quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Futebol é do povo, não da Globo

Por Wagner de Alcântara Aragão
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O futebol, no Brasil, é mais que uma modalidade esportiva. É um componente da nossa cultura, essa cultura resultante de uma mistura ímpar, da qual tanto se orgulhava – e bem nos explicou em “O Povo Brasileiro” - o saudoso Darcy Ribeiro.


Pois bem, o acesso a essa manifestação cultural está cada vez mais restrito. E boa parte dessa restrição se deve ao monopólio exercido pela Rede Globo de televisão nas transmissões dos jogos, porque o poder sustentado em tal monopólio norteia decisões que vão além daquelas relacionadas às exibições das partidas na televisão.


Por exemplo, o horário dos jogos durante a semana. Ora, como é possível o torcedor do Santos na Baixada Santista ir à Vila Belmiro acompanhar o time às dez horas da noite? Como levar os filhos para ver seus ídolos jogarem num horário quando é hora de criança estar na cama? - dia seguinte é pra acordar cedo, tem aula.


Como, à meia-noite, ter que esperar condução que leve o torcedor de volta pra casa? E a que horas se vai chegar em casa? Cinco, seis da manhã já tem que se estar de pé para mais um dia de labuta...


Bom, se todos esses obstáculos dificultam a ida ao estádio, se assistir a um jogo in loco se torna cada vez mais programa de elite, pela televisão não é diferente. Na televisão aberta só é transmitida uma partida por rodada – e, ainda que a Globo delegue a transmissão a uma emissora concorrente, a Band, o jogo que se tem na tevê é um só. A Band transmite a partida que a Globo deixa.


Ter a televisão por assinatura não resolve. Geralmente, até no canal fechado de esportes da Globo o jogo é o mesmo da televisão aberta. Quando não, é o de menor importância na rodada. Se quiser ver uma partida que interesse, só pagando dezenas de reais por duas horas do chamado “pay per view”. É bem essa: quer? Pague e veja.


Está na hora de colocar um basta nisso. A Globo, aliás, tão crítica do monopólio da Petrobrás, da Infraero, tão defensora da livre concorrência, ora pois, por que não pratica o que prega?


Bom exemplo vem da Argentina: lá, o futebol é para todos. A emissora pública tem os direitos da transmissão e libera a quem quiser transmitir. Dez a zero pra eles!


Wagner de Alcântara Aragão

WAA/Waguinho


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