domingo, 21 de novembro de 2010

Mobilizações da consciência negra tomaram as principais capitais


Em comemoração ao Dia da Consciência Negra neste sábado (20), capitais como Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo realizaram eventos artísticos especiais e mobilizações. O presidente do bloco afro Ilê Ayê, a cantora Leci Brandão e o ministro da Promoção da Igualdade Racial, Elói Ferreira de Araújo, também comentam a data.

Cristina Rezende
consciencia negra
A Marcha da Consciência Negra mobilizou 3 mil pessoas em São Paulo
Em comemoração ao Dia da Consciência Negra neste sábado (20), capitais como Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo realizaram eventos artísticos especiais e mobilizações.

O Pelourinho, no centro histórico de Salvador, recebe atividades da Semana da Consciência Negra até este domingo (21). O evento contará com apresentações de bandas de black music. Além de música, quem comparecer pode visitar uma exposição sobre Luanda, capital de Angola.

No sábado (20) ocorreu a tradicional Caminhada da Liberdade, reunindo quase cem mil pessoas comandadas pelos blocos afro da cidade. A caminhada saiu do Curuzu.

Na Praça XV, no Rio, ocorreu a tradicional lavagem do Busto de Zumbi dos Palmares pela capoeira do Quilombo do Mestre Arerê. Na capital carioca, houve também homenagem organizada pela Seppir ao herói João Cândido Felizberto, o Almirante Negro.

Em São Paulo ocorreu a Marcha da Consciência Negra, que percorreu o centro antigo, repleto de construções que têm referência com a história dos negros no Brasil, como explica o coordenador nacional de União de Negros pela Igualdade (Unegro), Edson França. Segundo Edson, a passeata reuniu três mil pessoas e pautou a implementação de políticas públicas de combate ao racismo em São Paulo, a exemplo dos avanços em nível federal. Entretanto, Edson fez questão de dizer que os avanços nas políticas federais precisam ser ampliados.

Ilê Ayê

Para Vovô do Ilê Ayê, como é conhecido o presidente do bloco afro Carlos Antônio dos Santos, "a luta avançou bastante, está mais organizada. Tivemos alguns avanços, como as políticas de cotas e o Estatuto da Igualdade Racial, que, com todas as suas restrições, é um avanço".

Para vovô, o Brasil passou a se reconhecer como um país racista e essa questão é mais debatida pela sociedade brasileira. "Conseguimos resgatar o orgulho de ser negro, levantamos a nossa auto-estima, embora haja negros que ainda sofrem a chamada 'escravidão mental'", disse vovô.

Foto: Cristina Rezende
As mulheres marcaram presença na Marcha da Conciência Negra em São Paulo
Leci Brandão

A cantora Leci Brandão considera que o grande avanço dos últimos oito anos foi a criação da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), como resultado de uma reivindicação do povo negro. Leci participa do Conselho Nacional ligado à Secretaria apesar de nunca ter sido militante organizada até sua recente filiação ao PCdoB, partido pelo qual foi eleita deputada estadual nas últimas eleições: "eu sempre tive a preocupação de fazer da minha arte um instrumento em defesa dos menos favorecidos, entre os quais os negros têm um protagonismo. Isso fez com que a Matilde Ribeiro me convidasse para fazer parte do conselho, por notório reconhecimento da minha luta em prol da população negra".

Foto: Cristina Rezende
Estatuto da Iguakldade Racial é conquista do movimento negro, afirmou o ministro Elói Ferreira de Araújo
Seppir


O ministro da Igualdade Racial, Eloi Ferreira de Araújo, explica que o Projeto de Lei do Estatuto da Igualdade Racial tramitou por mais de 10 anos e que a sua aprovação inclui no ambiente brasileiro o instituto das ações afirmativas. "O principal do Estatuto é ser um documento de afirmação que reúne condições para promover a igualdade entre negros e não negros. É um instrumento que busca igualar as condições no Brasil para igualdade de acesso a estruturas econômicas, sociais e culturais, e vai cotribuir p consolidar democracia", descreve o ministro.

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