empenhado, no presente, pela realização de um novo projeto nacional de desenvolvimento que contemple simultaneamente produção de riquezas, distribuição de renda e preservação de recursos naturais, adota sobre este tema o seguinte posicionamento:
1) Apoiar o trabalho do deputado federal Aldo Rebelo como relator do projeto do novo Código Florestal. Rebelo - atendendo a apelos de vários líderes partidários - aceitou o desafio de liderar a redação dessa temática complexa que há muito exige solução. Adotou o diálogo e o amplo debate com os diferentes setores da sociedade como método de trabalho. Por mais de um ano percorreu o país em inúmeras audiências públicas, conhecendo de perto a realidade viva e concreta da produção de alimentos no Brasil. Em suma, ouviu empresários e trabalhadores; agricultores pequenos, médios e grandes; ambientalistas, cientistas, pesquisadores; lideranças políticas e sociais. Com base nesse procedimento, construiu um relatório que é base para um acordo que envolve múltiplos interesses nacionais. Diante de problema tão importante quanto controverso, o Relatório de Aldo Rebelo cria condições para um consenso nacional - o máximo possível.
2) O teor do Relatório abriu caminho para esse consenso porque situa devidamente a dimensão da produção agropecuária no projeto nacional, levando em conta a situação de milhões de agricultores já estabelecidos de fato. Outro mérito: ele se regeu pela diretriz de procurar harmonizar a produção agropecuária com a preservação ambiental, não em cenário abstrato, mas segundo o que é real e concreto no território brasileiro.
3) O PCdoB, ao apoiar o Relatório de Aldo Rebelo e enaltecer sua conduta política nesta tarefa, ressalta - nestes momentos finais em que se estabelecem, de modo transparente, os acordos para viabilizar a aprovação da nova Lei - determinadas diretrizes nele já presentes. A primeira se refere às Áreas de Preservação Permanente, as APPs, e às áreas de Reserva Legal. Estes dispositivos reafirmados no Relatório demonstram o compromisso da Nação brasileira com seus recursos naturais. Ao contrário dos Estados Unidos da América e de países europeus que, praticamente, destruíram suas florestas e outros recursos naturais, e hoje tentam ditar regras ambientais para o resto do mundo. É preciso uma judiciosa arbitragem entre produção já existente e meio ambiente no que concerne às APPs e Reservas Legais. Outra baliza presente no texto de Rebelo - que o PCdoB ressalta - se refere aos direitos dos pequenos proprietários. Na realidade da estrutura agrária e fundiária brasileira, o Relatório corretamente adota medidas que atendem aos interesses dos pequenos proprietários e, também, da agricultura familiar. Sem essas medidas, as pequenas propriedades podem ter sua existência invibializada.
Finalmente, o PCdoB ressalta a importância do novo Código Florestal como um marco legal que se alicerça na soberania dos brasileiros para decidir sobre a ocupação e uso do território de sua pátria. O mundo nos acompanha com expectativa para ajudar a humanidade a dar respostas às suas necessidades de nutrição e alimento. O conteúdo do novo Código Florestal deverá possibilitar ao Brasil alimentar seu povo e contribuir para combater a fome no mundo sem destruir o meio ambiente.
O PCdoB luta por uma Nação soberana, desenvolvida e socialmente justa. O novo Código Florestal poderá contribuir para este objetivo.
Brasília, 28 de abril de 2011.
A Comissão Política Nacional do Partido Comunista do Brasil - PCdoB

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Os fatos  relacionados com a morte do Osama Bin Laden estão sendo colocados  nos meios de comunicação. E alguns pontos exigem explicações de quem está ligado ao assunto. Como entender que ele morava a poucos quilometros da capital do pais aliado dos Estados Unidos e que sempre manifestou preocupação com sua presença nas montanhas próximas às suas fronteiras?. E mais, o palacete era localizado próximo a uma Academia Militar.E ao que consta, ele não contava com um esquema de proteção e poderia ter até sido detido. Preferiram executa-lo e mais , sumir com o corpo., Por que? Esta história ainda vai ter muitos capitulos e qualquer pessoa de bom senso vai concluir que mais uma vez a política belicista norte-americana se faz presente, como "donos do mundo.. E exige de todos os que são comprometidos com uma nova sociedade, atitudes que não se limitem a criticas e desabafos. É preciso organização popular para responder a esse tipo de comportamento autoritário..
 
Colaboração de Uriel Villas Boas - Santos - S.Paulo

terça-feira, 3 de maio de 2011

O que se passa na Síria? Estende-se o domínio da manipulação

por Domenico Losurdo 

No momento em que centenas de sírios, civis e militares, acabam de tombar sob os tiros de franco atiradores financiados pelos saidiris e enquadrados pela CIA, os media ocidentais acusam o governo de Bachar el-Assad de disparar sobre a sua população e sobre as suas próprias forças policiais. Esta campanha de desinformação visa justificar uma possível intervenção militar ocidental. O filósofo Domenico Losurdo recorda que o método não é novo. Simplesmente, os novos meios de comunicação tornaram-no mais refinado. Doravante, a mentira não é veiculada apenas pela imprensa escrita e audiovisual, ela passa também pelo Facebook e o YouTube.
Desde há alguns dias, grupos misteriosos atiram sobre os manifestantes e, sobretudo, sobre os participantes nos funerais que se seguiram aos acontecimentos sangrentos. Quem compõe estes grupos? As autoridades sírias sustentam que se trata de provocadores, ligados essencialmente aos serviços secretos estrangeiros. No Ocidente, em contrapartida, mesmo à esquerda endossa-se sem qualquer dúvida a tese proclamada em primeiro lugar pela Casa Branca: aqueles que atiram são sempre e apenas agentes sírios vestidos à civil. Obama será a voz da verdade? A agência síria Sana relata a descoberta de "garrafas de plástico cheias de sangue" utilizado para produzir "vídeos amadores falsificados" de mortos e feridos junto aos manifestantes. Como ler esta informação, que retomo do artigo de L. Trombetta em La Stampa de 24 de Abril? Talvez as páginas que se seguem, tiradas de um ensaio que será publicado em breve, contribuam para lançar alguma luz em cima disso. Se alguém se mostrar espantado ou mesmo incrédulo com a leitura do conteúdo do meu texto, que não se esqueça de que as fontes que utilizo são quase exclusivamente "burguesas" (ocidentais e pró ocidentais). (Ver também adenda no fim do texto, NT).

"Amor e verdade"

Nestes últimos tempos, com as intervenções sobretudo da secretária de Estado Hillary Clinton, a administração Obama não perde uma ocasião de celebrar a Internet, o Facebook, o Twitter como instrumentos de difusão da verdade e de promoção, indirectamente, da paz. Quantias consideráveis foram atribuídas por Washington à potencialização destes instrumentos e para torná-los invulneráveis à censura e ataques dos "tiranos". Na realidade, para os novos media e para os mais tradicionais, a mesma regra se aplica: eles também podem ser instrumentos de manipulação e de incitamento do ódio e mesmo da guerra. O rádio foi sabiamente assim utilizado por Goebbels e pelo regime nazi.

Durante a Guerra Fria, mais do que um instrumento de propaganda, as transmissões de rádio constituíram uma arma para as duas partes empenhadas no conflito: a construção de " Psychological Warfare Workshop" eficaz é um dos primeiros deveres assinalados à CIA. O recurso à manipulação desempenha um papel essencial também no fim da Guerra Fria. Entretanto, ao lado da rádio, interveio a televisão. Em 17 de Novembro de 1989, a "revolução de veludo" triunfa em Praga, com uma palavra de ordem que se pretendia gandiana: "Amor e verdade". Na realidade desempenhou um papel decisivo a difusão da fala notícia segundo a qual um estudante fora "morto brutalmente" pela polícia. É o que revela, satisfeito, vinte anos depois, "um jornalista e líder da dissidência", Jan Urban", protagonista da manipulação: a sua "mentira" teve o mérito de despertar a indignação em massa e o afundamento de um regime já periclitante.

No fim de 1989, apesar de fortemente desacreditado, Nicolae Ceausescu ainda está no poder na Roménia. Como derrubá-lo? Os mass media ocidentais difundem maciçamente junto à população romena as informações e as imagens do "genocídio" perpetrado em Timisoara pela polícia de Ceausescu. O que se passou na realidade? Deixemos a palavra com um prestigioso filósofo (Giorgio Agamben), que nem sempre demonstra vigilância crítica em relação à ideologia dominante, mas que sintetizou aqui de modo magistral o caso que tratamos:
"Pela primeira vez na história da humanidade, cadáveres acabados de enterrar ou alinhados nas mesas das morgues foram desenterrados às pressas e torturados para simular diante das câmaras o genocídio que devia legitimar o novo regime. O que o mundo inteiro tinha diante dos olhos em directo como verdade nos écrans de televisão, era a absoluta não verdade. E apesar de a falsificação ser por vezes evidente, ela era autenticada de todos os modos como verdadeira pelo sistema mundial dos media, para que ficasse claro que o verdadeiro doravante não era senão um momento do movimento necessário do falso".
Dez anos depois, a técnica acima descrita é aplicada novamente, com um êxito renovado. Uma campanha martela o horror de que se tornou responsável o país (a Jugoslávia) cujo desmembramento foi programado e contra o qual já se está em vias de preparar a guerra humanitária:
"O massacre de Racak é atroz, com mutilações e cabeça cortadas. É um cenário ideal para despertar a indignação da opinião pública internacional. Alguma coisa parece estranha na matança. Os sérvios matam habitualmente sem efectuar mutilações [...] Como mostra a guerra da Bósnia, as denúncias de atrocidades nos corpos, sinais de tortura, decapitações, são uma arma de propaganda difusa [...] Talvez não tenham sido os sérvios mas sim os guerrilheiros albaneses que mutilaram os corpos".
Naquela altura, os guerrilheiros do UCK não podiam ser suspeitos de uma tal infâmia: eram freedom fighters, combatentes da liberdade. Hoje, no Conselho da Europa, o líder do UCK e pai da pátria no Kosovo, Hashim Thaci, "é acusado de dirigir um clã político-criminal nascido na véspera da guerra" e implicado no tráfico não só de heroína como também de órgãos humanos. Eis o que acontecia sob a sua direcção no decorrer da guerra: "Uma quinta em Rripe, na Albânia central, transformada pelos homens do UC em sala de operação, tendo como pacientes prisioneiros de guerra sérvios: um golpe na nuca, antes e extirpar os seus rins, com a cumplicidade de médicos estrangeiros" (presume-se que ocidentais). E assim vem à luz a realidade da "guerra humanitária" de 1999 contra a Jugoslávia; mas durante este tempo o seu desmembramento foi levado a cabo e no Kosovo instala-se e permanece uma enorme base militar estado-unidense.

Façamos um outro salto atrás de vários anos. Uma revista francesa de geopolítica (Hérodote) salientou o papel essencial desempenhado no decorrer da "revolução das rosas", verificada na Geórgia no fim de 2003, pelas redes televisivas que estão nas mãos da oposição georgiana e pelas redes ocidentais: elas transmitem sem descontinuar a imagem (que a seguir revelou-se falsa) da villa que seria a prova da corrupção de Eduard Chevarnadze, o dirigente que se pretendia derrubar. Após a proclamação dos resultados eleitorais que dão a vitória a Chevarnadze e que são declarados fraudulentos pela oposição, esta decide organizar uma marcha sobre Tíflis, que deveria marcar "a chegada simbólica, mesmo pacífica, à capital, de todo um país em cólera". Apesar de convocados por todos os cantos do país com grandes reforços de meios propagandísticos e financeiros, nesse dia afluem à marcha entre 5 000 e 10 000 pessoas: "isto não é nada para a Geórgia"! Mas ainda assim, graças a uma mise en scène refinada e de grande profissionalismo, a cadeia de televisão mais difundida no país chega a comunicar uma mensagem inteiramente diferente: "A imagem está lá, poderosa, a de um povo inteiro que segue o seu futuro presidente". Doravante as autoridades políticas estão deslegitimadas, o país está desorientado e aturdido e a oposição mais arrogante do que nunca, tanto mais que os media internacionais e as chancelarias ocidentais encorajam-no e protegem-no. O golpe de Estado está maduro, ele vai levar ao poder Mikhail Saakashvili, que estudou nos EUA, fala um inglês perfeito e está em condições de compreender rapidamente as ordens dos seus superiores.

A Internet como instrumento de liberdade

Vejamos agora os novos media, particularmente queridos à senhora Clinton e à administração Obama. Durante o Verão de 2009 podia-se ler num diário italiano reputado:
"Desde há alguns dias, no Twitter, circula uma imagem de proveniência incerta [...] Diante de nós, um fotograma de um valor profundamente simbólico: uma página do nosso presente. Uma mulher com o véu negro, que usa uma t-shirt verdade sobre jeans: extremo Oriente e extremo Ocidente juntos. Ela está só, de pé. Tem o braço direito levantado e o punho fechado. Face a ela, imponente, a boca de um SUV, do tecto do qual emerge, hierático, Mahmoud Ahmadinejad. Atrás, os guarda-costas. O jogo dos gestos impressiona: provocação desesperada da parte da mulher; mística da parte do presidente iraniano".
Trata-se de "uma fotomontagem", que parece "verosímil", para chegar mais eficazmente a "condicionar ideias, crenças". As manipulações abundam. No fim do mês de Junho de 2009, os novos media no Irão e todos os meios de informação ocidentais difundem a imagem de uma bela jovem atingida por uma bala: "Ela começa a sangrar, perde consciência. Nos segundos que se seguem ou pouco depois, ela está morta. Ninguém pode dizer se foi atingido no fogo cruzado ou se foi atingida de modo deliberado". Mas a busca da verdade é a última coisa em que se pensa: seria de qualquer modo uma perda de tempo e poderia mesmo revelar-se contra-producente. O essencial está alhures: "no presente a revolução tem um nome: Neda". Pode-se então difundir a mensagem desejada: "Neda inocente contra Ahmadinejad", ou então, "uma jovem corajosa contra um regime vil". E a mensagem verifica-se irresistível: "É impossível olhar na Internet de modo frio e objectivo o vídeo de Neda Soltani, a breve sequência em que o pai da jovem e um médico tentam salvar a vida da jovem iraniana de vinte e seis anos". Como na fotomontagem, também no caso da imagem de Neda estamos na presença de uma manipulação refinada, atentamente estudada e calibrada em todos os seus pormenores (gráficos, políticos e psicológicos) com o objectivo de desacreditar e tornar o mais odiosa possível a direcção iraniana (Ver adenda no fim do texto, NT)

E chegamos assim ao "caso líbio". Uma revista italiana de geopolítica falou a propósito disso da "utilização estratégica do falso", como confirma em primeiro lugar o "desconcertante caso das falsa fossas comuns" (e de outros pormenores sobre os quais chamei a atenção). A técnica é aquela que se utiliza há décadas, mas que na actualidade, com o advento dos novos media, adquire uma eficiência terrível: "A luta é primeiro representada como um duelo entre o poderosos e o fraco indefeso, e rapidamente transfigurada a seguir numa oposição frontal entre o Bem e o Mal absolutos". Nestas circunstâncias, longe de ser um instrumento de liberdade, os novos media produzem o resultado oposto. Estamos na presença de uma técnica de manipulação, que "restringe fortemente a liberdade de escolha dos espectadores"; "os espaços para uma análise racional são comprimidos ao máximo, em particular explorando o efeito emotivo da sucessão rápida das imagens".

E assim reencontra-se para os novos media a regra já constatada para o rádio e a televisão: os instrumentos, ou potenciais instrumentos, de liberdade e de emancipação (intelectual e política) podem inverter-se e muitas vezes invertem-se hoje no seu contrário. Não é difícil prever que a representação maniqueísta do conflito na Líbia não resistirá muito tempo; mas Obama e seus aliados esperam no intervalo atingir os seus objectivos, que não são verdadeiramente humanitários, mesmo se a novlíngua teima de defini-los como tais.

Espontaneidade da Internet

Mas retornemos à fotomontagem que mostra uma dissidente iraniana a desafiar o presidente do seu país. O autor do artigo que cito não se interroga sobre os artesãos de uma manifestação tão refinada. Vou tentar remediar esta lacuna. No fim dos anos 90 já se podia ler no International Herald Tribune: "As novas tecnologias mudaram a política internacional"; aqueles que estiverem em condições de controlá-las vêem aumentar desmedidamente seu poder e sua capacidade de desestabilização dos países mais fracos e tecnologicamente menos avançados.

Estamos na presença de um novo capítulo da guerra psicológica. Também neste domínio os EUA estão decisivamente na vanguarda, tendo no seu activo décadas de investigação e de experimentações. Há alguns anos Rebecca Lemov, antropóloga d Universidade do Estado de Washington, publicou um livro que "ilustra as tentativas desumanas da CIA e de alguns dos maiores psiquiatras de "destruir e reconstruir" a psique dos pacientes nos anos 50". Podemos então compreender um episódio que se verificou neste mesmo período. Em 16 de Agosto de 1951, fenómenos estranhos e inquietantes vieram perturbar Pont-Saint-Esprit, "uma aldeia tranquila e pitoresca" situada "no Sudeste da França". Sim, "a aldeia foi sacudida por um misterioso vento de loucura colectiva. Pelo menos cinco pessoas morreram, dezenas acabaram no asilo, centenas deram sinais de delírio e de alucinações [...] Muitos acabaram no hospital com a camisa de força". O mistério, que durante longos anos cercou este ataque de "loucura colectiva", agora está desvendado: tratou-se de uma "experimentação efectuada pela CIA, com a Special Operation Division (SOD), a unidade secreta do Exército dos EUA de Fort Detrick, Maryland"; os agentes da CIA "contaminaram com LSD as baguetes vendidas nas padarias da aldeia", provocando os resultados que vimos acima. Estamos no princípio da Guerra Fria: certamente os Estados Unidos eram aliados da França, mas é justamente por isso que esta se prestava facilmente às experimentações de guerra psicológica que tinham como objectivo o "campo socialista" (e a revolução anti-colonial) mas que dificilmente podiam ser efectuados nos países para além da cortina de ferro.

Coloquemos então uma pergunta: a excitação e o incitamento das massas não podem ser produzidos senão pela via farmacológica? Com o advento e a generalização da Internet, Facebook, Twitter, emergiu uma nova arma, susceptível de modificar profundamente as relações de força no plano internacional. Isto não é mais um segredo, para ninguém. Nos nossos dias, nos EUA, um rei da sátira televisiva como Jon Stewart exclama: "Mas porque enviamos exército se é tão fácil abater as ditaduras via Internet quanto comprar um par de sapatos?" Por sua vez, numa revista próxima do Departamento de Estado, um investigador chama a atenção sobre "como é difícil militarizar" (to weaponize) os novos media para objectivos a curto prazo e ligados a um país determinado; mais vale perseguir objectivos de mais ampla envergadura. As ênfases podem variar, mas o significado militar das novas tecnologias é em todos os casos explicitamente sublinhado e reivindicado.

Mas a Internet não é a própria expressão da espontaneidade individual? Só os mais ingénuos (e os menos escrupulosos) argumentam assim, Na realidade – reconhece Douglas Paal, ex-colaborador de Reagan e de Bush sénior – a Internet é actualmente "gerida por uma ONG que é de facto uma emanação do Departamento de Comércio dos EUA". Trata-se só de comércio? Um diário de Pequem relata um facto amplamente esquecido: quando em 1992 a China pede pela primeira vez para ser conectada à Internet, seu pedido foi rejeitado devido ao perigo de que o grande país asiático pudesse assim "procurar informações sobre o Ocidente". Agora, ao contrário, Hillary Clinton reivindica a "absoluta liberdade" de Internet como valor universal ao qual não se pode renunciar; e contudo – comenta o diário chinês – "o egoísmo dos Estados Unidos não mudou".

Talvez não se trate apenas de comércio. Quanto a isso, o semanário alemão Die Zeit pede esclarecimentos a James Bamford, um dos maiores peritos em matéria de serviços secretos estado-unidenses: "Os chineses também temem que firmas americanas como a Google sejam em última análise ferramentas dos serviços secretos americanos no território chinês. Será uma atitude paranóica?" "Nada disso", responde ele imediatamente. Ao contrário – acrescenta o perito – "organizações e instituições estrangeiras [também] são infiltradas" pelos serviços secretos estado-unidenses, os quais estão de todos os modos em condições de interceptar as comunicações telefónicas em todos os cantos do planeta e devem ser considerado como "os maiores hackers do mundo". Doravante – afirmam ainda no Die Zeit dois jornalistas alemães – não há a mínima dúvida quanto a isso:
"Os grandes grupos da Internet tornaram-se uma ferramenta da geopolítica dos EUA. Antes, havia a necessidade de laboriosas operações secretas para apoiar movimentos políticos em países longínquos. Hoje basta frequentemente um pouco de técnica de comunicação, operada a partir do Ocidente [...] O serviço secreto tecnológico dos EUA, a National Security Agency, está em vias de montar uma organização completamente nova para as guerras na Internet".
Convém portanto reler à luz de tudo isto alguns acontecimentos recentes de explicação não muito fácil. Em Julho de 2009 incidentes sangrentos verificaram-se em Urumqi e no Xinjiang, a região da China habitada sobretudo por uigures. Serão a discriminação e a opressão contra minorias étnicas e religiosas a explicação? Uma abordagem deste tipo não parece muito plausível, a julgar pelo menos com o que informa de Pequim o correspondente de La Stampa:
"Numerosos hans de Urumqi queixavam-se dos privilégios de que desfrutavam o uigures. Estes, de facto, enquanto minoria nacional muçulmana, têm em igual nível condições de trabalho e de vida bem melhores que os seus colegas hans. Um uigur, no escritório, tem autorização para suspender o seu trabalho várias vezes por dia para cumprir as cinco orações muçulmanas tradicionais da jornada [...] Além disso podem não trabalhar na sexta-feira, dia feriado muçulmano. Em teoria eles deveriam recuperar o domingo. Mas no domingo os escritórios estão de facto desertos [...] Outro ponto doloroso para os hans, submetidos à dura política que impõe o filho único por família, é o facto de que os uigures podem ter dois ou três filhos. Como muçulmanos, além disso, eles têm reembolsos acrescidos no seu salário pois como não podem comer porco devem recorrer à carne de carneiro que é mais cara".
Parecem portanto pelo menos unilaterais estas acusações do Ocidente contra o governo de Pequim por querer apagar a identidade nacional e religiosa dos uigures. E então?

Vamos reflectir sobre a dinâmica destes incidentes. Numa vila litoranea da China onde, apesar das diferentes tradições culturais e religiosas pré-existentes, hans e uigures trabalham lado a lado, difunde-se de repente o rumor de que uma jovem han foi violada por operários uigures; daí resultam incidentes no decorrer dos quais dois uigures perdem a vida. O rumor que provocou esta tragédia é falso mas então difunde-se um segundo rumor mais forte e ainda mais funesto: a Internet divulga na rede a notícia de que na cidade costeira da China centenas de uigures teriam perdido a vida, massacrados pelos sob a indiferença e mesmo sob o olhar complacente da polícia. Resultado: tumultos étnicos no Xinjiang, que provocam a morte de quase 200 pessoas, desta vez quase todos hans.

Estaremos na presença de uma complicação infeliz e fortuita de circunstâncias ou, em alternativa, da difusão de rumores falsos e tendenciosos visando o resultado que efectivamente se verificou a seguir? Estamos numa situação em que a partir de agora se verificar impossível distinguir a verdade da manipulação. Uma sociedade estado-unidense realizou "programas que permitiriam a um sujeito empenhado numa campanha de desinformação adoptar simultaneamente até 70 identidades (perfis de redes sociais, contas em fóruns, etc) gerindo-os paralelamente: tudo isso sem que se possa descobrir quem puxa os fios desta marionete virtual". Quem recorreu a estes programas? Não é difícil adivinhar. O diário citado aqui, não suspeito de anti-americanismo, precisa que a sociedade em causa "fornece serviços a diversas agências governamentais estado-unidenses, como a CIA e o Ministério da Defesa". A manipulação de massa celebra o seu triunfo enquanto a linguagem do Império e da novilíngua fazem-se, na boca de Obama, mais doces e suaves do que nunca.

Volta então à memória a "experimentação efectuada pela CIA" durante o Verão de 1951, que produziu "um misterioso vendaval de loucura colectiva" na "aldeia pitoresca e tranquila" de Pont-Saint-Esprit. E eis-nos de novo obrigados a nos colocarmos a pergunta inicial: a "loucura colectiva" pode ser produzida só por via farmacológica ou pode hoje ser o resultado do recurso, também, às "novas tecnologias" da comunicação de massa?

Compreendem-se então os financiamentos de Hillary Clinton e da administração Obama aos novos media. Vimos que a realidade das "guerras na Internet" a partir de agora é reconhecida mesmo por órgãos reputados da imprensa ocidental; salvo que na linguagem do Império e na novilíngua a promoção das "guerras na Internet" torna-se a promoção da liberdade, da democracia e da paz.

Os alvos destas operações não permanecem inertes: como em toda guerra, os fracos procuram reduzir a sua desvantagem aprendendo com os mais fortes. E eis que estes últimos gritam escandalizados: "No Líbano aqueles que melhor dominam os novos media e as redes sociais não são as forças políticas pró ocidentais que apoiam o governo de Saad Hariri, mas sim os "Hezbolá". Esta observação deixa fugir um suspiro: ah, como seria belo se, assim como aconteceu com a bomba atómica e as armas (propriamente ditas) mais refinadas, também para as "novas tecnologias" e as novas armas de informação e desinformação em massa, aqueles que detêm o monopólio fossem o país que inflige um interminável martírio ao povo palestino e pudessem continuar a exercer no Médio Oriente uma ditadura terrorista! O facto é – lamenta-se Moises Naïm, director da Foreign Policy – que os EUA, Israel e o Ocidente já não enfrentam mais os "ciber-idiotas de outrora". Estes "contra-atacam com as mesmas armas, fazem contra-informação, envenenam os poços": uma verdadeira tragédia do ponto de vista dos presumidos campeões do "pluralismo". Na linguagem do Império e na novilíngua, a tímida tentativa de criar um espaço alternativo ao que é gerido e hegemonizado pela superpotência solitária torna-se um "envenenamento dos poços".
Adenda do Réseau Voltaire
Sobre o Facebook na Síria

Desde o princípio das maniestações em Deraa, foi aberta uma página no Facebook com o título "Revolução síria 2011": slogan publicitário para verdadeiros revolucionários: se não se conseguir em 2011 deixa-se cair? Durante a jornada, esta página contava com 80 mil amigos, quase todos das contas Facebook criadas no mesmo dia. Isto é impossível salvo se os "amigos" forem contas virtuais criadas por software.

A propósito do caso Neda no Irão

Se se revê o vídeo da morte da jovem Neda passando-o em câma lenta, constata-se que ao cair a jovem tem o reflexo de amortecer a sua queda com o braço. Ora, toda pessoa atingida por bala – ainda mais no peito – perde os seus reflexos. O corpo deveria cair como uma massa. Mas não é o caso. É impossível que a jovem tenha sido por bala naquele momento. Alguns segundos mais tarde, o vídeo mostra o rosto da jovem. Ele está bem. Ela passa a mão sobre o seu rosto e é então recoberto de sangue. O aumento da mão mostra que ela dissimula um objecto na sua palma e que ela espalha ela própria o sangue sobre o seu rosto. A jovem é então levada pelos seus amigos ao hospital. Ela morre durante o transporte. Chegada ao hospital, constata-se que a morte se deveu a uma bala em pleno peito. Esta não pode ter sido atirada senão pelos seus "amigos" durante o seu transporte.

Transporte para Santos ser sub-sede da Copa
Por Wagner de Alcântara Aragão

A mobilização está em curso, e a grande maioria dos santistas certamente aprova: Santos para sub-sede da Copa 2014. Mais do que o entusiasmo, o orgulho de ver nossa cidade incluída no roteiro do maior evento de futebol do planeta, o que a sociedade local (autoridades, lideranças políticas e comunitárias) não pode perder de vista é que a campanha deve ser transformada em oportunidade para solucionar crônicos problemas urbanos.
 
Falemos, neste momento, do transporte e do trânsito.

Saturado do jeito que está, o nosso sistema viário não tem comportado sequer o tráfego do cotidiano, dos dias úteis. Ao se colocar como candidata a receber equipes da Copa, desde já a cidade precisa se preparar para garantir a mobilidade, de seus moradores e das centenas de visitantes que receberá.
 
Os investimentos passam – chega a ser óbvio, de tão repetido, mas é sempre bom reiterar - pelo transporte coletivo. Se todo mundo sabe, então está na hora de agir, de deixar de se submeter a interesses particulares.

O metrô leve (veículo leve sobre trilhos, VLT) parece, mais uma vez, ter ficado nas promessas de campanha dos tucanos ao governo do Estado. Enquanto o VLT não vem, o sistema de ônibus deve ser urgentemente melhorado.

A começar por um profunda reformulação nos itinerários – a última grande alteração nos roteiros ocorreu 20 anos atrás, quando o Terminal do Valongo foi inaugurado. De lá para cá, novos polos geradores de tráfego surgiram na cidade; outros desapareceram, alguns cresceram – mas as linhas continuam a seguir os mesmos caminhos de antes: longos, demorados - irracionais.

A reformulação dos itinerários deve ser seguida da implantação do bilhete único. Inadmissível que essa tecnologia de integração tarifária ainda não tenha chegado ao transporte municipal e ao transporte metropolitano santista. Com o bilhete único, viabiliza-se a re-estruturação das rotas, já que as linhas poderão ser pensadas prevendo-se o transbordo de passageiros, sem pagamento de nova tarifa.

A frota precisa ser modernizada. Temos, sim, um frota nova, porém constituída de ônibus montados sobre chassis de caminhão. As linhas devem ser operadas por veículos com motor traseiro, câmbio automático, piso baixo, movidos a biodiesel ou ônibus híbridos, que garantem mais conforto aos passageiros e melhores condições de trabalho aos motoristas.

Como se vê, são medidas que não têm nada de complexas. Exigem, apenas, um pouco de vontade político-administrativa – e, principalmente, da decisão de colocar o interesse público acima das pressões privadas.

Wagner de Alcântara Aragão