quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Lula faz ato em defesa do WikiLeaks e expõe hipocrisia da mídia

Em discurso improvisado durante apresentação do balanço do PAC, nesta quinta-feira (9), em Brasília, o presidente Luiz Inácio da Silva não poupou ironia ao estranhar o silêncio da mídia hegemônica diante do atentado à liberdade de imprensa e expressão que os EUA e algumas potências aliadas estão perpetrando contra o sitio WikiLeaks e seu fundador, Julian Assange , encarcerado em Londres. 

Ao se referir às correspondências de embaixadores estadunidenses, com revelações sobre o modo, arrogante e míope, que o império avalia “o resto do mundo”, o presidente enalteceu o trabalho jornalístico realizado pelo WikiLeaks, que deixou o rei nu e despertou uma reação irada contra a liberdade de imprensa e expressão.

“E aí aparece o tal do Wikileaks, desnuda a diplomacia que parecia inatingível, parecia a mais certa do mundo”, observou. ”Então começa uma busca, eu não sei se chegaram a colar cartazes por aí com o rosto do rapaz, que nem no tempo do faroeste, com inscrição de um procura-se vivo ou morto, mas prenderam o rapaz e eu não vejo um voto de protesto em defesa da liberdade de expressão. É engraçado isto.”

Primeiro protesto
Voltando-se para o fotógrafo oficial da presidência, Ricardo Stuckert, Lula falou: “Ô, Stuckinha, pode colocar no Blog do Planalto o primeiro protesto, então, contra [o cerceamento à] liberdade de expressão na internet, para a gente poder protestar, porque o rapaz estava apenas colocando aquilo que ele leu. E se ele leu foi porque alguém escreveu, o culpado não é quem divulgou, o culpado é quem escreveu. Portanto, em vez de culpar quem divulgou, culpe quem escreveu a bobagem porque se não tivesse escrito não teria o escândalo que tem. Então, ao WikiLeaks minha solidariedade pela divulgação das coisas e meu protesto contra [o cerceamento à] liberdade de expressão.”

A ironia do presidente é uma crítica velada e bem humorada ao comportamento da mídia hegemônica, que não o perdoa por promover a Conferência Nacional da Comunicação (Confecom) nem se cansa de acusá-lo em editorial de querer acabar com a liberdade de imprensa e instituir a censura no país.

Esses veículos de comunicação, liderados por não mais que quatro ilustres famílias burguesas (Marinho, Civita, Frias e Mesquita), gostam de se apresentar à opinião pública como paladinos da democracia e, em especial, da liberdade de imprensa e expressão, embora isto não esteja em sintonia com a folha corrida dos veículos que dirigem (Globo, Veja, Folha e Estadão).

Conspiração do silêncio
Com ou sem ironia, é de se estranhar, conforme notou o presidente, a conspiração do silêncio da mídia hegemônica com a caçada implacável movida contra o sitio rebelde e seu fundador, alvo de acusações provavelmente forjadas. Outro escândalo foi o envolvimento de grandes empresas (Amazon, Visa, Mastercard), na operação de estrangulamento financeiro do WikiLeaks, o que evidencia a dimensão dos tentáculos do império.

Esses acontecimentos, em conjunto, configuram um atentado à democracia e à liberdade de imprensa e expressão. Mas aqui, como em muitos países, a mídia é cúmplice dos imperialistas americanos. Várias empresas jornalísticas envolveram-se na campanha de crítica e difamação do WikiLeaks liderada pelos EUA.

A hipocrisia das potências imperialistas e da mídia servil transparece sem disfarces nesses dias. Não há a menor tolerância com a liberdade de imprensa que exponha à opinião pública os crimes e as misérias da diplomacia imperial, que se movimenta num teatro de sombras e tem por fundamento a mentira, o engodo, o cinismo e a hipocrisia. Só pode sobreviver em segredo, à margem da luz dos noticiários.

http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=143388&id_secao=1

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