sexta-feira, 29 de julho de 2011

GreenPeace: a desonestidade dessa ONG é flagrante!

GreenPeace: a desonestidade dessa ONG é flagrante!

Richard Jakubaszko
Caros leitores do blog, o que algumas ONGs, como o Greenpeace, estão fazendo neste nosso Brasil é uma vergonhosa e deslavada armação internacional, sendo a desinformação e a desonestidade as principais de suas armas.
Agora misturam a tragédia na região serrana no Rio de Janeiro, para informar mal aos cidadãos e para pressionar politicamente os deputados que, dentro em breve, terão de votar as alterações propostas no antigo Código Florestal. Como eles não desejam a aprovação em plenário dessas propostas já aprovadas na Comissão Especial, lutam com o uso de armas como a mentira, a desonestidade e a enganação. Usam politicamente o desastre ambiental e a perda de mais de 700 vidas, como argumento para rejeitar o Código Florestal. Por falta de argumentos partem para a busca de ignorância, através da informação desonesta e mentirosa.
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O que é que o urubu tem a ver com as garças?
Nada, isso mesmo, absolutamente nada. O Código Florestal em discussão no Congresso Federal diz respeito apenas às áreas de florestas nativas e áreas rurais, inclusive o plantio e o se fazer agricultura em encosta de morros. Não há uma única linha no Código Florestal, no antigo ou no novo, sobre o uso e ocupação de solos em áreas urbanas. O Greenpeace, conforme a notícia abaixo, se faz de bobo para passar bem. Faz uso político de uma mentira.

Portanto, o Greenpeace, multinacional holandesa, que se traveste de ONG, mas tem, inclusive, contrato social registrado na Junta Comercial de Amsterdã, que contrata seus executivos com altos salários, recrutados por multinacionais da área de head hunters, pois o Greenpeace, meus amigos, deveria ser expulso do Brasil por esse tipo de comportamento abjeto, onde mostra, prova e comprova que a honestidade não faz parte de sua conduta.
Go home Greenpeace!

Vejam a notícia abaixo, divulgada pela Redação Greenpeace, publicada no site Envolverde hoje, e que reproduzo a seguir:

A receita de uma tragédia
Por Redação Greenpeace
Desmatamentos e ocupação de áreas que deveriam ser preservadas, somados às chuvas cada dia mais intensas, são a combinação perfeita para o drama das enchentes.

Classificada como o maior desastre climático brasileiro, a enchente que desde terça-feira, 11 de janeiro, acarreta um número recorde de mortos - mais de 670 até o momento, milhares de desabrigados e perdas de produção agrícola na região serrana do estado do Rio de Janeiro é o resultado de uma equação perigosa: eventos climáticos cada vez mais extremos, como chuvas intensas e por longo período e áreas fragilizadas por desmatamento.

Pouco mais de mil quilômetros separam o palco das enchentes e Brasília, arena onde deputados ligados ao agronegócio batalham por mudanças drásticas no Código Florestal brasileiro. Por esta estrada cruzamos alguns dos mais de 100 municípios em situação de emergência ou calamidade pública no Rio de Janeiro e Minas Gerais. Na paisagem, dois dos biomas brasileiros mais desmatados: a Mata Atlântica, que perdeu 93% de sua cobertura florestal, e o Cerrado, devastado pela metade.

Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e da ONG SOS Mata Atlântica, na última década, o ritmo de desmatamento da Mata Atlântica se manteve em torno de 34 mil hectares ao ano, uma área equivalente a quase 350 mil campos de futebol de mata nativa. No Rio de Janeiro, estado mais castigado pelas chuvas, mais de 80% de floresta já foi desmatado.

Também segundo o INPE, os últimos 60 anos foram de aumento gradativo da intensidade das águas. Chuvas acima de 50 mm por dia, algo raro até a década de 1950, hoje ocorrem entre duas a cinco vezes por ano na cidade de São Paulo, por exemplo.

“Eventos extremos, que tendem a aumentar por conta das mudanças climaticas, têm sido cada vez mais freqüentes e intensos. Se há dúvidas sobre como lidar com o problema, existe ao menos a certeza de que a solução não é a derrubada de mais floresta”, diz Nicole Figueiredo, coordenadora da Campanha de Clima do Greenpeace.

Enquanto isto, em Brasília, os deputados ruralistas insistem em transfigurar a legislação florestal. É o caso das Áreas de Preservação Permanente (APP), cuja função é proteger margens de rios, encostas e topos de morros, garantindo a estabilidade geológica e a proteção do solo. Se depender da turma da motosserra, algumas faixas de APP serão reduzidas até pela metade. A proteção de beira de rios com larguras de até cinco metros, por exemplo, passariam dos atuais 30 metros para 15. Ficariam liberados para ocupação também os topos de morro, montes, montanhas e serra e áreas de várzea.

Para visualizar o resultado do ideário da motosserra, basta olhar as imagens da tragédia da região serrana. Aos pés de morros lambidos pela terra, o fruto deste tipo de ocupação e do desmatamento de áreas que deveriam ser preservadas, à revelia do que hoje prevê o Código Florestal, é de pura destruição.

“A legislação florestal existe com um propósito claro, o de assegurar o bem-estar da população. É por questão de segurança que há a necessidade de proteger o solo e os rios”, diz Rafael Cruz, da campanha de Florestas do Greenpeace. “As alterações são propostas pela bancada ruralista são irresponsáveis”, complementa.

O Brasil tem mais de 40 milhões de hectares de Áreas de Preservação Permanente ocupadas irregularmente, uma área equivalente ao estado de Minas Gerais. Muitas destas regiões desmatadas estão em municípios que hoje estão em calamidade pública como Petrópolis e Teresópolis, que já perderam 70% de sua cobertura florestal, e São João do Vale do Rio Preto, com quase 80% desmatados.

A bancada ruralista também espera conceder ampla anistia a quem desmatou até 2008, o que inclui as APPs. “A proposta segue na contramão da necessidade de recuperação de regiões frágeis, seja nas cidades, ou em áreas rurais, responsáveis pela produção de alimentos e o abastecimento de água para as áreas urbanas”, completa Rafael Cruz.


Desconfie sempre das ONGs



Eu já havia, há muito tempo, percebido os desvios de comportamento das ONGs, e agora saiu o livro "As grandes ONGs ambientalistas em questão", organizado por Andréa Rabinovicci, que coloca essas dúvidas em debate. 

Há necessidade urgente de se fiscalizar e colocar em questionamento as ações e interesses dessas ONGs, sob pena de se oficializar um neocolonialismo escravagista, que, aliás, já se verifica.

É imperioso que a imprensa abandone seu papel de avaliadora das ações dessas ONGs, pois legitimam interesses escusos, de natureza comercial, ou política, ou de manipulação institucional do país, como sempre foi no passado.

No momento em que um grupo de ONGs faz lobby diário no Ministério do Meio Ambiente e no Congresso Nacional, vale a transcrição da resenha desse estudo de Andréa Rabinovici em que são questionados os objetivos e a transparência das “BINGOS” (sigla para Big Non-Governamental Organizations, Grandes Organizações Não Governamentais). Elas recebem dinheiro de petroleiras, de madeireiras (no caso da SOS Mata Atlântica), de governos estrangeiros, e de origem desconhecida ou intencionalmente sonegada. 

Então, a pergunta, é: que interesses, exatamente, representam?

SINOPSE

As grandes ONGs ambientalistas em questão

resenha por Andréa Rabinovici, professora da Universidade Federal de São Carlos – UFSCar, Campus Sorocaba, doutoranda NEPAM-UNICAMP, Diretora de Projetos da ONG Physis – Cultura & Ambiente.

Antonio Carlos Diegues, docente da USP e Diretor Científico do Núcleo de Apoio à Pesquisa Populações Humanas em Áreas Úmidas Brasileiras (NUPAUB), lança o livro A Ecologia Política das Grandes ONGs Transnacionais Conservacionistas, no qual aborda tema mais do que oportuno, num momento em que as Organizações Não Governamentais (ONGs) transnacionais conservacionistas crescem em complexidade, apresentam contradições antes impensáveis, começando a ser questionadas por vários segmentos sociais. O livro contém introdução de Diegues e traduções dele de autores diversos tais como MacChapin, David B. Ottaway, Joe Stephens, Daniel Compagnon, Mariteuw Chimère-Diaw, Mark Dowie, Jim Igoe e Dan Brockington. Os alvos das críticas são as grandes ONGs conservacionistas, especialmente WWF, The Nature Conservancy (TNC) e Conservation Internacional.

As Big International Non Governamental Organizations (BINGOS) conservacionistas vêm instalando-se no Brasil desde 1970, investindo recursos financeiros, humanos e tecnológicos.

As causas às quais se dedicam e o investimento na sua imagem costumam imprimir uma aura de legitimidade, simpatia, respeito e poucas críticas. É raro serem questionadas pelos cidadãos, que, ao contrário, aplaudem suas iniciativas, apóiam-nas e as agradecem por cuidarem da sobrevivência e da segurança de todos os seres vivos.

O livro de Antonio Carlos Diegues vem em ótimo momento, na medida em que apresenta sérias críticas, no intuito de aprofundar o debate, de rever aspectos que precisam ser mais bem desenvolvidos, de modo a recuperar o significado da necessária mobilização para conduzir ações que visam garantir o futuro do planeta. O livro é corajoso, pois ao denunciar as ONGs, simultaneamente, desaponta os simpatizantes. A crítica é dura, e, mais do que avaliar as BINGOS em geral, são feitas críticas às grifes do ambientalismo, acima de qualquer suspeita, aquelas que divulgamos em nossos carros, camisetas, bonés…

As críticas feitas pelos autores destacam que as BINGOS conservacionistas são pouco transparentes, e que existem lacunas no tocante à avaliação e ao controle das suas ações pelos beneficiários e pela sociedade como um todo. Também não estão abertas à participação pró-ativa de seus militantes, muitas vezes distanciando-os das ações. Se não são democráticas internamente ou com o seu público, o que propõem?

Recebem grandes somas de dinheiro que, às vezes, perdem-se na própria estrutura da grande ONG transnacional, chegando em quantidades menores do que as esperadas pelos seus atendidos.

Outro aspecto apresentado pelo livro diz respeito à invenção e à aplicação de uma ciência conservacionista, criada e disseminada pelas BINGOS. Essa “ciência” em muitas situações é contrária ao que dita o conhecimento e as metodologias utilizadas por comunidades atendidas, impondo um conhecimento distinto, distante e que, para ser aplicado, depende da ONG. Assim, uma tutela imposta obriga a continuidade dos trabalhos, que passa a ser exigida pela ONG, pelo seu público alvo e pelos seus patrocinadores. Os autores do livro sustentam que essa “ciência da conservação” é criada por pesquisadores do Norte, cabendo aos do Sul apenas a transferência de informações.

Essa “ciência” trabalha com modelos que são continuamente ajustados em função de injunções e financiamentos que são mais políticos do que científicos ou sociais.  Algumas das questões foram discutidas por Goldman (2001), que acusa BINGOS e especialistas de estudarem a conservação e as possíveis soluções para os problemas socioambientais dentro de uma ótica desenvolvimentista, buscando a reestruturação das capacidades e relações sociais-naturais dos países em desenvolvimento para acomodar a expansão do capital transnacional.

Assim, as BINGOS seriam uma forma de dominação e imperialismo (neocolonialismo ou colonialismo ambiental). Assunto em tela na imprensa brasileira, trazido pelos autores, é a aquisição por algumas BINGOS de porções de florestas ao redor do mundo, com o incentivo às modalidades privadas de proteção da natureza. Isso se vê nos incentivos que governo e ONGs têm dado para a criação e manutenção das Reservas Particulares de Patrimônio Natural (RPPNs). Outras questões levantadas pelos autores individualmente são:
MacChapin, no seu capítulo “Um desafio aos conservacionistas” (bastante polêmico quando publicado na imprensa norte-americana, e que tem algumas respostas a ele registradas no livro), afirma que é comum as grandes ONGs conservacionistas negociarem territórios e biomas a proteger entre elas. Assim também competem entre si, muitas vezes perdendo financiamentos, acarretando novos conflitos nas comunidades nas quais atuam.

O autor também observa o enriquecimento e o crescimento rápido das BINGOS; acusa o desaparecimento gradual das metodologias participativas, com o decorrente enfraquecimento da relação ONG/comunidade. Novos conflitos nas comunidades resultam, portanto, da não consideração das realidades locais, prevalecendo estratégias científicas na determinação da Agenda de trabalho preservacionista, muitas vezes oposta à comunitária.

David B. Ottaway & Joe Stephens, em seu texto “Por dentro da TNC – Nature Conservancy: arrebata milhões. Filantropia faz ativos em parceria com corporações”, falam da dificuldade em se caracterizar as ONGs conservacionistas na medida em que estas têm funcionado como grandes empresas transnacionais.

Daniel Compagnon, em “Administrar democraticamente a biodiversidade graça às ONGs?”, questiona a legitimidade e a representatividade das entidades, na medida em que elas se auto-denominam “guardiãs da natureza”. Líderes, elas se auto-avaliam, dificilmente prestam contas efetivamente, divulgam seus feitos e repassam à mídia.  A imprensa, superficial e ingênua, não tem condições de avaliar criticamente o que publica. Os pesquisadores raramente o fazem, na medida em que é comum terem ligações diversas com as ONGs.  Segundo esse autor, assim como no caso dos pesquisadores, a manutenção do domínio e da influência das grandes ONGs transnacionais passa, muitas vezes, pela cooptação de funcionários públicos e de cientistas.

Com apoio à pesquisa, a seminários e a treinamentos gratuitos a eles, as BINGOS veiculam conceitos e métodos próprios. Na medida em que trabalham junto aos governos e às empresas privadas, a crítica aos mesmos desfaz-se nas parcerias em projetos e programas.

Nesse sentido, a ONG minimiza críticas ao governo, populariza suas ações, dilui responsabilidades e oposições às políticas oficiais.  Algo muito sutil observado por Compagnon é que algumas bandeiras, não diretamente ligadas à criação de Parques, são criadas para obter apoio social a projetos preservacionistas.  Projetos e ações são lançados, desviando os comunitários de seus interesses sociais, transformados em ambientais. Mariteuw Chimère-Diaw, em seu artigo “Escalas nas teorias da conservação: um outro conflito de civilizações?”, faz uma reflexão sobre a necessidade de se reinventar a solidariedade e a governança global.

Recomenda repensar as escalas, a desterritorialização que o trabalho das BINGOS pode acarretar. O autor afirma que, quando é invertida a relação de ação local à global, ocorre o enfraquecimento dos potenciais da atuação comunitária. As BINGOS, muitas vezes, tornam-se porta-vozes dos problemas ambientais e com isso monopolizam a formação da opinião mundial.  Bentes (2005) ressalta que o nível de interferência das grandes ONGs transnacionais, nos pensamentos e processos decisórios, parece natural devido à desigualdade política internacional que lhes confere o poder de influenciar.

Mark Dowie, em seu “Refugiados da Conservação”, trata de milhões de pessoas levadas à marginalidade, às periferias em nome de uma suposta preservação ambiental. Essa, muitas vezes sem eficácia alguma em termos de conservação dos recursos naturais. O autor comprova, ao contrário, que, em muitos casos, populações expulsas de suas moradias, recuperam o ambiente novo, degradado, que pode ficar mais bem conservado do que dentro das Unidades de Conservação.

Essa questão também já tinha sido exposta por Goldman (1998), ao problematizar teorias sobre os processos de gestão da natureza, que excluem as populações da condução dos destinos dos recursos naturais. Diegues (1998) dá exemplos de comunidades que reassumem, com sucesso, o controle dos bens comunitários com a possibilidade de grandes transformações de perspectivas, ideologia e cultura. Jim Igoe e Dan Brockington, em “Expulsão para a conservação da natureza: uma visão global”, também refletem sobre os “expulsos pela conservação”.

Assim como Dowie, alertam para as conseqüências não estudadas da exclusão de moradores de áreas naturais. As políticas que resultam na exclusão são amplamente influenciadas pelas BINGOS, em campanhas indiretas que defendem a natureza em sua integridade.

Obviamente, é difícil distinguir os padrões de influência nesses relacionamentos, as ações são policêntricas, as responsabilidades idem, porém, numa época em que se fala de refugiados ambientais, incluindo agora os refugiados e expulsos da ou pela conservação, há a necessidade urgente de se dar atenção às populações, caso sejam atingidas as metas traçadas para a conservação, pois se corre o risco de haver expulsões em números recordes, com danos ambientais e sociais gravíssimos.

Avolumam-se os problemas, mas não proporcionalmente à prática de se pesquisar os seus impactos, nem no tocante à conservação ambiental nem nos efeitos e riscos sociais. Os autores chamam essa prática da “ecologia da expulsão”, ao mesmo tempo em que observam e questionam o silêncio total de todos sobre essa grave questão.

Ainda que ocorram as expulsões, as áreas protegidas nunca serão suficientes. A estratégia de conservar a despeito das pessoas deve ser repensada. Sem uma ampla discussão social, as ações das ONGs não podem ser classificadas como demandas sociais, nem ambientais.

Todos os autores do livro convidam a uma crítica construtiva das ONGs. A maioria dos artigos já foi publicada internacionalmente e causou impacto, recebeu respostas das BINGOS, talvez as tenha feito repensar práticas e filosofias. Essa é a idéia: provocar.
O tom da provocação, no entanto, é diferente do que se observa recentemente na imprensa, dito por militares, empresários, visando desqualificar o trabalho das ONGs.
As acusações comuns às BINGOS no Brasil referem-se à ameaça à soberania, à sua situação fiscal, ao controle de suas receitas, aos supostos entraves à sua atuação empresarial, ou desenvolvimentista, a uma legislação pouco eficaz. Não chegam nem perto das discussões travadas no livro ora apresentado e por isso a sua leitura é fundamental. Servirá para ampliar e qualificar os debates sobre o tema de forma mais reflexiva, menos ideológica.

O alerta é para não se estereotipar as ONGs, colocando-as em oposição, simplificando temas sociais e políticos complexos, e deslegitimando demandas socioambientais. Caso contrário, o debate sobre direitos será transformado em uma disputa estéril de interesses, dará margem à construção de teorias conspiratórias, que impedem o avanço de consciência, fundamental para que ocorram mudanças.

Diegues recomenda que a questão torne-se objeto de pesquisas sérias, e já existem excelentes contribuições sobre ONGs e movimentos sociais.

O livro é um convite e um estímulo a um debate relevante sobre o papel das ONGs conservacionistas transnacionais, especialmente as que atuam no Brasil, e sobre os seus objetivos e ações, na expectativa de que, com o processo de debate, possa haver uma reconstituição dos atores mobilizados, institucionalizados ou não, em torno da questão ambiental.

Correspondência c/autor: Andréa Rabinovici, email:andrea@ufscar.br

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Marcha das Margaridas deve reunir 100 mil em Brasília

“Duas mil e onze razões para marchar para odesenvolvimento, sustentável com justiça, autonomia, igualdade e liberdade”. Este será o lema 4ª edição da Marcha das Margaridas que acontecerá nos dias 16 e 17 de agosto em Brasília (DF). A Marcha reunirá cercade 100 mil mulheres de diversas regiões do país na luta por melhores condições de vida e trabalho no campo e contratodas as formas de discriminação e violência.




A marcha será recebida pela presidente Dilma Rousseff em Brasília.

Para Rosângela Ferreira, integrante da Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura do Estado do Ceará (Fetraece) e da organização estadual da Marcha, a atividade tem um grande significado para a garantia dos direitos das mulheres, principalmente daquelasdas zonas rurais. “A Marcha é necessária para garantir a visibilidade. Por mais que o governo seja democrático, não existe governo bonzinho. O movimento precisa estar mobilizado ou então não consegue [visibilizar suas demandas]”,afirma.

O evento acontece a cada quatro anos sempre no mês de agosto, para fazer a memória ao assassinato da líder sindical Margarida Alves morta com um tiro no rosto no dia 12 de agosto de 1983 no município de Alagoa Grande (PB).

A atividade foi lançada nacionalmente em novembro de 2010, e desde então, os movimentos de mulheres vêm se organizandoem vários pólos do país com o objetivo de se articular e preparar a pauta de reivindicação através de debates, palestras, estudos, planejamento e captaçãode recurso.
Essas mobilizações resultaram na elaboraçãode um caderno de texto que teve como base os eixos da plataforma política do movimento de mulheres. São elas: biodiversidade, terra, água e agroecologia,soberania e segurança alimentar, autonomia econômica, saúde pública e direitos reprodutivos, educação não sexista e democracia, poder e participação política.O caderno reuniu cerca de 158 propostas que foram entregues no dia 13 de julho, em ato político,no Palácio do Planalto em Brasília.
Rosângela aponta conquistas significativas nesses anos de caminhada. Uma delas foi a aposentadoria para trabalhadoras rurais aos 55 anos de idade; a emissão de documentação das mulheres que não conseguiam acesso às políticas públicas, como o Bolsa Família; a titularização na divisão da reforma agrária no nome das mulheres; criação do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar com recorte de gênero (Pronaf Mulher), a visibilidade sobre os casos de violência e discriminação contra asmulheres, entre outras.

Ela ressalta, ainda, que as mulheres fizeram parte da construção da história do país, mas nunca apareceram de fato, e que a Marcha tem também essa finalidade: despertar as mulheres para que elas exijam seus direitos e sejam sujeitas de uma nova história e construtoras de uma sociedade igualitária.

Programação
As mulheres chegarão no dia 15 de agosto no Parque das Cidades, centro de Brasília. Dia 16, pela manhã, a abertura contará com a exposição de dois painéis. Neste mesmo dia, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) fará uma pesquisa com as mulheres presentes na marcha sobre perfil econômico e condições de vida das mulheres trabalhadoras do campo e da floresta.
À noite, haverá o lançamento do CD “Canto das Margaridas”, produzido por mulheres de todo pais, com a presença da cantora Margareth Menezes. No dia 17, as mulheres seguem em marcha do Parque das Cidades até a Esplanada dos Ministérios, onde serão recebidas por ministros e autoridades, inclusive a presidente Dilma Rousseff. Às 15 horas, Dilma fará o anúncio da decisão das propostas encaminhadas na semana passada pela coordenação da Marcha.

Fonte: Adital

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Capitalismo mata

Por Vito Giannotti

A base do sistema capitalista é uma só: a exploração máxima dos trabalhadores e da natureza visando unicamente o lucro, ou seja, a multiplicação do capital nas mãos dos donos das empresas. O resto é conversa mole. Se o capital puder dispensar milhares de trabalhadores e deixá-los na sarjeta, fará isso sem nenhum problema. Uma empresa capitalista não é uma entidade filantrópica. Não tem nenhum objetivo social, humano, humanitário. Se puder acelerar o ritmo de trabalho até o extremo ela vai fazer. Quem morrer que morra. Há sempre milhões à espera de uma vaga.

Enquanto isso, iludidos ou enganadores falam de “responsabilidade social” das empresas. Outros fazem poesia com a tal “responsabilidade ambiental”. Balelas. Para qualquer capitalista não entra na contabilidade a saúde, a vida dos trabalhadores dentro ou fora da empresa.



A pesquisa da Confederação dos Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação (CNTA), junto com a UFRGS vem comprovar isso. Você sabia que em frigoríficos de cortar frangos, os trabalhadores têm que fazer até 90 cortes por minuto?

A “vida útil” dos escravos que viviam na época de Zumbi dos Palmares (1655-1695) e trabalhavam nas lavouras de cana era de 20 anos. Hoje, os trabalhadores dos frigoríficos do Rio Grande do Sul têm uma “vida útil” em média é de apenas mais cinco anos.
O estudo mostra que 77,5% dos trabalhadores da indústria da carne sofrem de alguma doença relacionada ao trabalho. 96% precisam tomar medicação para suportar a dor. Mais: 99,5% dos 640 trabalhadores entrevistados dos frigoríficos de Capão do Leão, Bagé, São Gabriel e Alegrete são empregados de um mesmo grupo: o Marfrig, que se orgulha de ter 151 unidades espalhadas por 22 países.

É grande, sim, é verdade. Mas tão preocupado com a saúde e o bem estar de seus empregados, quanto os donos de escravos de séculos atrás. Prova disso é que 78% dos seus trabalhadores admitem sofrer dores constantes no corpo, principalmente nos ombros, braços, costas, pescoços e pulsos, causadas pelo esforço repetido feito por horas e horas, sem qualquer interrupção e em condições insalubres de frio externo e umidade intensa.

Os principais efeitos disso se revelam fora do ambiente de trabalho, quando as mãos ficam dormentes, os braços tremem e a dor aparece ao se fazer coisas simples como abotoar a camisa ou escovar os dentes. A pesquisa revelou que ao final de um dia de trabalho 43,9% sentem um “cansaço insuportável” que afeta o sono, causa depressão e prejudica a convivência familiar.

Fonte: Brasil de Fato

terça-feira, 26 de julho de 2011

Al Jazeera: Submarinos do Brasil visam proteger o pré-sal

Por Fabiana Frayssinet
Planos para construir submarinos nucleares que vêm sendo adiados desde os anos 1970s começam a sair do papel, agora que submarinos movidos a energia nuclear são considerados necessidade estratégica para proteger as reservas brasileiras de petróleo em águas profundas.
A presidenta Dilma Rousseff fez o corte simbólico da “primeira placa” de aço, dia 16 de julho, marcando o início das operações no estaleiro onde o primeiro submarino será construído.
“É momento muito especial”, disse a presidenta no discurso de lançamento do programa de desenvolvimento de submarinos da Marinha do Brasil (ProSub), que, de início, construirá quatro submarinos convencionais S-BR usando tecnologia francesa.
“O Brasil dá mais um passo na direção de afirmar seu status de país desenvolvido com indústria sofisticada, capaz de absorver, controlar e utiliizar tecnologias sofisticadas.”
O ProSub começou em dezembro de 2008, de um acordo entre o presidente francês Nicolas Sarkozy e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva do Brasil.
Nos termos daquele acordo, a França transferirá know-how tecnológico para as indústrias brasileiras envolvidas em desenvolver e construir submarinos.
Além disso, o trabalho começou na construção de um estaleiro, uma base naval e uma fábrica de estruturas metálicas e, de acordo com a Marinha, mais de 30 companhias brasileiras deverão começar a produzir os mais de 36 mil componentes necessários.

O Brasil formou uma empresa – Itaguaí Construções Navais (Itaguaí Naval Construction) – uma parceria entre a estatal francesa DCNS (ex- Direction des Constructions Navales et Services), a gigante da construção Odebrecht e a Marinha do Brasil, que tem direitos de veto.
O projeto é parte de um projeto mais ambicioso. Segundo o ministro da defesa, é “o primeiro passo em direção de construir um submarino movido a energia nuclear (SN-BR)”, que deverá ser entregue em 2023.
O Brasil já controla a tecnologia de enriquecimento de urânio necessária para produzir combustível nuclear, e espera usá-lo nesse submarino.
É tecnologia altamente sensível, atualmente só acessível para conjunto muito seleto de países: China, França, Rússia, Reino Unido e EUA.
Na opinião do cientista político Mauricio Santoro, da FGV-RJ, esse é o projeto mais importante e simbólico da Marinha do Brasil em várias décadas.
Paises desenvolvidos como os Estados Unidos consideram a propulsão nuclear essencial para suas frotas de guerra, Santoro afirmou. Assim, controlar essa tecnologia é “essencial” para a Marinha brasileira criar um “protótipo de produção” que pode ser usado subsequentemente em outros navios, como em porta-aviões.
A Marinha brasileira descreve os submarinos nucleares como “uma das naves mais complexas” já inventadas, por causa de suas vantagens táticas e estratégicas sobre os submarinos movidos a diesel-eletricidade, como maior autonomia de mergulho e velocidade, o que permite a eles patrulhas mais longas em áreas maiores de oceano.

Recursos de defesa, não de ataque

Como Santoro lembra, o Brasil tem razões históricas para insistir nesse projeto. O país foi arrastado para a II Guerra Mundial porque submarinos alemães atacaram um navio mercando brasileiro no Atlântico Sul, em momento em que o Brasil não tinha meios para defender o próprio território.
Além disso, como oficiais da Marinha do Brasil sempre lembram, a guerra de 1982 entre a Grã-Bretanha e a Argentina teria tido resultado diferente se a Argentina tivesse frota naval capaz de defender seu território.
“Do ponto de vista estratégico, os submarinos nucleares são provavelmente o meio mais efetivo de armamento de defesa” – disse Santoro.
O governo do Brasil tem destacado, em várias oportunidades, o interesse em construir arsenal de defesa, não de ataque.
“O principal objetivo do projeto é modernizar a Marinha e dar-lhe meios para dominar a tecnologia de produção de submarinos movidos a energia nuclear, em contexto de defesa, não como arma de ataque. Nosso país está hoje comprometido com o princípio da paz” – disse a presidenta Rousseff.
William Gonçalves, especialista em Relações Internacionais da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, disse que essa fala da presidenta é importante, porque comprova que “o Brasil não tem qualquer intenção agressiva ou expansionista”, sobretudo em relação aos nossos vizinhos latino-americanos.
A mensagem é dirigida aos vizinhos latino-americanos, para que “entendam que o Brasil tem necessidades estratégicas específicas, mas não alimentará qualquer tipo de corrida armamentista, nem está interessado em converter-se em potência militar” – disse Gonçalves.
Para Gonçalves, a construção de um submarino nuclear é plenamente justificada, porque “as necessidades estratégicas do país mudaram”.
País de 190 milhões de habitantes tem o dever de proteger suas áreas nacionais de interesse econômico, também no mar, sobretudo agora, depois que se descobriram as imensas reservas de petróleo em águas profundas, em região submarina do pré-sal, com as quais poderá suprir as necessidades internas, com excedente exportável.
A presidenta Rousseff disse que “É perfeitamente justo que nossa Marinha tenha meios adequados para proteger as riquezas e a soberania desse país”.
Gonçalves lembrou também que o Brasil “tem hoje responsabilidades internacionais que jamais teve antes”, nas questões políticas, de energia, de comércio e de preservação do meio ambiente. “O Brasil não é nem aspira a ser potência militar, mas é interlocutor internacional cada dia mais infuente” – destacou.
Santoro disse que há também outros motivos estratégicos para esse projeto de construir submarinos nucleares, como a necessidade de proteger o trânsito de mais de 95% dos produtos comercializados pelo Brasil, para todo o mundo, que são transportados por mar.
O projeto dos submarinos nucleares evidencia “a importância que o Brasil dá a sua agenda de defesa”, e para ampliar suas capacidades tecnológicas.
O analista também mencionou a aspiração do Brasil a um assento permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas. Em sua opinião, o país precisaria “de forças armadas melhor equipadas para exercer aquele papel”.
Como Gonçalves, Santoro acredita que o papel defensivo do Projeto ProSub está sendo enfatizado “para reafirmar a ideia do Brasil como país de tradição pacífica, que nunca investiu em objetivos expansionistas e não precisa nem ampliar seu território nem ocupar outros países e que não apóia nenhum tipo de corrida armamentista imperialista”.


Matéria originalmente publicada pela Al Jazeera, traduzida pela Vila VuduFonte: Vi o Mundo