domingo, 9 de janeiro de 2011

"Bíblia e crucifixo são retirados do gabinete de Dilma no Planalto"

Navegando pela internet, hoje pela manhã, me chamou atenção esta notícia. Num país como o nosso, considerado o maior país católico do mundo e onde o número de evangélicos cresce vertiginosamente, a atitude da Presidente certamente seria recebida com grande antipatia por parte dos cristãos.  Lendo aos comentários, me surpreendi bastante com a quantidade de pessoas, mesmo se declarando cristãs, viram como correta a atitude de Dilma, argumentando que de fato dava sinais de respeito à Constituição, que afirma que nosso país não adota nenhuma religião oficial, que é um estado laico.

No entanto, o que testemunhamos diáriamente, não condiz com o escrito na Carta Magna. São raras as repartições públicas que não ostentam o símbolo do cristanismo. Mas a o Brasil está longe de se tornar um país laico de fato, a começar pela prórpia Constituição invoca a proteção de Deus na promulgação da mesma. As sessões legislativas do Congresso Nacional, são abertas "sob a proteção de Deus". Muitas leis ou propostas causam  muita polêmica por influência religiosa, como as pesquisas com células-tronco e a descrimininalização do aborto, que dominou o debate político em 2010. Sem contar  alguns absurdos que por muitas vezes passam despercebidos pela maioria da população como a cessão de veículos militares para procissões e de navios de guerra para a festa do Círio de Nazaré, no Pará.

É certo que mexer com religião é mexer em vespeiro. É bem verdade ser dificil acabar com mais de cinco séculos de infuência, de intimidade com o poder que a Igreja ainda exerce, mas  esta confusão entre Igreja e Estado deve ser exposta e deve ter um fim. Um Estado que se diz laico e onde convivem pessoas das mais variadas confissões religiosas  e os que não creêm em nenhuma, não pode tratar com privilégio esta ou aquela religião, por mais poderosa ou inluente que seja. E antes que eu seja mal interpretado, não sou a favor de perseguição a este ou aquele credo religioso, apesar de não ter qualquer confissão religiosa, mas deve, isso sim, cada um cuidar do que deve ser cuidado. Se o Estado não pode interferir na Igreja, a Igreja não deve (ou ao menos não deveria) interferir no Estado.

Anderson Roberto da Silva Barros - Membro do Comitê Municipal do PCdoB Santos-SP

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